Acabo de pegar para resenha o novo álbum do Powerwolf, banda Alemã que curiosamente esteve no Brasil em 2019 e foi o último evento que eu assisti antes de a pandemia bagunçar nossas vidas. Na ocasião, a banda estava em tour com o Amon Amarth, foi um evento memorável.
Esse disco é, assim como muitos outros, fruto de pandemia e sendo assim, a audição leva em consideração que a banda nem sempre estava em processo de ensaio durante a composição. Isso, para muitos ouvintes ainda é um processo um tanto quanto inconcebível, difícil de entender como pode acontecer algo assim.
A capa do álbum é muito bem feita, como de costume, mostrando no famigerado lobo usando hábito de monge, segurando uma balança onde de um lado temos demoniozinhos e do outro temos anjinhos. Bem bacana o conceito e execução.
Call os the Wild é o décimo álbum de estúdio dos alemães e, honestamente, a banda tem um estilo bem definido e consolidado para eu esperar alguma novidade significativa. Ouvirei buscando apreciar a temática e a musicalidade, independente de inovação.
Dei o play aqui e Faster Than the Flame começa com sons de marcha bem cinematográficos e um refrão gostoso de ouvir, super dentro do esperado porém legal demais (risos). O som desenrola com timbres similares aos do disco anterior porém com uma clareza maior. A qualidade foi elevada na produção, sem dúvidas.
Faixa 2 – Brast of Gévaudan tem uma temática bem legal, vale entender que a cidade mencionada ‘a atual Lozère, na França. Em meados de 1770 se iniciou na região uma constante de ataques feitos por um animal enorme descrito como um lobo gigante. Desde então, a mitologia de Teen Wolf permanece em toda a região de Languedoc (sul da França). O som começa com um belo rosnado lupino e segue com frases melódicas grudentas e quando você menos percebe está cantando o refrão junto mesmo sem saber a letra!
Dancing with the Dead – Introdução com sinos e cânticos, riff poderoso, teclados dobrados com guitarras, não tem brecha para erro. A estrofe segue praticamente teclado e voz e quando entra o refrão a banda entra com toda força trazendo a dinâmica para cima. O que eu gosto de bandas que se apegam fortemente ao estilo escolhido é que a criatividade precisa ser muito firme para não ser cansativo. Posso dizer já aqui, na terceira música, que o Powerwolf esbanja criatividade.
Varcolac – Outro tema muito interessante aqui. Varcolac ou Varcolaci é uma criatura mitológica retratada como um híbrido entre Vampiro e Lobisomem, tão poderoso que pode até mesmo engolir o sol ou a lua inteiros, causando eclipses. A música é rápida, melódica, com perguntas e respostas de vocal que são bem característicos e interessantes. Todas as músicas são bem curtas, nada acima de 4 minutos e meio, isso gera um dinamismo legal demais entre as faixas.
Seguimos com Alive or Undead, maior música do disco, com 4:20. Começamos com piano e voz, a mais lenta até agora. O piano mistura com órgão de tubo e segue nessa toada, melodia poderosa, aquela gritaria bacana no refrão, explosões de melodia e arranjos bem dinâmicos.
Blood for blood (Faoladh) – Um doce para quem pronunciar “Faoladh” seis vezes corretamente sem enrolar a língua! A temática aqui é o lobisomem Irlandês, ou Celta. De acordo com a mitologia, esta criatura é diferente da tradicional, o Faoladh é um protetor de crianças, doentes e reinos. Ele é um metamorfo que supostamente escolhe quando se transformar em lobo, sem depender da lua cheia. A música é totalmente voltada para o clima Celta, com temas de gaita de fole e linhas vocais fortemente influenciadas pela cultura da região.
Glaubenskraft – Som em Alemão misturado com Latim, trava línguas total… Até onde eu entendi (google, obviamente), o nome da música significa algo como “O poder da fé”, mas existe uma margem de aproximadamente 160% de erro. A música faz jus ao nome forte e tem uma pegada mais cadenciada que as outras, pesadona, bem interessante.
Call of the Wild – Faixa título, já começa rápida, antes do primeiro refrão tem umas frases em Latim e o refrão explode fortemente. Gostei bastante das linhas melódicas em geral do disco até agora. Está tudo bem equilibrado, não é daqueles discos que de 10 ou 12 músicas você escolhe 3 para serem as favoritas.
Quase no final, temos Sermons of Swords mais sinos na introdução, ok, isso poderia dar uma variada… Se tem uma coisa que me impressiona na banda é a capacidade de enfiar tanta letra num espaço pequeno… pensa numa letra comprida! Acho que esse refrão é um dos mais divertidos do disco, tem até desdobramento rítmico no meio, minha faixa favorita.
Penúltimo som, Undress to Confess, eu já curti o título, eu acho muito divertidos esses trocadilhos e rimas hereges. A intro começa como? Sinos, claro! Mas tem uns gritinhos pra variar. Neste som o refrão se mostra sem letra na primeira etapa da música, achei legal a variação. No âmbito da produção musical, existe uma técnica sendo utilizada nesse disco que ficou bem evidente neste ponto do álbum: Em todos os refrões o volume sobe 1 ou 2 decibéis, para trazer mais ataque. Ficou meio óbvio e eu não sei dizer se eu gostei de ter percebido ou não. Talvez o fato de eu ter notado pode ser um indicador de que tenha ficado um pouco forçado.
Último play do disco, Reverent of Rats. O som começa com a repetição do título, o que acontece em outros momentos da música, apesar de parecer super repetitivo, a harmonia é bem pensada e não cansa. Na verdade a fórmula do disco todo, quiçá da banda toda, se baseia nisso. Existe um equilíbrio muito tênue e interessante que faz com que as coisas funcionem bem demais.
Call of the Wild não surpreende, mas agrada. Acho que está dentro do que eu imaginei e fiquei feliz com o resultado.
Vale ressaltar que existe uma versão luxo desse disco com todas as faixas em versão orquestrada. Eu ouvi e não consegui apreciar muito bem, preciso de mais tempo de audição para ter opinião mais sólida. O importante é que o disco inicial já foi salvo na minha playlist.
Em 2019 eu fui ao show dos caras esperando uma coisa e recebi outra, confesso ter ficado chateado demais porém, em momento algum eu deixei de gostar da banda.
Que venham os próximos discos!
TRACKLIST
01) Faster Than The Flame
02) Beast of Gévaudan
03) Dancing With The Dead
04) Varcolac
05) Alive or Undead
06) Blood for Blood (Faoladh)
07) Glaubenskraft
08) Call of The Wild
09) Sermon of Swords
10) Undress to Confess
11) Reverent of Rats
FORMAÇÃO
Attila Dorn – vozes
Matthew Greywolf – guitarra
Charles Greywolf – baixo (Estúdio) e guitarra
Falk Maria Schlegel – teclados
Roel Van Helden – bateria