O ‘Heavy’ Metal, e arrisco me a dizer, a música em geral, passa por ciclos pois é um gênero ou uma banda atingir um sucesso maior, que logo surgem clones que tentam também o seu lugar ao sol, foi assim com a invasão britânica do ‘Heavy’ Metal, o ‘Thrash’, o Metal Melódico, o ‘Gothic’ e mais recentemente ‘Metalcore’/ ‘Deathcore’. Entretanto, passada tal onda, só apenas bandas de reverência e talento se mantém, por sorte, o Athimia se encaixa nessa descrição, trazendo um frescor (por mais dual que isso seja para um trabalho de Metal Extremo) para o estilo.




Formada na cidade de São Paulo em 2014 pela união dos músicos Maikon Campioni (vocal) e Michel Fagundes (guitarra), depois de passar pelo processo natural de muitas bandas, que envolve troca de formação e até de nome, foi lançado o seu primeiro EP “Corpos Vazios“, com cinco faixas. Agora em fevereiro de 2020, trouxeram a público seu segundo registro, “Distopia“, mostrando uma banda mais madura e evoluída, e criando uma identidade, o que é sempre muito válido para grupos mais novos.

Importante também destacar, tanto o cuidado com a arte gráfica, com uma capa bem forte e o uso correto das cores que foram oriundas do trabalho feito por de Wendell Lima, quanto a gravação, que poderia ofuscar o trabalho dos músicos, mas aqui ela é um ponto forte, cada instrumento está bem dosado, fazendo o trabalho crescer em cada audição.

Uma ‘intro’ que passa sensação de um telejornal narrando as catástrofes do mundo atual e dando a ideia de que não importa se você mude o canal, as notícias serão sempre as mais terríveis, logo isso é contado por um ‘break-down’ que dá espaço para a faixa título. Um começo bem climático, com vocais na linha do Carnifex, mas ele vai variando para algo mais gritado ao longo das faixas, o que mostra um domínio de técnica vocal absurdo, além de criar momentos mais climáticos, que me fizeram lembrar o Oceano.

“Predeterminado” é ‘Deathcore’ puro, com direito a efeitos das guitarras e as quebradas de ritmo tão particulares ao estilo. “Deturpado” se mostrou minha faixa favorita, o contraste com os vocais de Yves Philippe do Eternal After Death, trouxeram um peso mastodôntico e a maneira climática que ela se encerra foi uma excelente ideia.

Outra parceria ocorre na faixa “Filhos da Perdição” com Wendell Lima do Resistência Terminal, onde temos uma pegada de ‘Djent’ nas guitarras. As faixas finais “Martírio”, “Precipício da Loucura” e “A Queda do Homem” (faixa presente no EP anterior), mantiveram as ótimas impressões que o trabalho causou. De forma geral, confesso que ‘Deathcore’ é um estilo que conheço pouco, mas meu conselho para bandas que pretendem seguir esse estilo, é que ouçam “Distopia” do Athimia, pois ele é um padrão de qualidade a ser seguido daqui adiante.


TRACKLIST
01) Intro 
02) Distopia
 03) Predeterminado
 04) Deturpador (Feat Yves Philippe)
 05) Filhos da Perdição (Feat Wendell Lima) 
06) Martírio 
07) Precipício da Loucura 
08) A Queda do Homem (Bônus)

FORMAÇÃO
Pablo Diego – Baixo
Maikon Campioni – Vocal
Michel Fagundes – Guitarra
Jonas Harper – Guitarra