Dos mesmos produtores do Scavengers Festival e Esquecidos e Quebrados, que estreou em julho deste ano, e já se encaminha para a terceira edição (28/09/2024), um novo evento parece estar despertando nas terras de Blumenau/SC.

Estamos falando do The Awakening, organizado pela PGR Produções, oferendo mais uma opção de festival Underground para o público da região. A edição de estreia contou com bandas da cidade, fazendo um mix equilibrado de gêneros e também com promos de bebidas como combos de cuba e cerveja.

 

Pain of Soul

A primeira banda a se apresentar, é uma das mais tradicionais do Underground catarinense, quiçá do Brasil. Ativa desde 2000, mesmo com alguns períodos um pouco ausente dos palcos, a banda nunca deixou de estar presente na cena, sendo até mesmo inspiração para vários outros nomes que surgiram ao longo do tempo sob sua influência.

Trazendo um Doom metal, do jeito que a gente gosta, com guitarras pesadas e arrastadas, acompanhadas do baixo marcante e em equilíbrio com a bateria que preenche todo o ambiente. E para completar com a cereja do bolo, vocais guturais de Joel harmonizando os de Daniele alternando entre agudos e potentes graves. Destaque para The Pharaoh’s Funeral, com uma pegada meso-oriental construída em uma bela linha de escala menor harmônica, que se diferencia das demais faixas, por sua levada mais “dançante”, porém sem perder a essência do Doom tradicional, mantendo a bateria baixo agressivos, enquanto a guitarra base segura as cavalgadas e os vocais e guitarra solo cuidam da melodia.

Brincando com o público, ao perguntar quem dos presentes esteve presente na época do Curupira, outro grande e saudoso festival, que que movimentou a cena entre os anos 90 e 2000, (até meados dos anos 10), a setlist da banda contou com faixas clássicas como Darklord de The Cold Lamment (2011), Slightness e The Rustle of the Leaves do album homônimo (2013). Mas também apresentou seus mais recentes trabalhos Bitter as Bad Wine, bem como Beam of Light, presente no seu último videoclipe.

Ao final, a fizeram um convite aos presentes, anunciando que em breve serão divulgadas informações sobre o evento que estão produzindo em comemoração aos 25 anos de banda.

 

Magnólia

Continuando com os vocais femininos, sobe ao palco Magnólia, para performar as músicas que marcaram a história da banda Nightwish. Cheios de energia e entrosamento, é possível ver a presença de palco dos membros, que durante a apresentação, interagem frequentemente com o público, criando uma sintonia e ambiente único para os fãs que de uma das mais renomadas bandas de Metal Sinfônico da história.

Mas não é só de cover que se vive uma banda. Recentemente, Magnólia esteve no Shokran Studios em Caxias do Sul/RS finalizando trabalhos de gravação de suas composições autorais, em breve poderemos ver os experientes músicos mostrando suas obras nos palcos.

Enquanto isso, ficamos com a setlist apresentada no The Awakening, que foi: Dark Chest of Wonders, Ever Dream, Planet Hell, Storytime, Amaranth, Over The Hills and Far Away, She is my Sin, Wishmaster, Nemo e a queridinha dos “nightwisheiros”: Wish I Had an Angel.

 

Rise Behavior

Terceira banda da noite já posicionada no palco, hora de curtir um pouco de Melodic Death Metal, carregado de fúria e sangue nos olhos do quinteto que fez uma apresentação técnica e agressiva.

Não bastasse o tecladista em palco, (criatura raramente vista nos palcos de festivais), o miserável aparece com um (instrumento popularmente conhecido como) keytar, dando mais liberdade performática executar seus solos na frente do palco.

Outra característica que chama a atenção é o trabalho técnico desenvolvido nas músicas, onde facilmente encontramos elementos que não são muito comuns de se ver por aí, como a constante alternância de compassos, além de muitos solos e riffs tanto por parte do teclado quanto guitarra, enquanto os vocais e o baixo mantém a densidade e agressividade do som. A presença de palco dos integrantes também prende a atenção do público que permanece atento durante toda a apresentação.

Como pudemos ver, a banda é um quebra cabeça composto por peças complexas, pois cada músico agrega de tal forma que a torna um organismo abstrato e apreciável, e após um distinto solo de bateria, tivemos  uma versão (ainda) mais pesada de Powerslave de Iron Maiden, antes de nos encaminharmos para a saideira, com Wreckage Serenity.

 

Elephantus

Sem dúvida a primeira edição do The Awakening começou com o pé direito no quesito escolha de bandas. Cada uma nos trouxe uma surpresa, e com Elephantus não poderia ser diferente. A começar pelo estilo do som, de modo que não é possível dizer: “Esse som é isso, ou aquilo”. Somente escutando para entender do que me refiro, embora possamos ter alguma ideia, uma vez que percebemos algumas características marcantes como elementos orientais, ou mesmo um toque abrasileirado remetendo aos sons nordestinos.

E é impressionante como uma guitarra e uma bateria conseguem fazer tanta coisa juntas. Toda uma mescla de escolha de timbres, distorções, levadas e acordes, para criar uma atmosfera imersiva, onde, é possível entrar em momentos de introspecção enquanto o ar vibra palco adiante, através de uma forte influência de Stoner carregada de experimentalismo, convidando o público para uma viagem de autoconhecimento e reflexão.

 

 

Como dito no início, realizado por organizadores experientes e comprometidos, The Awekening aparenta ser um evento promissor, que está vindo para somar à cena Underground nas noites blumenauenses, especialmente na Box Club, que vem proporcionando e apoiando esse tipo de evento. Vamos ficar na expectativa, e acompanhar o evento nas redes sociais (@pgr_prod), pois enquanto não há uma nova data, talvez possamos acompanhar o movimento através do seu outro fest Esquecidos e Quebrados.

Especialista em cybersegurança, acordeonista e tecladista. Entusiasta de fotografia, já foi fotógrafo e redator nos projetos Virus Rock e Opus Creat. Não limitado a um subgênero do metal, tem como preferências: folk metal, doom/sinfônico, death metal, black metal, heavy metal. Gaúcho de coração, valoriza a cultura tradicionalista gaudéria, a qual inspira suas composições nas bandas em que toca. Interesses globais: Música, ciência, tecnologia, história e pão de alho.