Com o intuito de trazer um rolê democrático para os que sobreviveram até o fim do mês com alguns trocados no bolso, o Esquecidos & Quebrados veio como uma opção de classe econômica para que os headbangers tenham algum entretenimento para fechar o mês.

Mas claro, tudo isso sem perder a qualidade, haja vista que a curadoria da PGR Produções, faz questão de entregar o melhor ao seu público. Sendo assim, a terceira edição contou com excelentes bandas para encerrar o mês no melhor estilo.

Blank Sabbath | Black Sabbath Tribute | Blumenau/SC

Nada como começar um evento com o som de uma das bandas que mais teve influência no metal mundial de todos os tempos. Essa é a proposta de Blank Sabbath, que, não contente com a responsabilidade de representar os grandes hinos do Metal, decidiu fazer isso, agradando gregos e troianos, interpretando canções tanto da fase Ozzy quanto da fase Dio.

A banda chama a atenção pela qualidade técnica dos músicos experientes, onde cada um entrega uma porção das suas habilidades, construindo uma apresentação imersiva, resgatando os clássicos de Black Sabbath, contando com a versatilidade na bateria, solos de guitarra precisos, amplitude vocal e até mesmo o solo de baixo da intro de N.I.B.

Dentre as faixas, alguns destaques que animaram a galera, foram: Black Sabbath, War Pigs, Heaven and Hell, Paranoid, Iron Man, e Children of The Grave.

Formação: Claudio Santos (voz), Rafael Catarina (guitarra), Marcos Cardoso (baixo), Douglas Luiz Nardi (bateria)

Atheros | Death Metal | Jaraguá do Sul/SC

Continuando nossa saga, temos no palco agora, Atheros para trazer um pouco de Death Metal para o público da Box Club. Com um lineup enxuto composto por um trio, se você não olhar para o palco, vai pensar que tem umas cinco pessoas e um helicóptero.

O equilíbrio estabelecido entre os graves do baixo e a bateria (sobretudo nos pedais) é algo notável. E que se complementa de forma bastante assertiva com as distorções da guitarra, que dispensa uma guitarra solo, devido aos seus riffs elaborados, que caminham entre passagens pesadas, acompanhada dos vocais violentos.

Contudo, uma característica marcante das músicas também é a presença de grooves e breakdowns que dão um toque progressivo, nos intervalos entre as letras cantadas em português. Aliás, sempre gosto de mencionar isso, pois é uma característica pouco explorada, principalmente em subgêneros mais pesados como o Death Metal, e que se encaixam muito bem, contrariando o que muitos dizem sobre o uso do idioma no metal. Suas letras permeiam a temática de protesto, e críticas e reflexões de forma objetiva e concisa, abordando temas históricos e sociais.

Saindo um pouco do palco, outro destaque que também merece ser mencionado é a interação da banda nas redes sociais, sempre se fazendo presente, e mais do que isso, apoiando o trabalho de outras bandas, fortalecendo a cena e mostrando que não existe concorrência. Um exemplo a ser seguido, sendo que quanto mais as bandas se apoiarem, melhor para todos.

Formação: Marco (guitarra e voz), Erik (bateria) e Kristian (baixo)

Soco HC | Hardcore | Barra Velha/SC

Para fechar a noite, a banda faz jus ao seu nome. Esta deve ser a quinta ou sexta apresentação que vejo esse ano. E mesmo fazendo as análises e prestando muita atenção, a gente sempre encontra coisas novas para dizer, à medida que vai conhecendo a banda. Mesmo na madrugada de um quase chuvoso de final de mês, a banda veio com uma energia absurda, como disse, para justificar seu nome. É visível a sinergia dos integrantes no palco, que não param nenhum instante.

Soco HC tem ganhado muito espaço na cena catarinense em especial, tendo se apresentado em inúmeros festivais da região, parte disso, deve-se ao carisma no palco, interação com o público e sua energia, somada às letras ácidas, que como todo HC que se preze, bradam protestos e críticas sociais, inicialmente inspiradas pelos acontecimentos pós pandemia, e também baseadas em eventos cotidianos da sociedade.

Além das já conhecidas músicas, a banda apresentou Somos Comprimidos, uma faixa inédita, que apesar de composta nos primórdios da sua formação, só agora ganhará “vida” nos palcos e posteriormente, nas plataformas de streaming e mídia física. Soco HC está em processo de captação das faixas que comporão seu novo EP no Electric Meduza Estudio (Brusque/SC), com previsão para lançamento ainda em 2024.

Formação: Montanha (bateria), Daniel (baixo), Murilo (guitarra), Renã (vocal)

E assim termina a terceira edição do Esquecidos & Quebrados que, embora tenha de fato, recebido um púbico menor do que costumeiramente se observa nos eventos em outras datas, foi uma boa opção para muitos que compareceram para rever os amigos, jogar conversa fora, e claro, curtir um som Underground com bandas de qualidade.

Especialista em cybersegurança, acordeonista e tecladista. Entusiasta de fotografia, já foi fotógrafo e redator nos projetos Virus Rock e Opus Creat. Não limitado a um subgênero do metal, tem como preferências: folk metal, doom/sinfônico, death metal, black metal, heavy metal. Gaúcho de coração, valoriza a cultura tradicionalista gaudéria, a qual inspira suas composições nas bandas em que toca. Interesses globais: Música, ciência, tecnologia, história e pão de alho.