“Isso aqui tá parecendo um caminhão sem freio ladeira abaixo!” – Disse alguém ao sair de um dos inúmeros moshs insanos do show.
Sábado, 11 de fevereiro de 2017, Parque Cambará, Otacílio Costa, Santa Catarina. Esse era o destino dos headbangers de todo o sul do Brasil no último fim de semana.
Em mais um festival realizado com a competência da equipe organizadora do Otacílio Rock Festival, às 22:30 horas, subiram ao palco Poney, Capaça, Cambito e Batera, mostrando o porquê são considerados o maior nome do Thrash Metal Oitentista do país na atualidade, mesmo que a banda tenha surgido bem depois da onda Thrash Metal.
Com letras fortes e diretas, bateria e riffs incrivelmente rápidos e discursos de união totalmente lúcidos – como pouco vemos atualmente dentro do cenário underground – o Violator subiu ao palco do OTA disposto a pôr abaixo o público e toda estrutura montada para receber uma das headlines do evento. A banda transformou o parque de exposições em um verdadeiro cenário de destruição e “pesadelo nuclear”.
Tocando pela segunda vez em menos de dois meses em Santa Catarina, como era de se esperar, os caras não deixaram ninguém parado. Eles botaram todo mundo pra bater cabeça e fazer correria. De início, Pedro Poney saúda à todos os presentes e abre o show puxando Death Descends – do Scenarios of Brutality – levando todo mundo à loucura, logo no começo.
Na sequência, começou o pesadelo nuclear de Atomic Nightmare e depois, “o ciclo de tiranias que nunca termina” de Endless Tyrannies conduziu o público à histeria total.
Fazendo um intervalo entre a próxima música, Poney falou sobre a união no metal e que a banda “não era mais que ninguém que estava lá. Todos ali, estavam de igual para igual”.
Depois disso, o vocalista e baixista da banda puxou uma das músicas novas, False Messiah, que teve aprovação maciça dos que se faziam ali presentes. Seguindo, todos “estavam preparados” para Toxic Death e para os “500 anos de história, 500 anos de massacre” de Echoes of Silence.
O show foi quebradeira do início ao fim: tinha gente voando literalmente dentro dos moshs; o público estava ensandecido cantando as músicas aos berros. Não tinha como ter sido diferente!
Entre uma música e outra, os discursos iam desde críticas à todas as mazelas existentes no país, até a união total do underground através do binômio público/banda. O Violator demonstrou que a relação deles com os headbangers e o amor pelo metal são MUITO maiores do que qualquer lucro que venha da música que eles façam.
Prosseguindo, Respect Existence Or Expect Resistance teve um dos moshs mais velozes e loucos do festival inteiro; deixando, inclusive, esta redatora com algumas equimoses nos braços.
Depois, os caras mandaram mais uma música nova: Infernal Rise é o nome dela. Tanto Infernal Rise quanto False Messiah formam o próximo EP da banda, que será lançado em breve, conforme já dito pelo Poney em entrevista ao SubSolo.
Dispensando apresentações, a música seguinte do setlist foi Futurephobia; a música mais famosa do EP Annihilation Process. Para encerrar o bloco de destruição causado pela banda, teve After Nuclear Devastation.
Após a devastação nuclear, restou ao público juntar os cacos com as músicas que ressaltam o Orgulho Thrash Metal. Sem dó nem piedade, a banda, para encerrar, mandou na sequência o seguinte combo: Ordered To Thrash e UxFxTx, intermediadas pela brutal Destined To Die, quando Poney exclamou: “Enquanto uns nascem com toda a liberdade para viver, uns nascem destinados à morrer”.
SETLIST:
1- Death Descends
2- Atomic Nightmare
3- Endless Tyrannies
4- False Messiah
5- Toxic Death
6- Echoes Of Silence
7- Respect Existence Or Expect Resistance
8- Infernal Rise
9- Futurephobia
10- After Nuclear Devastation
11- Ordered To Thrash
12- Destined To Die
13- UxFxTx (United for Thrash)
Outro momento do show que merece destaque, foi quando Pedro Poney falou que não estaria sendo coerente com o público se as letras da banda fossem a favor de qualquer tipo de autoritarismo ou ditadura:
-Há um tipo de polêmica ainda, quando você faz uma letra contra a ditadura militar, né cara? O pior, é saber que o atual herói da juventude é alguém que defende abertamente opiniões tão autoritárias e tão extremas. Cara, ele é um torturador! O que aconteceu com a gente, cara!?! O que aconteceu com a gente!?! EU QUERO QUE FIQUE BEM CLARO AQUI, O VIOLATOR É CONTRA TODO E QUALQUER TIPO DE AUTORITARISMO!
Neste instante, a plateia, em uma só voz, embalou o seguinte coro: “Ei, Bolsonaro, VAI TOMAR NO CÚ!” sob a regência de Poney.
Outra situação – destaque, foi o momento em que o público quebrou as grades de proteção do palco e os seguranças, de forma abrupta, foram pra cima dos bangers. A banda demonstrou de forma clara e incisiva ser contra àquele posicionamento da equipe de segurança, ressaltando, novamente, a igualdade entre todos que estavam ali no festival.
O Violator saiu do palco aclamado pelo público. A humildade da banda também é algo digno de ressalte, pois, antes e após o show, eles atenderam à todos os fãs que os procuraram para tirar fotos, pedir autógrafos, ou apenas dizerem quão bem, realizados e vivos estavam se sentindo após a apresentação da banda.
Ao final do show? O que sobrou foram meia dúzia de grades quebradas, um público destruído e a ideia de que a união no metal jamais acabará! UNITED FOR THRASH!
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