Resenha redigida e enviada por André Nasser.
Para mim, é uma imensa satisfação imensa comentar este primeiro trabalho fonográfico da banda Omi Okun cujo baterista, Bruno Rabello, é um amigo de longa data. Sua qualidade rítmica já era claramente demonstrada desde a época em que participava de bandas voltadas para o rock/metal como Santo Cristo, Frontera e Maor. O contra-baixo da Omi Okun fica a cargo de Dudu Bierrenbach, que domina o seu instrumento de forma muito consistente e, por fim, quem comanda os vocais da banda é Virgílio dos Santos, também violonista. Aliás, Virgílio, além de ter uma performance vocal ‘na ponta dos cascos‘ é o responsável pelo primoroso trabalho de composição do grupo.
Observamos, assim, a criação de um trio de peso que abre as portas para os percussionistas Alexandre Munrah, André Alade e Jahi Oliveira tornarem o Omi Okun ainda mais rico em sua propositura musical.
Embora este EP não se trate do registro de canções de algum subgênero do Rock, algo de curioso se percebe no decorrer das faixas. É bem possível que a afinidade musical pregressa entre Bruno e Dudu, que já tocaram na banda Tamuya Thrash Tribe, tenha colaborado na construção de uma cozinha autenticamente roqueira, com direito à uma densa bateria e um baixo bem ‘groovado‘.
Analisando a obra, podemos iniciar destacando o trabalho de bom gosto registrado na capa onde se percebe a ligação do Brasil à África pelo Oceano pacífico através da linha do Equador. Essa sincronicidade Brasil/África é perfeitamente notável ao longo das seis faixas da obra, soando como uma espécie de manifesto nos tempos difíceis de racismo e intolerância em que vivemos.
Com o lançamento do EP, as músicas Onã, Azulzin e Oxê, lançadas inicialmente como singles, fazem companhia às canções Solo Sagrado, Omi e Cantoria. Segundo a própria banda, as composições retratam a mística e o encantamento do legado cultural-religioso afro-brasileiro. Fica perceptível que a música e a religiosidade estão intrinsecamente ligadas nas modernas trovas de terreiro que o grupo produz. À medida que o tambor guia cada composição, o canto celebra a defesa dos valores afro-religiosos e saberes ancestrais.
TRACKLIST
1) Onã
2) Solo Sagrado
3) Omi
4) Azulzim
5) Cantoria
6) Oxê
FORMAÇÃO
irgílio dos Santos – compositor, violonista e vocalista
Dudu bierrenbach – baixista
Bruno Rabello – baterista
André Aladê – ogan
Alexandre Munrha – ogan
Jahi – percussionista