Videoclipe da banda de Death Metal Carnified traz elementos do cinema clássico de Terror

Por Marcele Correia

A banda de Death Metal Carnified, após 27 anos de existência, resolveu produzir o seu primeiro videoclipe intitulado Nocturna. A música marca o retorno da banda após um hiato de 15 anos e conta com a participação de ninguém menos que a gloriosa cantora inglesa Sarah Jezebel Deva (ex-Cradle of Filth,Therion, Hecate Enthoned, entre outras). O lançamento será no dia 14 de outubro, às 19h, quando a Lua (símbolo da Deusa Nocturna) puder ser avistada nitidamente nos céus brasileiros. Em entrevista com o guitarrista, produtor musical e diretor do videoclipe, Marcos Franco, foram reveladas diversas curiosidades sobre essa “misteriosa” produção audiovisual que teve como inspiração filmes clássicos de Terror.

Como surgiu a ideia de lançar um videoclipe?
Carnified: Resolvemos voltar depois de 15 anos parados e nos deparamos com esta época de pandemia mundial onde, com a ausência de shows, o único canal que uma banda tem como ser próxima do seu público é a internet. Lançamos a música Nocturna, mas sentimos que faltava algo mais. Como eu trabalho com audiovisual há mais de 20 anos decidi dirigir o meu primeiro videoclipe musical e meus colegas de banda compraram a ideia na mesma hora.

Sabemos que a Carnified tem como tema em suas letras um mundo autoral chamado Askarden onde deuses invejam a forma humana. O que você pode nos dar de spoiler sobre o clipe de Nocturna?
Carnified: A música descreve uma situação mais fiel a temática da banda do que o próprio videoclipe. Tentei mesclar minhas maiores influências do cinema que são os filmes de terror com a essência da deusa Nocturna e de alguns poucos personagens que compõem o mundo de Askarden criado pelo baterista Vicente Azevedo.

Histórias fantásticas precisam de efeitos especiais elaborados para representá-las e com o tempo esses efeitos podem se tornar datados. O verdadeiro cinema que aprecio vem de luz e sombras e esse é o clássico, o atemporal e, por isso, revelo o grande primeiro spoiler: o videoclipe de Nocturna é todo em preto e branco.

A cantora Sarah Jezebel Deva canta as falas da deusa Nocturna na música. Ela aparecerá no clipe?
Carnified: Infelizmente, por causa de compromissos pessoais e profissionais, a Sarah não estará presente no clipe. Já foi uma grande realização pessoal ter uma música cantada na voz dela, então, tivemos que usar nossa criatividade para representar a deusa Nocturna no videoclipe de uma forma um pouco inusitada, só que isso vocês irão conferir na quinta-feira, no nosso canal do YouTube

Fale um pouco mais sobre as influências dos filmes de terror no videoclipe Nocturna.
Carnified: Fazem parte da minha vida desde 1985, quando fui ao cinema com seis anos assistir “De Volta para o Futuro” e me deparei com o cartaz do filme “Sexta-feira 13 part V” que tinha feixes de luz atravessando os furos da máscara do Jason. Aquilo foi o suficiente para eu ir às locadoras e só alugar filmes de terror. Ao contrário do que pensavam, não me tornei um serial killer, mas sim um produtor audiovisual e colecionador de figuras de ação e estátuas de personagens de filmes de terror. Naturalmente o terror se tornou uma expressão minha e eu trouxe isso para o videoclipe como linguagem. Elementos como a cor do filme Nosferatu (1922), a alta exposição do shutter de House of Haunted Hill (1959), a iluminação de backlight de The Exorcist (1973), a movimentação de câmera do voo dos vampiros em The Lost Boys (1987), e a sombra misteriosa no canto do quarto da criança do filme Insidious (2010). Cada uma dessas técnicas eu pesquisei e usei em Nocturna. Para quem não iria soltar mais spoilers, entreguei o jogo completamente (risos).

Para finalizar, como você descreve a experiência da banda após o processo de gravação?
Carnified: O que preciso ressaltar é que não fiz nada sozinho. A ajuda dos outros membros da banda e de amigos próximos foram extremamente importantes nesse processo de produção. Como costumo dizer: é uma obra composta de sangue, suor e lágrimas. Foi muito esforço e dedicação que hoje me trazem muito orgulho e satisfação.

Vou contar uma história: o dia da gravação foi adiado três vezes por conta de imprevistos, como integrantes da produção contraindo Covid-19. No final, a equipe que eu planejava desde o início pôde participar da gravação. Nunca, em toda a minha experiência com audiovisual uma produção começou no horário e encerrou no tempo planejado. Quando o sol se pôs, começamos as filmagens porque eu precisava da escuridão para usar a técnica de iluminação que queria. Encerramos todos os takes da filmagem às 2h da manhã, arrumamos o set e tomamos o rumo de volta para casa. Tudo funcionou como o planejado. Tínhamos um longo caminho pela frente, pois estávamos numa cidade vizinha e durante todo o trajeto fomos escoltados por uma grande lua de sangue (superlua), símbolo da nossa deusa Nocturna. Foram muitas coincidências ou não?

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Bonne Santana: Guitarrista, Baixista, Compositor e Produtor. com quase 25 anos de trabalho musicais e militância na cena Metal e Underground de Salvador.