No dia 07/06, em Capivari de Baixo, rolou a quarta edição do Xorume Fest. Contrariando todas as previsões de chuva, só garoava, daquele jeito que deixa o clima perfeito para a desgraça e o caos. O evento lotou e a galera quebrou tudo, mostrando que o underground está mais vivo do que nunca.
A noite contou com os sons das bandas: Ratones, Brazilian Psycho, Shark Attack, Minhocas Mofadas, Fatal Blow e Abyss. Foi uma sequência de apresentações intensas, sem frescura, cheia de energia e atitude do começo ao fim.
Ratones
Direto do CBGB de Capivari de Baixo, quem abriu a noite foi a Ratones, banda cover de Ramones que não se contenta em só tocar igual. Com Podre no vocal, Pinho na guitarra, Valdez no baixo e Jeverson na bateria, o grupo recria o som e a postura que marcaram o quarteto original.
O show foi construído em cima da pegada do Loco Live, disco ao vivo lançado pelos Ramones nos anos 90, e isso ficou evidente tanto na sequência das músicas quanto na dinâmica acelerada entre uma e outra. Sem pausa, só contagem, barulho e energia crua. A resposta foi imediata. Coro, pogo e calor humano tomaram conta do espaço já nos primeiros minutos.
No repertório, os hinos indispensáveis marcaram presença. Blitzkrieg Bop, I Believe in Miracles, Pet Sematery e outros clássicos garantiram a conexão direta com o público. A Ratones não entrega só um tributo, entrega presença e respeito ao espírito original da coisa.
Capivari virou Nova York por uns bons 40 minutos. E quem tava lá sabe.
Brazilian Psycho
Depois da energia da Ratones, subiu ao palco a Brazilian Psycho, cover dos Misfits que não economiza na pegada visual. Com Moicano no vocal, Otavio Steiner na bateria, Gabriel na guitarra e Natan Velasque no baixo, o grupo trouxe pra Capivari uma atmosfera digna do original, da maquiagem característica ao estilo, só faltou um pouco mais de músculo para o Doyle catarinense.
O show começou pesado, com a introdução de Kong at the Gates abrindo caminho para Forbidden Zone. No repertório, não faltaram clássicos como Last Caress, Astro Zombies, Scream e Dig Up Her Bones, mantendo o público quase se quebrando e totalmente envolvidos no horroroso clima que a Brazilian Psycho trouxe dos Misfits.
Destaque também para a barriga de Otavio Steiner, que não passou despercebida durante o show.
A Brazilian Psycho trouxe peso, atitude e um visual que fez todo mundo sentir um pouco do horror Punk original bem ali, na cena local.
Shark Attack
A terceira banda a subir no palco foi a Shark Attack, que trouxe uma mistura de Punk com Rock e aquela influência do Hardcore melódico de bandas como Bad Religion, NOFX e Dead Fish. Bruno Alves na bateria, Max May no baixo, Guilherme Silva na guitarra e também no vocal, já que o vocalista oficial Guilherme Wisnievski não pôde estar presente.
Foi o primeiro show da banda, que já mostrou um futuro promissor na cena do Punk local, e também marcou a estreia do EP This Is War. No setlist, rolou um bom equilíbrio entre músicas autorais e algumas faixas da banda Dead Fish, que animaram ainda mais o público.
Em um momento do show, Michael Spadel, da banda Vetor Unitário, foi chamado ao palco para dividir os vocais em uma faixa da Dead Fish, reforçando a vibe de união da cena.
A Shark Attack mostrou que vem com tudo, entregando energia e qualidade para quem acompanha a cena punk.
Minhocas Mofadas
Na sequência, diretamente de Criciúma, veio a Minhocas Mofadas, banda que vem ganhando destaque na cena da região e já carrega um público fiel por onde passa. Luan e Mané nas guitarras, Magrão na bateria, Gui no baixo e Tuti no vocal. A formação é pesada e o som também.
O set foi composto por faixas autorais que já estão no grito da galera que acompanha os eventos da região. Músicas como PQP, Jesus Era Anarquista e Legalaize, foram cantadas pela plateia com a energia que a banda passa, também tivemos um cover de velho punk, da banda gritando hc.
Em um momento do show, rolou um discurso direto ao ponto contra os falsos Punk, aqueles que gostam da estética e da pose, mas cujas atitudes não acompanham o moicano que levantam. A fala foi bem recebida e arrancou aplausos, reforçando o espírito crítico que sempre andou lado a lado com a cena.
A Minhocas Mofadas provou por que tem chamado atenção e mostrou que Punk de verdade é mais do que visual.
Fatal Blow
Continuando a sequência de peso da noite, veio a Fatal Blow, formada por Thiago Horta no vocal, Zé Deon no baixo, Diogo Maróstica na bateria e Daniel Bobadilla na guitarra. Na moral, foi o show mais violento da noite. Um trabalho autoral intenso, eufórico, feito pra cair na porrada com geral.
A galera foi em peso pro mosh. Muito soco, empurrão, gente pendurada no teto e nenhuma intenção de frear. Era caos organizado, exatamente como tem que ser.
O set contou com faixas autorais como Running Over You e Rise From Disgrace, que incendiaram ainda mais a roda. Pra fechar, mandaram Crucificados Pelo Sistema, da clássica Ratos de Porão, encerrando o show no volume máximo, com grito, porrada e suor.
A Fatal Blow fez jus ao nome e entregou um show direto no queixo, pra ninguém sair ileso.
Abyss
Fechando a noite, subiu ao palco a Abyss, cover de Sepultura formada por Antonio no vocal, João na guitarra, Artur na bateria e Renato no baixo. O som foi de uma qualidade excepcional, que conseguiu reger a galera até altas horas.
Uma das marcas da banda é o guitarrista João, que toca de um jeito bem característico, virando a guitarra e chegando perto da galera, aumentando a energia no ambiente. Em um dos momentos, rolou até uma mini cama elástica de jump que o pessoal usou para pular em cima do mosh e se jogar na roda.
O show teve clássicos como Refuse Resist, Arise e Roots Bloody Roots, música que contou com a minha participação nos vocais, (valeu pelo convite, banda Abyss, tamo junto). Depois do set de Sepultura, a banda mandou ver em outros clássicos do Metal, como Pantera e Metallica, e fizeram uma especie de bandão juntando os músicos para tocarem algumas faixas juntos.
A Abyss fechou a noite com “Chave de Ouro”, por volta das 3 da manhã, com a galera em peso sendo conduzida pela energia da banda, encerrando o evento da melhor forma.
Público
Todas as fotos por Nathaly Julian.