No dia 20 de dezembro, o Angra fez seu último show de 2024 em Curitiba, o terceiro neste ano, a cidade contou com duas apresentações da tour acústica da banda e que na primeira oportunidade também foi gravado o DVD na famosa Opera de Arame. Agora, a turnê celebra os 20 anos do álbum Temple of Shadows, um dos mais aclamados da extensa discografia da banda.
O local escolhido para uma data tão especial não poderia ser outro senão o Tork’n’Roll. A casa vem se destacando pela qualidade dos eventos organizados, seja um show internacional ou um festival de bandas covers, o cuidado de toda a equipe da casa é exemplar.
Infelizmente, devido a uma mudança no cronograma do evento e uma falha na comunicação, acabei chegando pela metade do show de abertura. Porém, ainda tive tempo de ter a grata surpresa de ver a banda Azeroth no palco. Surpresa, pois na divulgação oficial do evento não foi citada nenhuma banda para a ocasião, o que deixou a noite ainda melhor. A banda se apresentou com seus integrantes lado a lado devido ao grande espaço ocupado pelo aparato da apresentação que viria a seguir, mas isso não afetou nem um pouco a performance dos argentinos, que inclusive têm ótimas faixas cantadas em espanhol.
Felizmente, ao chegar, pude testemunhar a execução da excelente La Salida, a única cantada em espanhol neste dia. O ponto mais emocionante da apresentação foi a homenagem feita pela banda a dois grandes nomes da música sul-americana que já não estão mais em nosso plano: o baixista Pit Passarel e o maestro André Matos. A música escolhida foi Prelude to Oblivion da Viper, banda em que os dois tocaram juntos. Após o término de sua apresentação, nossos hermanos vieram ao lado do palco, onde pude trocar algumas palavras com eles. Com muita simpatia e gratos pela oportunidade, expressaram sua admiração pela música brasileira e, principalmente, ao público, prometendo voltar em breve para divulgar novos trabalhos.
A Azeroth foi fundada em 1995 e já passaram diversos nomes por sua formação. Tem 5 álbuns lançados, sendo o último intitulado Senderos Del Destino, de 2022. Atualmente, é composta por:
- Ignacio Rodríguez – Voz
- Fernando Ricciardulli – Baixo
- Pablo Gamarra – Guitarra
- David Zambrana – Guitarra
- Daniel Esquivel – Bateria
- Leonardo Miceli – Teclados
E teve em seu setlist, que foi anotado e gentilmente cedido pela minha queridíssima amiga Jessica Valentim (@jessvlntm), que inclusive fez também um ótimo review deste mesmo show para o site Road to Metal e pode ser conferido neste link Acessem e prestigiem também a visão dela sobre esse belíssimo show!
Setlist Azeroth:
- Left Behind
- Falling Mask
- Urd
- The Promise
- La Salida
- Beyond Chaos
- Prelude to Oblivion (Viper cover)
- Trails of Destiny
E finalmente, às 22h em ponto, subiu ao palco nossos queridos brasileirinhos, responsáveis por levar o Metal Melódico brasileiro aos quatro cantos do mundo. E apesar do setlist previsto devido ao nome da turnê, o show começou com músicas do último disco de estúdio da banda, Circles of Pain, do ano 2023. As faixas escolhidas foram Faithless Sanctuary, Tide of Changes – Part I e Tide of Changes – Part II, tendo entre elas tocada também a queridinha Acid Rain, que levou o público que lotava a casa ao delírio.
Passada a primeira parte do show e após uma simpática e calorosa apresentação do vocalista Fabio Lione, começou a parte que todos estavam esperando: a execução do Temple of Shadows na íntegra e na sequência apresentada em seu lançamento em 2004.
Por se tratar de músicas tocadas há 20 anos pela banda, era de se esperar uma certa, na falta de uma palavra melhor, constância na execução dessas faixas, certo? Não foi o que vimos. Com uma performance explosiva de todos os músicos, a expressão corporal e o alcance vocal de Lione, essas canções já de maior idade ganharam uma nova roupagem, demonstrando a responsabilidade e o amadurecimento da banda em relação ao seu trabalho.
Spread Your Fire, segunda faixa do disco, foi responsável por iniciar a quebradeira na pista, enquanto os fãs não adeptos do mosh se esmagavam no canto do espaço aberto na pista para admirar as técnicas impecáveis das guitarras do veterano da banda Rafael Bittencourt e de Marcelo Barbosa, que está na banda desde 2015. Fabio aproveitou cada intervalo de música para conversar com o público com seu esforçado conhecimento do português, mostrando que o cantor lírico italiano está cada vez mais brasileiro. Com uma postura agressiva, Felipe Andreolli atacou ferozmente as cordas de seu baixo durante o show inteiro e, por vezes, ficava de costas para a plateia para interagir com o baterista Bruno Valverde, que também fez uma apresentação impecável, se mostrando mais um grande expoente do metal brasileiro no comando deste instrumento. Bruno também se mostrou muito animado, usando a posição mais alta do palco de onde se apresentava para provocar gritos e aplausos do público sempre que possível. Outro ponto da apresentação que me chamou a atenção foram as caretas feitas por Rafa Bittencourt para os fotógrafos, confesso que perdi alguns cliques pois tinha dado uma pausa para rir, é engraçado como de frente a nossos ídolos, por vezes agimos como criança.
Entre momentos de fúria e emoção que as canções deste disco proporcionam, chamou atenção também a estrutura montada para esta apresentação. Uma quantidade impressionante de caixas de som em frente ao palco chegava a arrepiar os cabelos de quem estava na grade, enquanto uma fileira de canhões de luz na frente e sobre o palco piscavam incessantemente, dando um clima ainda mais eletrizante ao show, enquanto dificultava o trabalho dos fotógrafos (eu), uma enorme tela atrás do palco exibia imagens relacionadas à arte gráfica presente no disco. Minha parte favorita desta etapa do show foi a sequência Wishing Well, Temple of Hate e The Shadow Hunter, que na minha opinião são a alma deste disco. E com a execução de Late Redemption, Fabio Lione anuncia o fim… desta etapa, não do show! E mais uma vez os músicos aproveitaram para demonstrar toda sua capacidade técnica, Bittencourt tocando com duas guitarras diferentes no colo e Andreolli utilizando um gigantesco baixo com dois braços.
O show continuou com a excelente Make Believe, seguida da brasileiríssima Vida Seca com o auxílio de Rafael Bittencourt no vocal, demonstrando mais essa capacidade técnica do músico. Em seguida veio a santíssima trindade da banda: Rebirth e, após um intervalo para a reverência dos músicos ao público, distribuição de palhetas e baquetas, Carry On e Nova Era, finalizando com a eletrônica Gate XIII, que foram ouvidas já com aquele sentimento de nostalgia e perda, pois ao fim desta turnê a banda prevê um hiato por tempo indefinido anunciado já a um bom tempo, para que os músicos possam cuidar de seus projetos pessoais, que inclusive, alguns destes já têm datas marcadas para 2025 aqui na cidade de Curitiba, não percam! O que será que o futuro do Angra reserva para seus fãs?
Setlist Angra:
- Faithless Sanctuary
- Acid Rain
- Tide of Changes – Part I
- Tide of Changes – Part II
Temple of Shadows
- Deus le Volt! / Spread Your Fire
- Angels and Demons
- Waiting Silence
- Wishing Well
- The Temple of Hate
- The Shadow Hunter
- No Pain for the Dead
- Winds of Destination
- Sprouts of Time
- Morning Star
- Late Redemption
- Make Believe
- Vida Seca
- Rebirth
Encore:
- Carry On
- Nova Era
- Gate XIII