Para quem me conhece há algum tempo, ou pelo menos interage comigo nos rolês Underground, alguma vez na vida já deve ter ouvido eu falar nostalgicamente do saudoso Donna D e os eventos do Scavengers Festival, nos idos anos 10. Era o puro suco do metal de Blumenau e região, que infelizmente deixou de acontecer (como evento), mas sempre manteve a chama acesa na mente da nossa galera, e principalmente, em um dos membros que compõe a sigla da PGR Produções.
Pois é, no ano passado (2024), o “P” de Paulo (Scavengers), resolveu se juntar com (G)ustavo e (R)afael para reacender aquela brasa dos eventos Underground roots de Blumenau, e hoje, após terem organizados eventos como The Awakening, Esquecidos e Quebrados, Ritual of Forgotten Souls, Shadows of The Grave, Ars Tenebris, incluindo atrações internacionais, e até mesmo edições dedicadas a tributos com a Slaughterhouse Sessions, comemoram um ano da produtora que trouxe dezenas de bandas nesses 12 meses que passaram. E para comemorar, realizaram o Dark Celebration, contando com um cast pesado e obscuro da cena.
Lacrima Mortis | Doom Metal | Blumenau/SC
Falando em obscuro, ah o Doom Metal. Esse estilo tão aprazível, mas que vemos tão pouco pelos festivais afora. Blumenau tem excelentes bandas de Doom, e uma delas, à qual um dos anfitriões integra, abriu os trabalhos da noite. Incorporando o estilo sombrio, os membros vestem capuzes e máscaras de pano preto, além de adornos como ossos amarrados ao corpo, para dar maior destaque e peso à sonoridade.
As letras de Lacrima Mortis abordam temas como vida e morte, e questões introspectivamente filosóficas ligadas aos sentimentos humanos. A sonoridade é caracterizada pelos acordes longos e arrastados, afinação baixa e cadência lenta, que, repentinamente, são tomados por passagens rápidas e agressivas, equilibrando densidade e violência na medida certa. O som também é composto por faixas adicionais de teclados em VS, com vozes em coro e strings, que auxiliam na ambientação do som. Foi uma excelente abertura e deu uma noção de como seria o nível do evento.
Formação
- Scavenger (bateria)
- Baud (guitarra)
- Requiem (guitarra)
- Dread (voz)
- Dark Shade (baixo)
Review por: Sidney
Fotos: Allan Preisler
Hauser | Grindcore | Blumenau/SC
Em contraponto à primeira apresentação, o pessoal da Hauser já chegou com o pé na porta, quebrando tudo pela frente. A banda, que hoje é tida como um dos expoentes do Grindcore catarinense, extraiu, gerou e dissipou muita energia com o público, através de uma presença de palco absurda, contando com 2 vocalistas e gerando as primeiras rodas de mosh da noite. A setlist foi “poucas ideias”.
Com músicas que tratam de críticas a temas sociais e políticos, sem firulas e direto ao ponto, o negócio era enfiar som goela abaixo da galera e fazer as paredes da Box tremerem com um som sincronizado e brutal, mantendo o povo aquecido através da energia cinética gerada no pit.
Formação
- Fábio (baixo)
- Johnny (guitarra)
- Eduardo (voz)
- Márcio (bateria)
- Jean (voz)
Review por: Sidney
Fotos: Allan Preisler
Obscurity Vision | Black Metal | Criciúma/SC
Continuando a noite, agora foi o momento da banda Obscurity Vision apresentar seu Black Metal obscuro e agressivo. Um projeto que já beira os 30 anos, e possui muita história para contar e cantar na cena catarinense. Uma das principais características da banda é o fato de possuir claras influências de Death Metal, sem perder a essência do Black Metal cru.
A setlist percorreu várias fases da banda, desde as mais recentes como Imperivm e Last Chance to Life (2020), até faixas do seu primeiro trabalho, como Slow Agony e Obscurity Creation (2002). A apresentação foi concisa, onde o trio conseguiu entregar muito peso e agressividade, aliado à técnica dos experientes músicos durante todo o show.
Formação
- Moicano (bateria)
- Lord Infame (baixo, voz)
- Luiz (guitarra)
Review por: Sidney
Fotos: Allan Preisler
Darkken | Death Metal | Balneário Camboriú/SC
Aí você pensa: “Beleza, o evento está insano, e essa é a régua da noite”. Eis que surge no palco, Darkken. Sem desmerecer as demais apresentações, mas a banda ganhou holofotes ao aumentar ainda mais o nível do evento, ao gerar moshs altamente violentos e incessantes. A interação constante do vocalista Felipe com o público atiçava ainda mais a galera a se debater em frente ao palco.
Contudo, logo no início da apresentação, houve um problema técnico com a caixa da bateria, mas que foi rapidamente solucionado, quando Robson Pontes da Rise Behavior gentilmente emprestou o seu equipamento para que o show não parasse.
Resolvida a questão técnica, segue a pancadaria, com músicas em cima de músicas, onde a banda aproveitou para apresentar a sua mais recente demo: The Torturing of Evisceration, bem como uma que ainda não foi lançada, Dominion, com previsão para lançamento em agosto de 2025.
Os músicos apresentaram muita sintonia e entrosamento, tanto entre si, quanto com o público. Acredito que o seu cartão de visitas já está garantido para futuros retornos à casa.
Formação
- Felipe Weidgenant (vocal)
- Vinicius Henrique (guitarra)
- Darlan Jeremis (guitarra)
- Lucas Garcia (baixo)
- Fábio Napoli (bateria)
Review por: Sidney
Fotos: Allan Preisler
Rise Behavior | Death Metal Melódico | Blumenau/SC
Para encerrar esta bela comemoração, a prata da casa Rise Behavior, que cativa o público por onde passa, subiu ao palco para a última apresentação da noite. A banda toda contém muita presença de palco e energia, entregando uma apresentação de fato, não uma mera execução de músicas.
O show começa com uma introdução misteriosa, que vai gradativamente aumentando a tensão, até eclodir no início de Raging Seas seguida de Prince of Mankind. Logo nas primeiras músicas, já tivemos um cover de Arch Enemy (We Will Rise).
A banda, composta por experientes músicos da cena Underground, explora várias facetas do seu estilo, alinhando muito bem as linhas de guitarra melódicas ao peso da cozinha, somadas ao vocal agressivo e ambientação nos teclados. Em alguns pontos do show, era possível ouvir um excesso de subgraves que abafavam os teclados temporariamente. A equipe de som acompanhou constantemente para manter o som limpo durante o restante da apresentação.
Saindo da metade do show, a banda apresentou o seu mais recente trabalho Shining Blade, e, encaminhando-se para o final, tivemos The End Has Begun, primeira faixa do álbum A Path to Obliteration (2024), finalizando com um cover de Septicflesh, Martyr.
Formação
- Ranieri (voz)
- Alessandro (guitarra)
- Juliano (teclado)
- Eduardo (baixo)
- Robson (bateria)
Review Por: Sidney Oss Emer
Fotos: Allan Preisler
Tanto a PGR Produções quanto a Box Club, tem contribuído para a movimentação da cena underground em Blumenau e região. Estimamos vida longa, e que venham muitos anos para todos que, de alguma forma, são parceiros no Underground e fazem de fato a cena acontecer.