Início Cobertura de Eventos Cobertura: Dark Dimensions Fest (São Paulo/SP)

Cobertura: Dark Dimensions Fest (São Paulo/SP)

Hoje, ao sermos questionados sobre bandas do Metal Extremo que tenham mulheres em suas fileiras, é viver um momento em que não só a resposta está pronta na boca, como a pluralidade de nomes, ainda que longe em contrapartida à hegemonia masculina na cena, certamente não passa despercebida, seja em qualidade como em sua crescente quantidade.

Porém, esta não era uma realidade há alguns bons anos atrás, mesmo dentro de uma subcultura que sempre fora perpetuada como um polo de acolhimento e pluralismos, e que se concretiza mais em seu viés underground, mas que ainda sofre quando o assunto são os maiores holofotes. Mas este cenário viu os primeiros tremores em suas estruturas com o nascimento da Nervosa, banda feminina de Thrash/Death Metal em 2010 que, com muito suor e qualidade, vem furando esta bolha, tendo se tornado uma banda reconhecida mundialmente.

Atualmente formada por Prika Amaral (vocal/guitarra), Helena Kotina (guitarra), Hel Pyre (baixo) e Gabriela Abud (bateria), esta importante banda, que pavimentou, e pavimenta o espaço para muitas outras mulheres, iniciou seu 2025 com o início da Jail Break Tour pela América Latina, turnê que também comemora os 15 anos de sua existência. Tendo também como início sua cidade natal, São Paulo, o começo da turnê se deu no último dia 25 de janeiro, em pleno aniversário de 471 anos da cidade de SP.

Porém, esta grande comemoração não seria uma sem uma grande festa. E, com isso em mente, a conhecida Dark Dimensions tomou a oportunidade para criar também o Dark Dimension Fest, um novo festival que teve como headliner em sua primeira edição a Nervosa, assim como outra grande e reconhecida banda nacional, o Torture Squad, e bandas em ascensão como a Eskrota, Throw Me To The Wolves e The Damnation. O festival contou ainda com a participação internacional da Elm Street, banda diretamente da Austrália, que chegou para sua primeira apresentação em solo brasileiro.

Sediado para acontecer no Carioca Club, as portas se abriram poucos minutos do horário marcado, às 14h, onde já era possível ver uma fila que dobrava a esquina em animação para o dia. Em seu interior, as diversas stands de merch das bandas, com uma vasta variedade de roupas, CDs, vinis e acessórios, estavam postas, com direito ainda a stands de parceiros e até flash tattoo.

Pouco passado das 14h30, as cortinas já se abriam para o trio do The Damnation, banda feminina de Thrash formada em 2019 que iniciou os trabalhos com poucas palavras e muitos riffs, abrindo com Parasite, música-título do primeiro EP da banda feito em 2020, que, iniciado por um ritmo lento, rapidamente crescia até tomar toda a velocidade e brutalidade que já davam um gosto do que a apresentação seria sobre. Formada por Renata Petrelli (vocal/guitarra), Leonora Molka (bateria) e Fernanda Lessa (baixo), o trio trouxe toda a agressividade do Thrash em uma sonoridade bem equilibrada, que permitiu que cada instrumento brilhasse entre suas composições, nas quais era possível sentir toda a referência do Thrash Old School.

Os breves momentos de interação com o público, no entanto, transbordavam o carisma de Petrelli, em total agradecimento àqueles que se colocavam lá desde cedo para prestigiar as bandas iniciais (e não eram apenas meia dúzia de cabeças), dentre outros momentos que geravam identificação, como ao dirigir a palavra para sua mãe, que estava ali para prestigiar a filha. Outro momento, e talvez o ponto alto do show que firmou a identificação do público, foi o destaque pouco antes de Slaves of Society, música em que os CLTs e profissionais autônomos foram homenageados em sua luta diária por uma vida digna, antes de toda a frustração poder ser dissipada em meio ao bate-cabeça.

Os destaques ficam ainda por conta da assistência vocal de Leonora, mistura esta entre bateria e vocais, que sempre é algo interessante de se ver, especialmente em um ritmo tão acelerado quanto o do Thrash, e as linhas de baixo bem presentes de Fernanda, que faziam uma contraposição entre o ritmo intenso e sua postura mais contida. Com toda a fúria expressa na voz de Renata, a banda finalizou com: Apocalypse, deixando um bom gosto do que esperar do dia, fora o peso simbólico de um evento composto por tanta representatividade feminina, um motivo de orgulho nas palavras da própria Petrelli.

Pouco tempo para respirar foi norma no Dark Dimension Fest. Com intervalos supercurtos entre as bandas, não tardou para que a Throw Me To The Wolves entrasse no recinto esbanjando um poderoso Melodic Death Metal, que mostrou do começo ao fim o porquê de serem um quinteto que vem chamando bastante a atenção desde que surgiram em 2023. Iniciando seu set com Chaos, logo nos primeiros segundos a música já dava espaço para o impressionante grito de Diogo Nunes (vocal), que, para os desavisados, já serviu como um sinal de que a turma não estava para brincadeira.

Trazendo em suas influências bandas como In Flames, Arch Enemy e Soilwork, era impossível segurar a cabeça de ir para frente e para trás ao ouvir as melodias que tomavam conta do Carioca Club, em um espaço que ia se enchendo cada vez mais à medida que os minutos passavam. Com Gui Caligari e Lucas Oliveira no comando das guitarras, os solos explosivos tomaram conta entre músicas e melodias que passearam por entre mitologias e histórias épicas.

O interessante sobre a banda é a possibilidade de acompanhar praticamente seu nascimento, uma vez que, ao presenciar o seu show, pudemos ouvir ainda músicas que vão compor seu álbum de estreia, como Days of Retribution, ou An Hour of Wolves, com data de lançamento para 2025. Com Rodrigo Gagliardi nos baixos e Maycon Avelino na bateria, a banda já mostrou desde sua gênese não estar de brincadeira, com seu single de estreia, Gaia, que conta com a participação de Bjorn Speed Strid (Soilwork/The Night Flight Orchestra), música esta que, mesmo sem a presença do grande músico, não deixou de ser uma grande pedida em meio ao set.

Com certeza uma banda a se acompanhar, Throw Me To The Wolves se fez em extrema presença, já convertendo novos fãs na plateia, entre aqueles que gritavam “Vai Loomis!”, famoso ex-guitarrista do Arch Enemy que, curiosamente, tem sua semelhança em Gui Caligari e que mostrou também grande habilidade, fazendo jus à brincadeira.

E, com o Carioca Club cada vez enchendo mais e mais, algumas pessoas que se concentravam à frente do palco sacavam uma grande bandeira com os dizeres “Eskröta” estampados. Esse era o sinal, capitaneado pelos fãs mais fiéis, de que era chegada a hora deste trio em ascensão de tocar.

Composta por Yasmin Amaral (vocal e guitarra), Tamy Leopoldo (vocal e baixo) e Jhon França (bateria), a banda formada em 2017 traz elementos do Thrash Metal com um quê de Hardcore e vem construindo seu legado com letras que provocam, geram reflexão e incômodos. Abertamente se posicionando como uma banda feminista, elas colocam em seus riffs e vocais toda a fúria de uma grande parcela da comunidade metaleira e da sociedade constantemente silenciada, algo já sentido desde o início com a música Grita, que iniciou a apresentação.

A adição da Eskröta foi outro grande acerto por parte da produção na construção de seu lineup, mesmo com falas trazidas por Yas sobre a constante luta que é resistir enquanto uma banda feminista no meio, era nítida a maioria avassaladora dos presentes que nutriam nada mais do que apoio, na expressão de inúmeras mulheres que se permitiam naquele espaço, batendo cabeça e compondo moshes do início ao fim.

O show da Eskröta já vem tipicamente se tornando um momento de muito entretenimento e reflexão, entre as bolas infláveis com a logo da banda, que são arremessadas no início do show e voavam de um lado para o outro do começo ao fim entre as cabeças que batiam para frente e para trás, até os elementos que vão para o amor da banda pela cultura pop e os filmes de terror, como em “Não Entre em Pânico”, quando adentra um cosplay do popular vilão dos filmes para o júbilo do público, seguido dos comandados por Tamy para realizar o primeiro “Wall of Death” do dia.

Outro importante destaque se dá para “Mosh Feminista”, onde o público feminino presente intensificou ainda mais o choque entre seus corpos no meio da roda, marcando este como um show onde era claro o quanto a banda tinha seu público na mão, reflexo do carinho e admiração mútuos. Elementos da apresentação em si que merecem destaque se dão na própria forma de Yas em cantar, onde, ainda que com uma voz completamente rasgada e carregada de significado, sua expressão facial de naturalidade parecia a de alguém que não tem a menor dificuldade em se utilizar de tais técnicas, e o equilíbrio encontrado com o complemento limpo da voz de Tamy para as músicas. A cadência rítmica trazida pelas batidas de Jhon é de igual destaque, onde a união dos três reflete de forma óbvia o porquê de ser uma banda que vem ganhando tanto espaço nos grandes eventos.

Com metade do festival transcorrida com a finalização do show da Eskröta, chegava a hora de outro grande acerto por parte da organização do fest: a apresentação da desconhecida Elm Street, banda de Heavy Metal diretamente da Austrália e banda suporte da Nervosa pela América Latina no Jail Break Tour. E aqui o acerto não está necessariamente no convite de uma banda de fora para se apresentar, dado que, no caso da Elm Street, se tratou de sua primeira vinda ao Brasil e do grande desconhecimento pela maioria dos presentes sobre sua performance, e sim de seu posicionamento no line, que refletiu bem o respeito e protagonismo da noite como sendo algo voltado à cena nacional.

No entanto, o que se iniciou como desconhecimento e até incerteza, quando olhado pelo viés do gênero da banda como o mais diferente entre as performances da noite, se transformou rapidamente em total admiração e entusiasmo conforme a noite caía e, apesar do nome, em alusão ao homônimo filme de terror dos anos 80, não nos vimos em um pesadelo, mas sim no mais tradicional e eletrizante Heavy Metal.

Iniciando com A State of Fear, a banda, formada em 2008 em Melbourne, trouxe em seu repertório diversas músicas que deixaram nítido seu também apreço pelas temáticas dos bons filmes de terror, mas que não se mantiveram “apenas nisso”. Desde o começo, Ben Batres (vocal/guitarra) impressionou com sua performance e poderosa voz, marcada por um tom rasgado e cheio de força. Sua técnica vocal foi tão impactante que gerou dúvidas entre os presentes sobre sua idade, já que, apesar de sua aparência jovial, de olhos fechados sua voz remeteria a figuras icônicas como Mark Tornillo ou até mesmo à clássica “velha do derby”.

Mas, brincadeiras à parte, não era somente a voz de Ben que chamava a atenção. Com Aaron Adie (guitarra) puxando poderosos solos, Nick Ivkovic (baixo) interagindo, apontando e respondendo a cada grito do público e Tomislav Perkovic (bateria), esmurrando a bateria com todo o seu tamanho em ritmo pontual, a banda deu um show de carisma e entrega que mais parecia uma banda que retornava a um lugar já há muito visitado e um público feliz em revê-los do que um “primeiro encontro”.

Com instrumentos coloridos e chamativos, incríveis solos de tirar o fôlego e espaço ainda para levar o público à loucura ao tocar um cover de Running Free do Iron Maiden, o grupo trouxe em suas letras e estilo o mais puro Heavy Metal clássico com títulos como Heart Racer, Heavy Metal Power, e fechando com grande estilo, após mencionar o deus do metal, Dio, “Metal Is The Way”.

Ao fim, parecia até “forçada” a surpresa no rosto dos músicos à medida que o público puxava o nome da banda a todos pulmões em completo reconhecimento pelo incrível show que nos foi presenteado. Uma ótima escolha de banda suporte que certamente irá impressionar todos aqueles que forem desavisadamente ouvir a banda ao longo da tour pelas próximas semanas.

Chegando próximo dos “finalmentes”, era perceptível pela crescente falta de espaço a chegada massiva do público restante, que tinha em seu interesse a dobradinha de dois grandes nomes nacionais. Ainda com as cortinas fechadas, era indistinguível o tremer dos corpos pelo último check da bateria sinistra de Amílcar Christófaro, que anunciava os momentos antes da chegada do Torture Squad.

Um dos clássicos do Thrash/Death Metal brasileiro, na ativa desde 1990, a banda que conta com Mayara Puertas (vocais), Castor (baixo), Rene Simionato (guitarra) e Amílcar Christófaro (bateria) é uma inconfundível receita para uma performance intensa e de tirar o fôlego. Mas, ainda que um clássico patrimônio nacional, um elemento que sempre chama a atenção no início de seu set é com Hell is Coming, intro que traz o elemento do violão e voz limpa em sua composição, gerando uma maior amplitude musical que combina a agressividade inicial da música com a chegada de Mayara já com os dois pés na porta com seu poderoso gutural.

Já em Flukeman, o elemento da vez esteve nos teclados, também comandados por Mayara, que não só mostra toda sua versatilidade, mas a constante evolução da banda. Porém, ainda que com estes elementos mais “contemporâneos”, no fim o que realmente importava ao público aparentemente era a boa dose de Death Metal para se bater a cabeça e ir à loucura, feito este que o Torture entregou com tranquilidade, fosse nos riffs alucinantes de Rene ou nas linhas de Castor, constantemente ovacionado pelo público, ou até mesmo nas batidas mutantes de Amílcar, com direito a um forte solo de bateria antes do público levantar as mãos para Raise Your Horns.

Mas, com certeza, o grande destaque da noite se deu em Warriors, faixa que teve como convidada “surpresa”, anunciada previamente, Leather Leone, que, em passagem pelo Brasil, fez a participação nos palcos, trazendo imensa alegria aos fãs do Chastain de plantão.

É pouco provável dizer que, naquela altura, havia ainda algo a mais para ser aquecido para o público antes da chegada das headliners da noite. Pelo contrário, corria-se o risco de alguns terem queimado mais da metade do combustível em meio às rodas que se abriram e a todo o bate cabeça facilitado pelo Torture Squad, que não só deu muita energia, como também emoção ao mencionar, ao longo de seu show, e dedicar o mesmo em homenagem a Cristiano Fusco, membro fundador e guitarrista do Torture, que fez sua passagem há poucas semanas ainda em janeiro. Um legado e uma história que, se depender da banda e dos fãs, ainda se perpetuará por um longo tempo.

Com as cortinas fechadas novamente, a antecipação ia crescendo em meio ao público pela chegada do momento principal da festa que já durava seis horas. Após leve atraso, era a hora da conclusão da grande noite de Metal Extremo com a chegada da Nervosa aos palcos, já iniciando com petardos com Seed of Death, plantando toda a agressividade que se daria ao longo do que posteriormente iríamos descobrir ser o set mais longo tocado pela banda até então. Que jeito melhor de comemorar seu aniversário de 15 anos, não é mesmo?

Uma visão que já virou norma, especialmente após o debut no álbum Jailbreak de 2023, mas que com certeza ainda é algo que pega de surpresa, se dá no processo dos vocais tomados por Prika Amaral e na descoberta da força e agressividade de sua voz, que, entre as intercaladas de bate cabeça de seus longos cabelos louros, fazia com que o público respondesse à altura, fosse na abertura de rodas ou nos incessantes headbangs.

Desde o início completamente emocionadas e felizes por este momento, a banda entregou tudo de si, fazendo um giro pela discografia, onde, até a primeira metade, passaram por queridinhas dos fãs como Death!, Kill the Silence e Perpetual Chaos, mas com um grande foco, é claro, pelo próprio álbum Jailbreak, que leva o nome da tour e marca o ponto da nova fase da banda.

Com Gabriela ao fundo, sorrindo, levantando os braços e agitando a galera o tempo todo, Helena, em complemento, se projetava pelas caixas de retorno e beirada do palco, materializando toda a agressividade dos riffs e notas. Um rosto conhecido, porém surpresa para alguns, se deu na presença de Emmelie Herwegh, baixista holandesa que já assumiu o posto no lugar de Hel Pyre anteriormente e que retorna para tal, em fala tida por Prika como um espaço contínuo de apoio às mulheres e mães em seus momentos e ciclos da vida em que precisam colocar seus filhos como prioridade, e que, neste quesito, Hel contaria com o total apoio da banda para este momento com Emmelie ocupando seu lugar para a tour.

Ainda que fazendo falta, mas com a total compreensão do público, Emmelie não ficou para trás, demonstrando grande carisma e aceitação por parte da massa de corpos que se chocavam de um lado para o outro.

Entre promessas de surpresas ao longo da noite, na chegada de Ungrateful, tivemos a primeira, com a entrada de Alex Camargo, baixista e vocalista do Krisiun, para uma participação que fez todos os presentes urrarem em aprovação pela aparição do músico. Uma diferente visão de Alex, sem o seu baixo e munido apenas do microfone, parecia até ligeiramente fora de seu “habitat”, mas isso pouco importava ao público, que cantava a plenos pulmões junto às fortes batidas do bumbo da bateria.

Outro elemento que pareceu não incomodar os presentes foi a pequena colinha presa na munhequeira do músico para auxiliá-lo ao longo da performance, dando a entender que talvez sua participação tenha sido uma oportunidade de último momento, na qual fez questão de estar. Independentemente do motivo, a “canja” foi vista com ânimo por todos e, mesmo errando o tempo e estando um pouco perdido, refletiu o teor de grande comemoração da noite.

A essa altura, o fôlego parecia ser infinito tanto para o público e até para as artistas, que não pouparam esforços para trazer uma música atrás da outra. Masked Betrayer, do primeiro EP da banda, marcava metade da apresentação, e ainda havia muita gasolina no tanque de geral que se encontrava no recinto. Em Kill or Die Prika retornou a fala recontando sobre seu próprio processo e jornada vocal, reforçando o momento da saída de Diva Satânica, sua primeira tentativa nos vocais no fim de uma turnê, e a subsequente continuidade assumindo os vocais da banda. Parecia como uma história que passava como um filme pela cabeça da artista e do público envolvido que gritava conforme a história se desenrolava.

Tempo depois, chegou então o momento da segunda surpresa da noite, com Prika colocando sua guitarra de lado e dando mais espaço no palco para também Mayara Puertas e Yasmin Amaral, para juntas cantarem pela primeira vez na história da banda Cultura do Estupro. Uma música de mensagem impactante que escancara uma dura realidade mundial, mas especialmente no Brasil, e que fazia daquele momento um de resistência e simbolismo ímpar. Respondendo à altura daquelas que comandavam o palco, as mulheres presentes gritavam e balançavam a cabeça, colocando para fora toda a fúria e inconformidade com a atual estrutura patriarcal. Em um palco composto por seis mulheres, todas deram tudo de si, com a hipnotizante visão das três cantoras fazendo o windmill, ou o bate cabeça circular, enquanto cantavam e apenas se permitiam ser.

Não demorou muito e a terceira surpresa da noite chegou, dessa vez em outra estreia de música nos palcos, com Wayfarer, no entanto, cantada de voz limpa por parte de Prika, algo que certamente surpreendeu muitos ali que balançavam com seus horns em aprovação. Após a música, a cantora ainda trouxe um certo senso de autocrítica, como quem diz: “Não saiu como esperava, mas tem coisas que precisamos fazer para descobrir e aperfeiçoar.” No entanto, os gritos vindos da plateia se mostravam a favor da tentativa e contrários à opinião dela sobre si.

Seguido por uma breve apresentação da banda, era a hora de um encore que, de encore, não teve nada, afinal, em nenhum momento as artistas saíram do palco, fato este reforçado por Prika ao revelar aquele como o maior set já tocado pela banda. Com Guided By Evil, seguido de: Endless Ambition, o final do Dark Dimension Fest e o primeiro show da turnê do grupo foi marcado por um grande ovacionamento, e um lindo momento final, em que o quarteto nem pôde sair do palco, à medida que o público levava diversos itens para autógrafos, pedidos de fotos e uma grande massa de pessoas que, pouco a pouco, fora completamente atendida por todas as integrantes, sem exceção.

Dando exemplo sobre a força do Metal Extremo e a grande qualidade de um festival de predominância nacional, o Dark Dimension Fest encerrou sua primeira edição como um completo sucesso e já criando as expectativas para uma próxima edição. Com relação à Nervosa, as meninas seguiram e seguem em turnê, onde irão passar ainda por Recife, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Florianópolis e Santo André.