Curitiba foi palco de um espetáculo memorável de Metal Sinfônico e Extremo, marcada por performances de Fleshgod Apocalypse e Epica, duas bandas lideradas por poderosas vozes femininas que conduziram o público a uma experiência intensa e, em muitos momentos, emocionante.
A noite começou com os italianos do Fleshgod Apocalypse, um quinteto que impressionou desde os primeiros acordes com o peso do Death Metal Técnico, a energia devastadora e solos virtuosos. Duas músicas foi o suficiente para que a plateia se levantasse e, de pé, começasse a bater cabeça ao ritmo avassalador imposto pela banda. Um dos elementos que mais chamou a atenção foi a estética sombria e teatral: figurinos de inspiração medieval e gótica, lembrando encenações de filmes de vampiros, o que reforçou ainda mais a atmosfera da apresentação.
Em uma pausa, o baixista interagiu com o público, perguntando quem assistia ao grupo pela primeira vez e agradecendo calorosamente à plateia curitibana. O momento antecedeu a execução de No, single lançado em 2020, que surpreendeu ao incorporar uma inusitada homenagem lírica e melódica ao clássico Pop …Baby One More Time, de Britney Spears. A soprano Veronica Bordacchini brilhou ao interpretar um trecho quase idêntico ao refrão da canção, inserindo-o como metáfora sobre a busca de respostas simples para dilemas complexos. Para encerrar, a banda pediu que o público ligasse as lanternas dos celulares, criando um clima quase romântico antes de se despedir com um emocionado “We love you“ e um sincero “Muito obrigado”.
Fotos por Vladimir Silvério.
Pontualmente às 21h, foi a vez do Epica tomar o palco. A recepção foi calorosa: todo o público de pé, ansioso diante de um espetáculo visual impressionante, com imagens belíssimas e envolventes rodando no telão que completavam a atmosfera da apresentação. Logo no início, Simone Simons protagonizou um dos momentos mais especiais da noite ao receber um presente de um fã, a quem concedeu o microfone para expressar seu carinho pela banda, uma cena que emocionou a todos os presentes.
Em outro instante marcante, após uma breve saída de palco, os integrantes voltaram para provocar a plateia com a clássica pergunta se queriam ouvir mais. O público respondeu com um ensurdecedor “sim”, dando início ao bis. A surpresa maior veio quando o tecladista Coen Janssen, surgiu inesperadamente entre o público, carregando seu teclado, arrancando aplausos entusiasmados.
Simone, conhecida por sua postura mais reservada em algumas apresentações, mostrou-se completamente à vontade em Curitiba. Interativa, carismática e doce, cativou a plateia com sua delicadeza e energia feminina. Em um momento divertido, dividiu o teclado com o colega de banda, revezando acordes em uma cena que arrancou risos e aplausos. O som, impecável durante toda a apresentação, mostrou a força de cada acorde das guitarras, que reverberavam intensamente no peito.
Fotos por Vladimir Silvério.
Além de palhetas, baquetas e setlists arremessados ao público, os músicos emocionaram ao formar corações com as mãos, com a emoção plasmada nos rostos, a alegria e a gratidão pela calorosa recepção.
Ao final, ficou a sensação de que Curitiba presenciou uma noite única, mais do que apenas dois grandes shows, a noite entrou para a memória como uma noite do poder feminino no Metal, com as vozes impressionantes das talentosíssimas Veronica Bordacchini e Simone Simons, provando que delicadeza e brutalidade podem coexistir no mesmo palco. Foi uma noite em que o protagonismo das mulheres não apenas brilhou, mas se impôs como força central de toda a experiência.