Estava eu em uma cidade diferente e tentado mudar os ares, querendo conhecer cada vez mais o cenário underground em território gaúcho. Conhecendo a fama do bar metálico Gargula, estava curioso em conhecer pessoalmente, nada melhor que comparecer em um evento Open Air realizado pelo mesmo. Estrutura bacana, Chope temático (Mata-Leão), eis que durante o evento teve uma demonstração de Jiu-Jitsu, tatame montado, uma boa estrutura de som, rango de qualidade disponibilizado, o evento tinha tudo para ser um baita, as impressões iniciais eram ótimas!

O Gárgula Open Air, aconteceu no Espaço Roda D’água em Santa Maria. Chegada a hora do evento iniciar e teve uma apresentação de Jiu-Jitsu, demonstração de luta, ensinando alguns golpes, e teve até troca de faixa, não irei lembrar o nome do cara, mas ele passou da faixa azul para a faixa roxa. A minha empolgação e expectativa só aumentavam, esperando loucamente pelo início do evento. Deu pra sacar a ligação da organização do evento com a arte marcial, visto que o rótulo do Chopp era intitulado Mata Leão.

Tudo começou com uma banda tributo à maior banda de Heavy Metal de todos os tempos, Black Sabbath. Parabéns para a Electric Funeral, uma baita banda, totalmente conectada com o público, um repertório bem escolhido onde teve espaço para músicas mais pesadas e nem tão clássicas, me agradou muito! Embora seja quase impossível considerar que não exista clássicos ao se tratar de Sabbath, mas eles escolheram músicas que soam mais densas, rápidas e que muita gente não toca. Não adianta uma escolha de repertório bom, se a banda não executa bem! Não foi o caso, contamos com uma ótima banda e que honrou o que se propôs a fazer. Como falei a banda conseguia a interação do público, mesmo sendo a primeira banda, destaque para a roupagem do vocalista que incorporava o palco e conseguia fazer o meio campo entre banda e público. Músicos muito bons, e execução muito legal, o evento começou com tudo!

Me chamou a atenção que ao chegar ao evento percebi algumas pessoas com a camiseta de uma banda chamada Inner Caligula, logo após, estava ali no palco a tal banda. Aí uma banda que me
chamou muito a atenção, um heavy metal denso, pesado, com influências de muita coisa boa, daqueles tipos de banda inovadora na sonoridade. As suas músicas faziam transição fácil entre influências de death metal mais melódicos para um Heavy metal trincado, vide as melodias bem trampadas nas guitarras. O vocal transitando em várias passagens e fechava em uma influência forte do mestre Dickinson. Aí calcula: umas pegas que mesclam agressividade e groove, transições na guitarra carregadas de melodias, vocal melódico e pontual e algumas pegadas brutais de vocais feitas pelo baixista, pra mim, sucesso total.

Ponto forte da banda era o baixista, um ser mítico, forte, baita presença, além de linhas de baixo muito legais, os revezamentos de vocais, onde ele entrava com o seu vocal brutal. Baita banda. A noite chegou, galera animada e entrou ao palco a banda Inseto Social, trouxe consigo um monte de clássicos Punk. A banda entrou no palco cheia de atitude o que ajudou a motivar e levantar ainda mais a galera. De nada adianta subir ao palco com um set list ótimo, mas a banda não conseguir executar com qualidade ele, não foi aqui o caso! A empolgação e atitude do vocalista, era empolgante de acompanhar, e deu a entender o porquê apostar em uma banda que destoava sonoramente das demais bandas do evento. Mas a empolgação no talo e toda a atitude exposta elevou a percepção sobre a banda.

Após veio a história mais legal do evento inteiro a banda Human Plague subiu ao palco, mas com uma proposta diferente, estavam comemorando os 10 anos do seu primeiro lançamento, na época era chamada de Below the Nothingness, mas a parada é mais insana. Conseguiram reunir a galera que participou da banda naquela época, ou parte dela. O vocalista veio de Florianópolis, o guitarrista veio de Porto Alegre, e ao que me disseram fizeram o show na raça, vontade e empolgação, e sem ensaio. Daquelas coisas que acontecem, pois, a paixão pela música faz. Era perceptível a empolgação, emoção na banda ao executarem as músicas daquela época. Linhas de guitarras pesadas e rápidas, ríspidas, o vocal com um gutural certeiro, linhas de baixo bem feitas e uma bateria densa, a combinação é certeira, me agradou muito! Um Death Metal de extrema qualidade. O vocalista ficou tão empolgado que caiu no mosh pit junto com a rapaziada.

Veio a Burn the Mankind com um Death Metal poderoso, pesado e que manteve a empolgação da banda anterior. A banda veio de Porto Alegre para massacrar com suas músicas próprias.  Particularmente, demorei umas duas músicas para entender a proposta da banda, por ter linhas de baixo e guitarras com transições muito bem trabalhadas, demorei um tanto para entender, mas foi sacar a proposta e curtir o ótimo som da banda. Pelo relatado os membros da banda possuem bagagem dentro do cenário de Porto Alegre, se juntaram e montaram uma nova banda, e com uma Proposta de Death Metal, bruto, pesado e trabalhadão. Vocal muito bem executado e linhas de guitarra e baixo muito bem casadas. O Death Metal gaúcho, com sua qualidade e tradição, está em boas mãos com essa galera! Seguiu o evento com outro ponto alto.

A banda Malditos Jovens do Reggae dotada de um carisma com o público, monstruoso. A banda fez um show insano levando a galera pro mosh pit. O crossover, com os grooves e demais misturas sonoras trazem para a banda um clima pesadão, original e divertido. A banda que está na ativa desde 2013 mantém no palco um nível grandioso de interação com o público, daqueles shows que empolgam desde o começo pois o carisma te leva pro clima do som e quando se vê tá lá dentro do mosh pit berrando cada refrão grudentos do som cantado em português. Daquelas bandas que gostaria de ver em mais palcos da vida, pela originalidade e qualidade.

E para fechar em grande estilo o GOA trouxe ao palco a banda Lugh, com sua música celta, dançante manteve a animação do pessoal, fazendo o evento fechar com chave de ouro. Não deixou baixar a empolgação executando com qualidade as divertidas músicas e com várias letras que te prendem a atenção. É o tipo de música que faz o metaleiro dançar, não tem escapatória! E se a banda manda bem, aí animação vai lá em cima, acorda, perde o sono, esquece o cansaço e é aproveitar a onda. Baita banda, fechou realmente com chave de ouro.

A impressão foi altamente positiva fiquei empolgado com o evento, foi uma bela experiência conhecer a atmosfera do Gárgula Bar, conhecer bandas que desconhecia e com bastante música autoral, e de quebra, respirar o Underground de Santa Maria/RS. Acabei aproveitando a estadia em Santa Maria da melhor forma possível, curtindo o underground! Valeu GOA, sigam o Gárgula no instagram e acompanhem futuros eventos: https://www.instagram.com/gargulabar/.

Um metaleiro sonhador, vocalista meia boca, mas esforçado! Metido a resenhar shows e eventos!