Por Deze Rezende

No último sábado, dia 15 de fevereiro, a banda italiana Lacuna Coil retornou ao palco do Carioca Club em São Paulo para divulgar seu mais recente trabalho de estúdio, Black Anima, além de reservar uma surpresa com um set especial para a turnê sul americana.


Desta vez vieram ao Brasil acompanhados da banda americana de Progressive Death Metal, Uncured, que fez um show agradável e enérgico. O quarteto americano fez um set com pouco mais de 40 minutos de duração, e surpreenderam com um cover de “Roots Bloody Roots” do Sepultura, que foi o ponto alto do show. Destaque também para as faixas “Death Valley” que explora vocais limpos e guturais do vocalista/guitarrista Rex Cox e linhas de guitarra melódicas, e a contagiante “Myopic”.


Foto por Fernando Yokota

De todos os shows do Lacuna Coil já realizados no Carioca Club em São Paulo, esse foi o mais especial e arrisco a dizer que o com maior público também. Não é por menos, a banda recentemente completou 20 anos de carreira e ao longo desses anos conquistou um público fiel, e evoluiu tanto musicalmente como na sua presença de palco.

O show começou com a faixa “Blood, Tears, Dust” do álbum predecessor ao Black Anima, Delirium. Que representa bem a nova fase da banda, com guitarras e baixos afinados em A, fato presente desde o álbum Karmacode, que deixou o som da banda mais pesado e moderno. Além do contraste presente entre a voz mais agressiva de Andrea Ferro e o vocais agudos de Cristina Scabbia. Logo em seguida pudemos ouvir os vocalizes de Scabbia em “Our Truth” do saudoso álbum citado acima.

Para anunciar o mais novo single da banda, Cristina instigou com a frase ” É hora de ficarmos um pouco imprudentes” e anunciou a música “Reckless”.

Esbanjando simpatia e energia, a banda não cansava de dizer o quanto era especial estar de volta ao Brasil. E que São Paulo, até aquele momento era a cidade mais “barulhenta” da tour. E o público por sua vez retribuía cantando alto todas as músicas, e puxando o coro entoando o nome da banda.

O baixista e fundador da banda Marco Coti Zelati – ou Maki como é chamado pelos fãs – fazia um coração com as mãos em praticamente em todos os intervalos das músicas tocadas. O que foi um pouco engraçado pois isso contrasta um pouco com o visual e maquiagem dark da banda. 

Antes de anunciar a música “Save Me”, Cristina fez um discurso muito bonito e emocionante, dizendo que apesar do visual e som dark da banda, eles gostam de transmitir mensagens positivas nas músicas. E que se você não está bem, tem algum problema, sempre deve buscar ajuda – com seus amigos, família, pessoas queridas. Mas que precisa pedir ajuda!

Em seguida o famoso cover “Enjoy the Silence” foi entoado por todo o público do Carioca Club, e esta foi a música que antecedeu o set especial dessa turnê. Nesse interlúdio entre os sets, Cristina e Maki se abraçaram no palco, e se mostraram bem emocionados com o carinho do público.


Foto por Fernando Yokita

Após esse breve intervalo, a banda retornou ao palco com o visual do DVD “The 119 Show – Live in London”, comemorativo aos 20 anos de história da banda. Enquanto os homens da banda usavam uma bata negra semelhante a de párocos com a inscrição “119”, Cristina trajava seu traje “eclesiástico” vermelho, e nos brindou com uma viagem no tempo com músicas antigas, algumas inclusives tocadas pela primeira vez na capital paulista.

Esse set começou com a música do Unleashed Memories, “A Current Obsession”, seguida pelo enigmático hino da banda “119”, que deu o nome ao DVD de 20 anos da banda.

Cristina apresentou o novo baterista da banda Richard Meiz, e comentou que o novo Lacuna Coil se encontrava ali com o Lacuna Coil antigo antes de introduzir uma das músicas mais antigas da banda, “Soul Into Hades”, do primeiro EP da banda.

Para finalizar esse set especial a banda brindou com uma dobradinha do aclamado álbum “Comalies”, com as músicas “Tight Rope” e a faixa título, uma linda balada mezzo italiana e metade em inglês.

Neste set de músicas antigas da banda, infelizmente ficou de fora a faixa “Veins of Glass”, do álbum In a Reverie que foi tocada em shows anteriores desta turnê.

Para finalizar a noite, o encore começou com a faixa “Veneficium” do recente Black Anima – que predomina o vocal lírico em latim de Cristina Scabbia – uma técnica e atmosfera inédita no repertório da banda. Ao introduzir a música, Scabbia dedicou essa música a todos que sofrem com algum tipo de relacionamento tóxico, e deixou claro que essa situação não acontece apenas em relacionamentos romântico, mas em qualquer relacionamento sejam eles de amizade, família, trabalho…


Foto por Fernando Yokita

E o encore foi finalizado com o conhecido mantra da banda e fãs: “We Fear Nothing”. Entoando essas palavras a banda anunciou a música “Nothing Stands In Our Way”. Lamentando o show ter chegado ao fim, a banda prometeu voltar em breve ao solo brasileiro e disse mais uma vez que amava o público brasileiro.

Agradeceram a presença e energia do público, e finalizaram dizendo que foi uma honra ter feito esse show e trocado essa energia com o público.

Sem dúvidas o Lacuna Coil é uma banda que vale muito ver ao vivo, tanto pela presença de palco, como pela precisão técnica de todos da banda, e sua teatralidade e simpatia. Tanto dos veteranos – Maki (baixo), Cristina (vocal) e Andrea (vocal), como dos novatos Diego (guitarra) e Richard (bateria). 

É sempre um prazer poder vê-los e se encantar com uma apresentação cheia de paixão.


Set list Lacuna Coil:

Blood, Tears, Dust
Our Truth
Reckless
My Demons
Layers of Time
Downfall
The House of Shame
Sword of Anger
Heaven’s a Lie
Save Me
Enjoy the Silence (Depeche Mode cover)

Set Especial:
A Current Obsession
1.19
When a Dead Man Walks
Soul Into Hades
Tight Rope
Compiles

Encore:
Veneficium
Nothing Stands in Our Way
Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.