No último mês de março, Curitiba recebeu um dos maiores ícones do Metal Doom mundial, a banda Pentagram, encabeçada pelo carismático Bobby Liebling, que viralizou recentemente nas redes sociais devido à sua peculiar presença no palco.
O local escolhido foi o Basement Cultural, casa já bastante consolidada no underground da cidade e que vem, cada vez mais, recebendo grandes apresentações internacionais. Recentemente, o espaço também anunciou a criação de uma produtora, permitindo que seus eventos se projetem para muito além das paredes do querido porão que abriga o palco e a pista da casa. Essa pista ficou rapidamente cheia assim que os portões se abriram por volta das 19h. O público chegou cedo para ver as excelentes bandas de abertura, fazendo com que a temperatura dentro da casa subisse rapidamente.
Os primeiros a se apresentar foram os curitibanos da Espectro, banda que faz um Stoner/Doom de muito respeito desde 2017. Com um álbum autointitulado Espectro de 2022, o grupo anunciou um EP saindo do forno em maio de 2025. O espaço de palco estava apertado devido ao aparato das bandas que viriam a seguir, resultando em um show mais estático, mas de muita qualidade. Infelizmente, a maior prejudicada foi a visibilidade do público em relação à baterista Karina D’alesandre, que ficou praticamente escondida. Ela foi uma das recentes adições à banda, junto com o baixista Felipe Leite. Completam o quinteto os guitarristas Luan Bremer e João Wegher, além do vocalista Reinaldo Zonta, que, além da ótima apresentação, arrancou boas risadas dos presentes ao citar as peculiaridades da Rua Trajano Reis, famosa em Curitiba por sua “vida noturna”.
Setlist Espectro:
- The Ritual
- Twist the Knife
- Wicked Life
- Death Dealin’
- Mind Lord
- 1000 Nights
- Crimson Star
Em seguida, foi a vez dos mineiros da Pesta, banda também de Stoner/Doom, que vinha sendo muito aguardada nos palcos curitibanos. A expectativa era mútua, conforme mencionado pelo vocalista Thiago Cruz, já que a fama de Curitiba como à cidade mais Rock’n’Roll tem furado a bolha regional e se espalhado pelo Brasil. No palco, todos os integrantes tiveram presença marcante, seja pela psicodelia de Thiago com seu lenço esvoaçante, pela inegável tranquilidade nos olhos do guitarrista Marcos Resende, pelas caretas do baterista Flavio Freitas, ou pelo fato curioso do baixista Anderson Vaca tocar com o baixo de ponta-cabeça. Ao final do show, perguntei a ele o motivo disso e, como eu já imaginava, no início de seus estudos, os modelos adaptados para canhotos eram caros e de difícil acesso. Assim, aprender a tocar com o instrumento invertido foi a solução mais viável, uma grande demonstração de talento na minha opinião. A Pesta nos presenteou com uma belíssima amostra de seu potencial, e tenho certeza de que eles deixam Curitiba com muitos fãs ansiosos para vê-los novamente na cidade.
Setlist Pesta:
- Anthopophagic
- Witches Sabbath
- Black Death
- Words of a Madman
- Shadow of a Desire
- Moloch’s Children
Finalmente, a principal banda da noite começou a subir ao palco. Primeiro veio o guitarrista Tony Reed, aquecendo não só sua guitarra, mas também sua garganta com uma garrafa de Jägermeister, que mais tarde virou um souvenir para um fã. Em seguida, vieram o baixista Scooter Haslip e o baterista Henry Vasquez, que, enquanto checavam o som de seus instrumentos, fizeram um acompanhamento musical para o coro da plateia, que gritava o nome da presença mais esperada:
“Bobby! Bobby! Bobby!”
Bobby Liebling fez sua entrada triunfal com Live Again, faixa de abertura do último disco da banda, Lightning in a Bottle, seu décimo álbum de estúdio. Em seguida veio Starlady, e então o momento mais esperado da noite para os fãs mais recentes da banda: The Ghoul, música que embala o vídeo responsável pela recente explosão de popularidade do Pentagram. No registro, Bobby aparece com os cabelos esvoaçantes e olhar vidrado, gerando uma enxurrada de memes nas redes sociais. E sim, a icônica cena foi repetida no palco, embora eu tenha notado uma certa indiferença do vocalista com esse momento, o que considero compreensível, já que uma piada repetida muitas vezes perde a graça. Mas Bobby não é um artista de uma jogada só. Durante todo o show, ele demonstrou uma vasta sorte de caretas, trejeitos, olhares e até reboladas.
O setlist foi dividido entre algumas faixas do lançamento mais recente e os grandes clássicos da banda. Músicas como Forever My Queen, Be Forewarned e Sign of the Wolf são consideradas verdadeiros hinos que ajudaram a definir o estilo Doom Metal.
Com algumas pausas entre as músicas para ajustes nos instrumentos e até mesmo para respirar, já que o calor na pista do Basement beirava o insuportável, Bobby e Tony aproveitaram para interagir brevemente com os fãs que gritavam da plateia frases que, na maioria das vezes eu não consegui entender, e provavelmente, nem eles, faz parte! Após o show os músicos, com exceção de Bobby andaram pela casa, cumprimentando o público e distribuído autógrafos.
É realmente uma pena que a banda tenha demorado tanto a se apresentar no Brasil. Bobby Liebling entregou uma performance extremamente satisfatória no auge dos seus 71 anos, e também de bota de salto de aproximadamente 4 centímetros que me pareceu um pouco desconfortável, isso me faz imaginar a energia que esse grande personagem do metal entregava em seus anos de ouro. Vida longa, Bobby Liebling! Vida longa, Pentagram!
Setlist Pentagram:
- Live Again
- Starlady
- The Ghoul
- I Spoke to Death
- When the Screams Come
- Sign of the Wolf (Pentagram)
- Might Just Wanna Be Your Fool
- Solve the Puzzle
- Review Your Choices
- Thundercrest
- Walk the Sociopath
Encore:
- Forever My Queen
- 20 Buck Spin