A produtora de eventos Uprising & Forgiving realizou uma turnê, juntando grandes bandas de Hardcore e Metal Alternativo, formando uma espécie de união das bandas, que percorreram 6 cidades ao longo de 10 dias, tendo seu início em 31/01 e término em 09/02.

O lineup contou com bandas do Brasil, Estados Unidos e Polônia, demonstrando a união e parceria entre bandas conectadas intercontinentalmente.

Nations | Hardcore | São Paulo/SP

A casa abriu pontualmete às 18:00 quando o povo começou a entrar, e às 18:30, Nations já estava no palco com todos os preparativos prontos para o início desta grande noite, que começou com um Hardcore pesado e muito técnico, contando com passagens aceleradas e cheias de Groove. A ausência do baterista e o uso de som mecânico na bateria não foi um impeditivo para que a banda performasse de maneira consistente, e desse início à noite que seria um grande encontro das bandas da tour Uprising & Forgiving

Review: Sidney Oss Emer

 

Lumière | Metal/Rap | São Paulo/SP

A banda subiu ao palco do Ahoy! com a postura marrenta e cheia de atitude. No início, o público estava concentrado e aguardando o som que viria, daquela banda com visual urbano e um som que mistura Trap com Rock. Após a primeira música, o vocalista até chamou a atenção do público, perguntando se estavam em um show de Bossa Nova, que ninguém interagia.

Quebrado o gelo e desbloqueada a interação com o público, entre riffs e uma presença de palco cheia de personalidade, a banda fez questão de homenagear Robson Gonçalves, produtor do evento Uprising & Forgiving, agradecendo pelo espaço e pela iniciativa. Mas a deferência não ficou só no discurso, uma vez que Robson foi convidado a assumir a bateria.

As letras de Lumière contém alto teor de acidez. Destaque para Impostor, com uma letra afiadas e uma reflexão sobre mentiras na sociedade e problemas de autoestima. A intensidade da performance foi amplificada quando um dos vocalistas também assumiu a bateria, mostrando uma versatilidade dos músicos.

A Lumière entregou uma apresentação autêntica, crua e profunda, superando inclusive as expectativas deste que vos escreve. O visual marcante da banda apenas reforçou que não se tratava apenas de música, mas de uma mensagem forte contra o caos e as falácias da sociedade.

Review: Sidney Oss Emer
Fotos: Allan Preisler

Speech | Hardcore | Blumenau/SC

Representando a cidade anfitriã do evento, a banda Speech mostrou a presença do Hardcore. Com um som agressivo e sem firulas, a banda teve seu show acompanhado pelo público, que em sua maioria já conhece as suas músicas e acompanharam durante o show inteiro.

Destaque para o baixo que, não limitado à bases simples, teve direito até a um toque de Reggae em uma de suas músicas, onde o Groove contrastou perfeitamente com a pedrada na orelha e a brutalidade característica da banda.

A banda aproveitou para tocar o seu novo single que em breve estará disponível nas plataformas de distribuição.

Review: Sidney Oss Emer
Fotos: Allan Preisler

Gods Eyes | Hardcore | Estados Unidos

Se alguém ainda estava retomando o fôlego, a Gods Eyes não deu tempo para isso. Assim que o primeiro acorde ressoou, ficou claro que o negócio ia ser brutal. O peso absurdo do som atingiu a plateia como um soco no peito, e não demorou para as rodas de mosh saírem completamente do controle. A fúria sonora da banda não deixava espaço para hesitação. Era entrar na roda ou sair da frente.

Por motivos de saúde, o baterista precisou se ausentar, e o vocalista assumiu a bateria, não deixando a peteca cair. Por cerca de alguns minutos, a bateria apresentou alguns problemas técnicos também. Mas rapidamente solucionado, dali pra frente, a porradaria comeu solta até o fim do show.

Como se o peso atual já não fosse suficiente, os vocalistas da Nations e Lumière subiram ao palco para participações especiais, elevando ainda mais a brutalidade sonora e a sinergia das bandas. A plateia respondeu na mesma moeda, transformando o pit em um verdadeiro campo de batalha.

Review: Sidney Oss Emer
Fotos: Allan Preisler

The Unrest | Metalcore | Polônia

Antes de mais nada, quero mencionar que fui pego de surpresa quando o vocalista começou a falar em polonês, mas logo se identificou como um brasileiro nato. Para quem não conhece, a banda é formada por brasileiros, que vivem na Polônia.

Com um som que mistura o Rock com elementos eletrônicos, e letras que seguem um ritmo frenético, a banda aborda temas sociais, filosóficos e reflexivos. E em praticamente cada música, o vocalista apresentava o seu contexto e seu objetivo.

Havia muitas pessoas com camisa da banda, circulando pelo local. Dois destaques da apresentação foram a música Falso Progresso, que critica os retrocessos sociais e morais e Running Away, dedicada a apoiar os afetados pelos acontecimentos na Ucrânia, onde o vocalista pediu para o público correr em círculos como ratos, metaforizando uma sociedade que tanto age, corre e tenta fazer acontecer, mas nunca sai do lugar.

The Unrest trouxe um manifesto contra o relativismo e a deturpação de valores. Um show denso, profundo e cheio de intensidade.

Review: Sidney Oss Emer
Fotos: Allan Preisler

Bayside Kings | Hardcore | São Paulo/SP

O Bayside Kings subiu ao palco com uma missão: fazer barulho e questionar. A banda, conhecida por seu Hardcore rápido e agressivo, entregou música, protesto e suor.

Desde os primeiros acordes, o peso do som transformou a pista em um campo de batalha, onde os moshs saíam do controle, e a violência (civilizada, claro) tomava conta do ambiente.

Um momento que marcou a apresentação foi o discurso do vocalista ao fomentar que “as mina” pulassem do palco, ao ver uma garota tomando a frente para fazer o famoso “stage diving” pela primeira vez na noite. Segundo a banda: “Atitude é isso aí. Ou o Rock é pra todo mundo, ou não é pra ninguém”. Dali pra frente, o moshpit virou piscina e o palco, trampolim. E o resto é história.

A interação da banda com a plateia foi constante. Cada pausa entre as músicas era um convite para gritos, punhos erguidos e mais caos na pista. Quando o show chegou ao fim, os gritos de bis em uníssono ecoaram pelo salão do Ahoy!, que, infelizmente não foram atendidos em respeito ao cronograma da noite. Mas é uma banda que sem dúvida voltará com alta receptividade às terras blumenauenses.

Review: Sidney Oss Emer
Fotos: Allan Preisler

Bullet Bane | Hardcore Melódico | São Paulo/SP

A quantidade de pessoas se acomodando em frente ao palco durante a montagem dos equipamentos, mostrava o quanto a banda estava sendo aguardada. No momento do início do show, a casa estava lotada, e o público ávido pelo som de uma das headliners do evento, que começou sua apresentação como sempre, de maneira marcante e performática.

Com sua mistura de peso e melodia, a banda entregou uma performance intensa, repleta de presença de palco, com as interações e performances de Arthur Mutanen (voz), enquanto cada riff parecia ecoar direto no peito, e a bateria marcava o ritmo de um público que cantava em uníssono. A setlist passeou por diversas fases da banda, que equilibrou agressividade e sensibilidade, com sua mistura de metal e elementos alternativos do eletrônico.

O público gritou, cantou e até dançou as coreografias da banda, do início ao fim, mostrando que a banda possui uma fanbase fiel e comprometida.

Review: Sidney Oss Emer
Fotos: Allan Preisler

Especialista em cybersegurança, acordeonista e tecladista. Entusiasta de fotografia, já foi fotógrafo e redator nos projetos Virus Rock e Opus Creat. Não limitado a um subgênero do metal, tem como preferências: folk metal, doom/sinfônico, death metal, black metal, heavy metal. Gaúcho de coração, valoriza a cultura tradicionalista gaudéria, a qual inspira suas composições nas bandas em que toca. Interesses globais: Música, ciência, tecnologia, história e pão de alho.