O que quatro músicos consolidados, na ativa com seus projetos e que não têm mais nada a provar para ninguém, ganhariam ao começar uma banda “do zero”?
Essa foi uma das perguntas centrais que buscamos responder ao sermos convidados para a coletiva de imprensa da Ready To Be Hated, uma nova banda que, desde o anúncio de sua formação, surpreendeu pelos nomes envolvidos, já angariando fãs, conquistas e uma agenda cheia para 2025, com, é claro, muita música de qualidade.
Formada por Luis Mariutti (Sinistra/Shaman/Angra) no baixo, Thiago Bianchi (Noturnall/Shaman) nos vocais, Fernando Quesada (Noturnall/Shaman) na guitarra, e Rodrigo Oliveira (Oitão/Korzus) na bateria, com co-produção de Hugo Mariutti, essa formação conta com nomes que navegam pelas diferentes fases e momentos do Shaman e da história do Power Metal nacional — com os toques thrashers de Oliveira. À primeira vista, a bagagem dos músicos impressiona, gerando imediatamente uma certa curiosidade sobre o nome escolhido e levantando dúvidas sobre uma possível relação com algum ponto em comum da trajetória de cada um. No entanto, a verdade que se revelou é bem mais simples e interessante.
Isso porque, ao longo da noite e das respostas dadas pelos membros aos presentes, rapidamente ficou claro que este momento foi pensado como algo completamente novo: uma necessidade de buscar, em um espaço, uma forma diferente de expressar a criatividade e as emoções, guiados por uma sensação de liberdade proveniente deste “livro” novo, e não de um “capítulo”. É isso que a Ready To Be Hated representa. O nome, aliás, não traz nenhuma indireta escondida, mas sim um espelho para si mesmo e seu público: de preparo, disposição e vontade para se posicionar independentemente, com muita força para seguir em frente, não importa o que vier.
E foi exatamente essa energia de algo fresco que tomou conta do ambiente da School of Rock, unidade Jardins, onde ocorreu a coletiva. Dos convidados aos familiares da banda, todos pareciam compartilhar essa sensação. Desde a recepção até as primeiras palavras da noite, feitas por Fernanda Mariutti, empresária e cofundadora do Mariutti Team, que se emocionou ao comentar sobre a materialização do projeto e seu processo, até os próprios integrantes: brincando, fazendo piadas e trocadilhos que arrancavam risadas dos presentes — até mesmo de Luis, que, não conseguindo manter seu semblante austero, abriu sorrisos aqui e acolá.
Ainda que mantendo uma atmosfera leve, brincalhona e em clima de festa, a coletiva também foi um momento de revelações e novidades, como a prévia na íntegra do terceiro clipe e single da banda, a poderosa balada The Old Becomes the New, lançada oficialmente nas plataformas no último dia 16 de dezembro. O vídeo se mostrou um dramático show visual, abordando temas como renovação, transformação e a ressignificação do eu.
Com direito ainda a histórias dos bastidores da gravação (e mais risadas), foi extremamente interessante ver o impacto da maturidade e experiência deste projeto, justamente pela fluidez e agilidade com as quais as coisas tomaram forma. Um exemplo disso é a própria formação da banda, que aconteceu em poucas semanas, até o momento da gravação das primeiras músicas, clipes e toda a escalabilidade da banda, que, mesmo rápida, foi feita com muito esmero e sem aparentar qualquer pressa.
Durante as perguntas e respostas, era visível o impacto e a impressão positiva nos demais colegas, que trouxeram os mais diversos questionamentos. As perguntas variaram desde a dinâmica entre os integrantes, o processo criativo, o posicionamento na era das mídias digitais e até se a banda “se sentia pronta para ser amada”, em alusão à antítese de seu nome.
De modo geral, todas as respostas pareceram convergir a um mesmo entendimento, refletindo uma visível honestidade: o quanto todos, de forma geral, se sentiam “presentificados”, sem muitas preocupações sobre o futuro ou onde a banda os levaria, assim como um desprendimento em relação ao passado. O foco do quarteto parece voltado exclusivamente a uma reconexão com um sentimento narrado como “não visto há anos”: um sentimento de emoção e excitação diante de algo novo, que gera leveza e empolgação. Pareciam jovens que acabaram de criar sua primeira banda e só querem saber de compor, experimentar e se divertir.
É claro que, respondendo à minha pergunta — “Qual a contribuição da experiência e da bagagem para este momento?” —, as respostas vieram para reforçar ainda mais essa ideia, somada a uma noção de maturidade e experiência que complementam este processo, trazendo leveza e abertura para encarar as coisas com maior positividade. Ambos, Rodrigo e Fernando, pontuaram sobre aceitar melhor as diferenças e questões.
Em meio às perguntas houve espaço para outra grande novidade: uma parceria com a renomada rede de restaurantes Fogo de Chão para um programa que irá ao ar no próximo ano, unindo gastronomia, drinks e é claro, muita música com convidados especiais e todos os integrantes — Fernanda inclusa — como entrevistadores em uma dinâmica única.
Após a grande notícia, pudemos conferir um pouco de Luis Mariutti no baixo, tocando Something to Say, o segundo single lançado pela banda, que mescla fortes linhas, viradas precisas e a adição de muita brasilidade em sua percussão. Em seguida, tivemos uma performance completa da banda de The Old Becomes the New, que novamente se encaixou como um momento apoteótico na celebração e novidade da noite, que se seguiu livre entre rodas de conversa, histórias, conhecimentos e bom humor.
A boa notícia é que, somado ao primeiro single Us Against Them — música que faz referência à necessidade de união frente à sociedade polarizada da atualidade —, este é o momento ideal para embarcar na grande viagem que a Ready To Be Hated está prestes a zarpar. Com três singles lançados, um álbum a caminho e uma agenda cheia para 2025, fica o convite para acompanhar e presenciar o futuro de mais uma banda promissora da cena nacional.