Pedro Canaan é um músico, produtor musical e engenheiro de áudio brasileiro, natural de São Paulo, de 22 anos, fundador do Selo Kalindi Music, estudante em Chicago, nos Estados Unidos, onde presta dupla graduação em Audio Arts & Acoustics – com concentração em Music Recording; e Contemporary, Urban & Popular Music – com concentração em Music Composition and production, na Columbia College Chicago.
Durante seus estudos em Chicago, Pedro fundou a gravadora TGM Recordings e banda de apoio The Groovy Motherfunkers, e com esse projeto já produziu artistas de gêneros diversos, do R&B ao Hardcore, do Hip Hop ao Heavy Metal. Em 2018, em férias no Brasil, formou-se em Produção Musical na EM&T – Escola de Música e Tecnologia com professor Fernando Quesada.
Em meio à Pandemia, impossibilitado de retornar a Chicago, Canaan idealizou um Concurso denominado Sua Música na TV, em parceria com um produtor de uma nova minissérie a ser exibida no SBT Interior. O evento contou com mais de 600 inscritos e o vencedor, além de ter sua música totalmente produzida, mixada e masterizada por Pedro, fará parte da trilha sonora da minissérie Justine, com estreia prevista para 2022.
Pedro também é baixista e produtor da banda brasileira de metal alternativo The Death Season, que já possui alguns singles lançados, um deles com participação especial de Fernanda Lira (Crypta, ex-Nervosa) e um álbum previsto para 2022. O álbum está sendo gravado no Estúdio Fusão pelo próprio Pedro e por Thiago Bianchi e Douglas das Neves.
Com um currículo tão pesado para um profissional tão jovem, fica difícil conciliar todas as atividades e responsabilidades. Ainda assim, Pedro separou um tempo para conversar com O Subsolo e pudemos conhecer um pouco mais sobre seu trabalho e seus planos para o futuro. Confira:
Primeiramente, obrigado pela oportunidade de conversarmos e de poder entender como vão as coisas nos bastidores da música, que tão pouco foram falados durante este difícil período que estamos vivendo. Como você conseguiu lidar como produtor durante esse período de pandemia? Quais planos seus foram afetados e como você lidou com as dificuldades?
Pedro: Eu que agradeço pelo espaço. Foi um período bem complicado, mas não foi tão catastrófico assim para o mercado da produção. Eu tive que replanejar muita coisa, quando tudo começou eu ainda estava em Chicago, no meio do semestre letivo. E então, do nada as aulas foram canceladas, o campus da faculdade fechou… Acabei voltando pro Brasil e trabalhando no projeto do meu estúdio aqui, que era algo que estava na gaveta, que eu esperava só realizar quando me formasse. Mas com o tempo no Brasil e a oportunidade, acabei trabalhando nisso e criei o meu estúdio, Kalindi Music, que se expandiu e hoje é um selo fonográfico. Por incrível que pareça, tivemos um volume de trabalho bem interessante durante a pandemia. Embora a maioria dos artistas tenha sido muito prejudicada com o cancelamento de concertos, quase todo artista que tinha um dinheiro reservado acabou procurando produzir material para quando voltassem os shows.
Você é um produtor bastante jovem, apesar disso vem desenvolvendo um trabalho de muita qualidade e firmando parcerias importantes. A que se deve esse trabalho tão promissor? Nos conte um pouco de como você chegou até aqui.
Obrigado! Tudo isso é resultado de bastante dedicação e estudo. Convivo diretamente com a música há muito tempo, e desde que saí do colégio venho me aprofundando muito na área de produção. Fiz o curso técnico de produção musical e music business na EM&T, depois fui para Chicago fazer faculdade em Audio Design & Production e Contemporary, Urban & Popular Music, na Columbia. Esse curso eu ainda estou terminando, falta um semestre que ainda não consegui fazer por causa da pandemia. Enfim, foram vários anos de estudo intenso e muita mão na massa para conseguir chegar nesse padrão de qualidade atual.
Além de produtor, você também é baixista da banda The Death Season, a qual você mesmo produz. Como você concilia essas duas atividades? E quando você está gravando sua própria banda, como funciona?
Não é das tarefas mais fáceis, por isso também que, além de mim, temos um outro produtor, o Douglas das Neves, que trabalha com a gente. Eu acho muito importante ter alguém de fora da banda participando desse processo, para ser tipo “a voz da razão” na hora de decidir as coisas. É meio difícil ter um julgamento imparcial de uma coisa que você mesmo cria. Mas no geral é um processo bem divertido, adoro criar arranjos e compor, e a amizade de todos da banda torna tudo muito mais agradável e fácil também.
Recentemente você criou o seu próprio Selo Musical. Nos fale um pouco mais sobre o Kalindi Music.
Eu já tinha a experiência de ter fundado e trabalhado no selo TGM Recordings, lá de Chicago, mas com a estabilização dos negócios aqui no Brasil e a inviabilidade de eu retornar aos EUA, decidi que seria a melhor decisão concentrar as atividades aqui e criar um selo destinado aos artistas brasileiros que eu produzisse. Reuni profissionais ótimos para fazerem parte da equipe e comecei o processo. Hoje, além da produção musical, temos também equipes de audiovisual, fotografia, assessoria de imprensa e marketing, além da parceria sensacional com a INgrooves Music Group para a parte de distribuição digital.
Nos conte também um pouco sobre as bandas que você já produziu.
Produzi bastante gente nesse tempo, mas tem alguns projetos que eu tenho um carinho especial. Eu gosto muito da experiência de produzir álbuns completos, acho um processo muito especial. Então os projetos que eu sempre destaco são o álbum Xeno, do Zeno Camera, cantor brasileiro que tive o prazer de conhecer lá em Chicago, e faz um pop/funk sensacional, super divertido de ouvir; o álbum Sol Azul da Drea C., cantora de Los Angeles que conheci em Chicago e faz um RnB com umas influências psicodélicas e de rock; e mais recentemente o EP Saudade da banda paulista Alpist, que traz um rock psicodélico com influências de dream pop e MPB e fazem um som super viajante que eu pirei desde a primeira vez que eu ouvi. Além disso, claro que tem todos os projetos da minha banda the death season e muitos outros artistas super talentosos com quem já trabalhei, como o Bruni Chapow, Ramon Gonzales, Augusto Lima, CASH$STARR… a lista é grande!
Você iniciou uma formação como produtor musical na Columbia College Chicago, mas não conseguiu concluir devido a pandemia. Nos conte um pouco sobre isso.
Isso foi bastante frustrante, mas é claro que pretendo voltar pra lá e me formar assim que possível. Apesar de tudo, consegui ter um progresso na minha carreira e evoluir como profissional, então não é algo que eu considere catastrófico. Provavelmente, foi até um amadurecimento interessante para mim, para voltar lá e ainda poder tirar um proveito maior das aulas que me restam. Como estou no fim do curso, as aulas que eu vou ter quando voltar serão bastante avançadas e com conteúdos muito aprofundados. Com certeza estou mais preparado pra digerir toda essa informação hoje do que eu estava há um ano.
Sua notícia mais recente é uma parceria com o renomado produtor Thiago Bianchi, do Estúdio Fusão. Como irá funcionar esta parceria?
Faremos um trabalho parecido com o que já fazemos com a minha banda the death season. As gravações serão divididas entre os estúdios Fusão e Kalindi, edição minha, mixagem e masterização do Thiago. Um trabalho em conjunto de verdade, vindo já de um projeto que vem funcionando muito bem com a minha banda.
Pedro, muito obrigado por sua entrevista, o espaço está livre para você deixar uma mensagem para o leitor d’O Subsolo.
Muito obrigado a’O Subsolo pela entrevista, e para o leitor fica o convite para conhecer mais do meu trabalho e de todos esses artistas super talentosos com quem eu já tive o prazer de trabalhar. Espero voltar mais vezes com mais novidades e trabalhos legais para comentar!