Algo que falta muito nos dias de hoje, é artista. Temos vários músicos de qualidades impares, mas o artista em si vem se desfazendo de uma maneira assustadora. Porém, ainda há luz no fim do túnel, como por exemplo a cantora e compositora Gabi Livon.
Gabi Livon é uma musicista de mão cheia, que vai do psicodelia do Rock ao Blues e tem em sua abordagem a temática feminista, algo que ela encara de corpo, alma e com muita intensidade. Não é para menos, visto que são mais de 10 anos de carreira à frente de projetos musicais como o Jardim dos Bauretes que é um tributo a Rita Lee e os Mutantes, mas quando o assunto é grandes cantoras, ainda está no checklist da cantora nomes como Etta James, Nina Simone e Janis Joplin.
Em sua carreira autoral, tem em seu currículo o single Magó presente, por que choro lançado em 2020 com direito a um videoclipe intenso e envolvente em torno da violência contra a mulher e em homenagem à bailarina Maria Glória Poltroniere Borges, vítima de feminicídio. A música que traz uma pegada Blues, apresenta uma atriz interpretando uma bailarina, remetendo à homenagem acima citada com êxito total na mensagem que tenta transparecer.
Já em 2021, lança o single #Psicoloca sobre o capacitismo, numa crítica severa a profissionais da saúde mental, pois vale ressaltar que a cantora foi diagnosticada com neurodivergente, que é um transtorno do espectro autista nível 1, porém, mesmo assim a guerreira podemos assim dizer, cursa Psicologia.
A carreira da cantora começou em sua antiga cidade, Maringá no Paraná, onde na época em 2009 cursava Física e Economia, na Universidade Estadual de Maringá. Sua primeira banda, Malbeck de Pop Rock foi sua primeira experiência com bandas, tendo também presença carimbada na bateria da atletica XI. Mesmo com toda dedicação aos cursos, não chegou concluir pela fase difícil que passava na época, tendo quadros depressivos graves, que eram comorbidades do autismo, o qual ainda não tinha conhecimento.
Seu refúgio sempre foi a música, seja compondo, cantando ou fazendo quaisquer coisas relacionadas a isto. Em 2020 com 29 anos de Idade, foi diagnosticada com síndrome de asperger (autismo nível 1 de suporte), foi ai que resolveu de vez tirar suas letras engavetadas em outrora e iniciou seu projeto do primeiro álbum intitulado A- TÍPICA, que tem previsão de lançamento para 2022, com direito a videoclipe em fases finais de ajustes, spoiler este exclusivamente revelado a equipe d’O SubSolo.
Quando começou a compreender e entender a existência de pessoas que possuíam as mesmas síndromes, se tornou parte da luta pela neurodiversidade, que visa combater a visão capacitista da sociedade em relação a todos que possuem algum tipo de transtorno neurológico ou deficiência em si.
Em meio a tudo isso, em 2013 a cantora retorna a sua cidade natal, São José do Rio Preto/SP, onde fundou a banda Livon e Outros Planetas, que casa perfeitamente com a essência da cantora, visto que a banda vai da psicodelia ao blues, mesmo que nesse meio tempo com nascimento de seus filhos e sua dedicação dividida entre a maternidade e a música, seguiu trabalhando na composição de suas músicas, mesmo com o freio de mão puxado visando cuidar dos seus filhos. Se não fosse o bastante, teve que passar pelo termino de um relacionamento abusivo no qual foi vítima de violências domésticas e foi assim que começou a se apresentar em carreira solo, buscando quebrar barreiras dos estilos apresentando suas cantoras favoritas em suas apresentações.
O videoclipe mencionado anteriormente e que está em fase final de ajustes, é da faixa Psicoloca, que tem previsão para seu lançamento em Abril de 2022, já que a música está diretamente relacionado ao tema das ‘histórias atípicas’ e critica veementemente o capacitismo e a conduta antiética que é prejudicial relacionado ao tratamento imposto as crianças com autismo em clínicas especializadas, que em muitos casos violam a integridade humana.
As lutas diárias fazem parte de todos os músicos do nosso cenário. Gabi Livon é apenas um dos exemplos, de como não devemos desistir e acreditar em nossos trabalhos, sonhos e objetivos. Mesmo sendo diagnosticada tardiamente com sua síndrome, fez dela o seu escudo para enfrentar o mundo, que em sua essência pode ser cruel e devastador com pessoas consideradas diferentes e especiais, quando o assunto é especial, Gabi Livon em sua essência exuberante musical e com sua personalidade ímpar, demonstram que o especial atrelado a si, tem um gostinho de vitória.
Acompanhe o trabalho de Gabi Livon
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