Salve Headbangers!

Na nossa coluna de hoje vamos revisitar um capitulo sangrento e até freak da história da França no inicio do século XVIII. Uma província ficou à mercê de uma besta que ceifou mais de 100 vidas. Repleto de mistério e teorias, apresento para vocês A Besta de Gévaudan.

Mas primeiro, vamos ao contexto Histórico.

Gévaudan se encontra nas montanhas de Margeride, na parte sul da França. Devido a esse fator, a dificuldade geográfica acarretava sérios problemas. Ataques de lobos, por exemplo, não eram tão incomuns de ocorrerem ,porém, nunca com a ferocidade e frequência que estava por acontecer.

O ano de 1764, foi terrível para o reino da França , tanto economicamente como socialmente. A derrota na guerra dos sete anos fez com que, além das baixas humanas, o país arcasse com gastos terríveis da guerra. Some a isso o fato de ter perdido uma grande parte do seu império ultramarino, e ter que ver um dos seus grande rivais europeus, a Inglaterra, sair mais fortalecida. O rei Luís XV estava bastante desmoralizado e precisava unificar sua nação, nem que fosse por meio de uma catástrofe (Sim isso ocorre até hoje, seja com catástrofes, carnaval, futebol e por aí vai).

O primeiro ataque registrado, ocorreu em maio de 1764. Uma moça que cuidava do seu rebanho, percebera um vulto a lhe observar. Nisso, uma fera saltou em sua direção, mas acabou investindo contra os animais, o que permitiu a fuga da camponesa para fazer a descrição do que seria a tal besta.

A criatura foi descrita como um lobo, porém que muito maior, com garras afiadas, uma pelagem mais escura e a cabeça com presas pontudas em uma boca também bastante proporcional. Claro que a época nos permite concluir que podem sim ter ocorridos exageros, já que a visão mitológica ainda era forte ,porém, as narrativas, e principalmente, os ataques continuariam.

Passado um pequeno intervalo, eis que temos a primeira vitima fatal. Uma menina fora mutilada. A narrativa conta, que o coração fora devorado. A partir de então, o medo tomou conta da região. Paralelo a isso, o número de ataques, na sua maioria das vezes com vítimas fatais só se elevava.

O Padrão dos ataques focava principalmente em mulheres, e o fato de partes como os membros superiores serem deixados para trás, causava bastante dúvidas sobre a natureza da criatura. Ou seriam criaturas?

Os ataques ganharam cada vez mais notoriedade, chegando até na capital Paris. O Rei Luís XV, ofereceu seis mil libras para quem conseguisse dar um cabo na fera e apresentasse o corpo para acalmar a população. Isso atraiu a atenção de vários caçadores da Europa, com expedições diárias, algumas com mais de 30 mil voluntários. Por incrível que pareça, as mortes continuavam. Ao longo dessa caçada, mais de cem lobos foram mortos, mas nenhum deles podiam ser associados com a grande besta.

Até que 1764, dois caçadores encontraram a criatura atirando contra ela, mas pasmem, ela conseguira escapar. Os caçadores correram ao seu encalço, e como resultado, o número de vitimas aumentou ainda mais. Foi somente em setembro de 1765, que um lobo que pesava cerca de 64 quilos e tinha em média 87 centímetros fora abatido. Tudo parecia resolvido, quando o horror retornou com a mortes de duas crianças por, ao que tudo indicava ataque animal. Assim as caçadas recomeçaram, até que um caçador chamado Jean Chastell abateu um lobo de 58 quilos. Reza a lenda, que ele utilizou uma bala de prata reforçando ainda mais o teor sobrenatural do ocorrido. 

O Historiador Jay M. Smith afasta os eventos do sobrenatural ,alegando que o fato das comunidades serem isoladas dificultava as caçadas. Outra narrativas, sugerem um serial killer humano usando pele de animal, para se disfarçar, e claro não podemos deixar de fora, loup-garou, um lobisomen, tema esse um dos preferidos do Powerwolf.

Sou suspeito para falar dessa banda alemã de Power metal, pois na verdade eles formam (na minha opinião) um dos últimos grandes suspiros criativos dentro do gênero. Grandes mérito disso, é o fato do grupo fugir dos padrões estéticos dessa vertente do Heavy Metal. Os vocais do romeno Karsten Brill (também conhecido como Attila Dorn), se aproximam muito mais do estilo encontrado em bandas como Grave Digger do que no Rhapsody, por exemplo. O vocalista estudou opera clássica em Bucareste, o que ressalta a teatralidade de suas interpretações.

E como citei acima eles são verdadeiros nerds, quando o assunto são lobisomens, tornando-os figuras recorrentes de inspiração e temática da banda desde os primeiros trabalhos de estúdio como Return In Bloored e Lupus Dei. 

Em 2021 eles lançaram Call Of The Wild oitavo álbum trazendo tudo aquilo que os fãs (a qual me incluo) esperam, linhas melódicas bem marcantes, uma certa atmosfera gótica com órgãos de igreja em algumas faixas, e principalmente, uma sonoridade mais “malvada” do que a felicidade explícita característica do Power Metal. Neste trabalho temos a faixa Beast Of Gévaudan.

Um detalhe bem legal da letra, é  que que ela apresenta uma ligação divina da tal besta, retratando-a como uma espécie de perseguidor de pecadores, como resposta da ira de Deus perante a humanidade. O que se confirma no belíssimo clipe que deixarei abaixo junto a letra, que reforça a aura criativa e macabra do Powerwolf.


Besta de Gévaudan

A Besta de Gévaudan, não temia espada e não temia arma alguma
Mandada dos céus, a sétima das criaturas
Besta de Gévaudan, a ira de Deus está por vir
Ela virá para sancionar a missa e os pregadores

Caçada por centenas, mas nunca apanhada
Descida dos céus para vagar, trazer o terror e levá-los para o além

Em nome do Pai e em nome do Filho veio a Besta de Gévaudan
Exterminador, traidor, metade lobo e metade máquina
Em busca do Prior e da Freira veio a Besta de Gévaudan
Um redentor, crente, fatal, louco e perverso
Besta de Gévaudan

Besta de Gévaudan, a força de Cristo está em fuga
Predestinada a se alimentar da traição dos mentirosos
Besta de Gévaudan, trazendo a punição inevitável
Mandando as massas profanas ao fogo do inferno

Caçada por centenas, mas nunca apanhada
Ascendendo como um trovão para destruir os inimigos de Deus

Em nome do Pai e em nome do Filho veio a Besta de Gévaudan
Exterminador, traidor, metade lobo e metade máquina
Em busca do Prior e da Freira veio a Besta de Gévaudan
Um redentor, crente, fatal, louco e perverso
Besta de Gévaudan

Ao anoitecer, homem algum poderá escapar da Besta de Gévaudan
Não há escapatória do destino de um mártir que nasceu da dor
Quando todas as orações forem ditas e feitas, tomada será a terra de Gévaudan
E a maldição da besta perdurará

Em nome do Pai e em nome do Filho veio a Besta de Gévaudan
Exterminador, traidor, metade lobo e metade máquina
Em busca do Prior e da Freira veio a Besta de Gévaudan
Um redentor, crente, fatal, louco e perverso
Besta de Gévaudan

Paulista e um dos maiores amantes do Metal Extremo, principalmente se tratando do nacional. Professor de Geografia e História, é também formado em Matemática e Filosofia, Pai da Naylla e do Dhemyan. Foi colaborador de algumas mídias, antes de fundar o site Underground Extremo, o qual tem um laço de irmandade com O SubSolo. Acompanhava o trabalho d'O SubSolo a alguns anos e passou a contribuir e fazer parte da equipe, a qual é honrado em colaborar com o desenvolvimento desta grande mídia do Rock/Metal, sendo o responsável pela parte das escritas mais extremas do site.