Salve Headbangers, aqui estou novamente com essa coluna que envolve muita História & Metal. Bom, que a donzela de ferro tem um grande fascínio pela historiografia não é novidade para ninguém, desde citações em capas como Powerslave, até a temas que são verdadeiras narrativas históricas como Alexandre the Great e Aces High. Porém hoje vamos nos aprofundar em uma faixa épica de um álbum que é lembrado muitas vezes só pela sua capa horrenda, mas tem excelente canções entre elas a tema dessa coluna Paschendale.

A batalha de Paschendale ou também conhecida como a Terceira Batalha de Ipres, em referência à cidade da Bélgica e seus arredores onde o conflito se intensificou embora não seja tão rememorada como outras grandes batalhas da primeira guerra, como Somme ou Verdun, não pode se negar que a destruição e o derramamento de sangue dos dois lados foi elevado.

Mas, para entrar diretamente nesse conflito precisamos fazer uma rememoração a primeira guerra mundial:

“A grande Guerra” foi um dos primeiros conflitos do século XX a explorar os espaços terrestres, marítimo e aérea de maneira mais intensa dizimando 8 milhões de militares e 6,6 milhões de civis, isso em um intervalo de 4 anos  (1914-1918).

Existem várias razões que podem apontar para as causas da primeira guerra, entre elas, o crescimento de potência e alianças iam se estendendo pela Europa, que era o continente dominante da estrutura econômica, dominância essa, calcada na exploração dos continentes africano e asiático.

Em meio um forte movimento de militarização, a politica de alianças começou a se estabelecer. De um lado tínhamos a tríplice entente formada por:  Grã-Bretanha, França e Rússia em contra ponto  formava se uma tríplice aliança entre Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália.

Essas formações não eram arbitrarias,  Grã-Bretanha, Rússia e a Alemanha tinham impérios coloniais poderosos e o maior desejo de todos eles era proteger aquilo que já tinham conquistado e de quebra aumentar as suas fronteiras.

Esse clima de tensão estava instaurado até que tivemos o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand (Ah! Foi dai que a banda Indie tirou o nome deles). Franz seria o herdeiro do trono Austro-Húngaro e acabou sendo assassinado por  um nacionalista sérvio na capital do país Saravejo.

Com isso o Império Austro-Húngaro culpou a Sérvia pelo ataque e pediu providencias se não ia partir para o ataque, sabendo do risco iminente, a Sérvia pede apoio a Rússia, passou-se um mês sem resolução do caso até que o Império declara guerra, o conflito está iniciado.

Então chegamos no conflito a qual a música irá relatar a batalha de Paschendale que faz parte do conjunto de batalhas do Ipers e elas foram escalonando-se em níveis cada vez mais violentos de um lado tínhamos o grupo da tríplice entente liderado pelos britânicos (por isso mesmo o Iron Maiden escolheu esse conflito) do outro temos o Império Alemão, tal área tinha uma importância geográfica pois as colinas a leste de Ipres ficavam próximas a um entroncamento ferroviário em Roulers que era uma passagem para abastecer mantimentos para as forças alemãs, então ferir esse fluxo seria de vital importância para a vitória  na guerra.

No começo a primeira batalha de Ipres a Alemanha invade a Bélgica e tenta chegar em paris, porem os aliados ingleses conseguem barrar esse avanço e iniciam o que é chamado na historia de guerra da exaustão.

Em 1915, as forças alemãs fizeram uma segunda tentativa  e dessa vez eles tinham uma arma nova ,gases tóxicos com duras perdas para os dois lados a vitória dos aliados foi custosa. Detalhe também que foi nessa batalha que tivemos a vitória das tropas canadenses contra as tropas europeias em solo europeu.

Depois de duas derrotas as forças alemãs estavam perto de perder tal território, ainda mais que aos arredores já estavam sobre domínio dos aliados, nisso as forças inglesas pensaram esta na hora de decidir isso de uma vez por todas só que…… Uma chuva torrencial afetou a região impedindo o avanço de ambas as tropas, a ação desastrosa fez com que essa campanha se estendesse de 31 de Julho até Dezembro, fazendo dessa “a campanha da lama”.

O vilarejo de Passchendaele esteve no centro da carnificina. Imagens aéreas mostram que ele foi completamente destruído durante a batalha. Ao fim, os ganhos territoriais foram mínimos e a perda de vidas imensa. As estimativas divergem muito, as mais conservadoras dizem que 217 mil soldados alemães e 250 mil membros das forças aliadas morreram, mas, é provável que o número de mortes seja muito maior.

Os especialistas na primeira guerra mundial defendem que por mais que tenha sido uma ofensiva desastrosa ela foi fundamental para consolidar a vitória dos aliados no ano posterior

O poeta e ex-soldado inglês Siegfried Sassoon fez uma avaliação mais concisa.: “Eu morri no inferno (eles o chamavam Passchendaele)“.

E agora Dance of death

Como falei acima esse álbum é sempre lembrado pela capa bisonha. David Patchett que estava muito louco de droga no mínimo mas, as músicas são excelentes, com as típicas composições de Harris que vão de momentos mais pomposos e sinfônicos para explosões de energia como no More Lies e Dance  of Death, a faixa que estamos trabalhando aqui é um a parceria de Harris e Smith linhas de guitarras inspiradas e uma interpretação do Bruce narrando os momentos finais de um soldado uma verdadeira poesia cantada que não me atrevo a interpretar apenas peço que ouça o som acompanhe a letra será arrepiante

Em solo estrangeiro ele está caído
Túmulo desconhecido do soldado solitário
Em suas últimas palavras ele ora
Conte ao mundo sobre Paschendale

Reviva tudo o que ele passou
Na última comunhão de sua alma
Enferruje suas munições com suas lágrimas
Deixe-me contar-lhe sobre sua campanha

Agachado numa trincheira cheia de sangue
Matando o tempo até a minha própria morte
Em meu rosto, posso sentir a chuva caindo
Nunca mais verei meus amigos

Na fumaça, na lama e sob chumbo
Cheiro o medo e a sensação de pavor
Daqui a pouco será a hora de avançar
Em saraivadas encontraremos nosso fim

Assobios, gritos e mais tiros
Corpos sem vida enroscados em arame farpado
O campo de batalha não passa de uma tumba sangrenta
Em breve reencontrarei meus amigos mortos

Tantos soldados de dezoito anos
Afundados na lama e sem mais lágrimas
Com certeza uma guerra que ninguém pode vencer
E o massacre está prestes a começar

Em minha casa, tão distante
Da guerra, uma chance de viver novamente
Minha casa, tão longe
Mas na guerra, não há chance de viver de novo

Os corpos de nossos mortos e os do inimigo
O mar da morte transborda
Na Terra de Ninguém, só Deus conhece
E diretamente para a boca da morte nós vamos

Crucificados como se estivéssemos em uma cruz
Tropas aliadas lamentam suas baixas
A máquina de propaganda de guerra alemã
Nunca antes visto algo assim

Eu juro que ouvi os anjos chorando
Ore a Deus para que não morra mais ninguém
Para que as pessoas conheçam a verdade
Conte a história sobre Paschendale

A crueldade é algo intrínseco do ser humano
E cada homem tem culpa
Pelo terror daqueles que matamos
Mas o coração humano ainda não está satisfeito

Pela última vez eu permaneço firme
A arma está pronta enquanto estou na fila
Apreensivo, espero o sinal do apito
O sangue ferve e saímos da trincheira

O sangue cai como chuva
E seu manto carmesim se revela novamente
O som das armas não consegue esconder sua vergonha
E então nós morremos em Paschendale

Esquivando-me de estilhaços e arame farpado
Correndo de encontro aos tiros de artilharia
Correndo cegamente enquanto prendo a respiração
Que a sinfonia da morte reze

Enquanto avançamos pelas linhas inimigas
Em uma saraivada de tiros todos nós caímos
O meu grito sufocado ninguém ouve
E sinto o sangue descendo pela minha garganta

Em minha casa, tão distante
Da guerra, há uma chance de viver novamente
Minha casa, tão longe
Mas na guerra, não há chance de viver de novo

Eu vejo o meu espírito no vento
Do outro lado das linhas, além da colina
Aliados e inimigos vão se encontrar novamente
Aqueles que morreram em Paschendale

Paulista e um dos maiores amantes do Metal Extremo, principalmente se tratando do nacional. Professor de Geografia e História, é também formado em Matemática e Filosofia, Pai da Naylla e do Dhemyan. Foi colaborador de algumas mídias, antes de fundar o site Underground Extremo, o qual tem um laço de irmandade com O SubSolo. Acompanhava o trabalho d'O SubSolo a alguns anos e passou a contribuir e fazer parte da equipe, a qual é honrado em colaborar com o desenvolvimento desta grande mídia do Rock/Metal, sendo o responsável pela parte das escritas mais extremas do site.