Salve Headbangers!
Em mais uma edição da coluna História & Metal vamos nos aprofundar na formação de um dos países mais poderosos do mundo e por mais que sua extensão territorial seja menor que cinquenta quilômetros ele concentra uma grande riqueza sendo o país sede da toda poderosa Igreja católica.
Em mais de 2000 anos de histórias figuras muito polêmicas passaram pela igreja com o titulo de papas e no auge dessa questão temos as origens do Vaticano como uma demonstração de poder geopolítico na Itália fascista um pouco antes da segunda guerra explodir.
E quem seria melhor do que uma das maiores bandas do Brasil para trazer essa história para discussão? Então vamos analisar a historia e a letra de The Vatican do Sepultura.
O Vaticano é a última monarquia absolutista europeia, além de ter um dos museus e instituição financeira mais poderosos do mundo, mas antes de chegar no Tratado de Latrão que é o responsável pela formação desse território vamos na gênese do que ele representa.
Em uma passagem de São Mateus, Jesus escolhe o pescador Simão e lhe diz Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei minha Igreja. Eu te darei as chaves do reino do céu, e o que ligares na Terra será ligado nos céus , de certa forma ele passa a ser o primeiro papa.
No inicio do cristianismo, ele era uma religião mais ligada aos judeus foi após a crucificação que o discurso começou a atrair mais adeptos dai que temos a origem das igrejas que deriva do latim do latim Ecclesia se espalhavam pela Europa e não demorou muito para se aliar ao poder.
De acordo com a narrativa religiosa Pedro viajou para a Europa no ano de 42, e sofreu condenações pois o império romano era politeísta condenado o primeiro papa foi crucificado e enterrado e essa região era conhecia como Vaticanus. Porém antes de sua morte Pedro escolheu seu sucessor Lino, e ai começou uma tradição da igreja católica de eleger um papa onde historiadores apontam que foram até o momento 2671 papas.
Figuras polêmicas:
Conferindo a letra da música The Vatican temos alguns nomes citados que foram chefes da igreja em algum momento histórico e são figuras extremamente polêmicas: Alexandre VI, Bonifácio VIII, Pio IX ,João XXIII, Dâmaso I, Pio XII. Segue um breve histórico de suas ações:
Alexandre VI, ou Rodrigo Bórgia, esteve a frente como Papa de 1492 a agosto de 1503. É considerado até hoje como um dos papas mais corruptos da história da Igreja. Usou a sua influência durante o papado para perpetuar o poder da família Bórgia por meio de nepotismo, e envenenamento de adversários . Além disso, esteve em conflitos contra as autoridades seculares da época e um de seus filhos – César – era temido por todos por causa de sua violência. Imagine todo aquele esquema que a gente vê no filme o poderoso chefão só que na igreja é bem por ai. E sim, ele negou todo o celibato eclesiástico tendo família e amantes.
O Papa Bonifácio VIII comandou a Igreja Católica de 24 de dezembro de 1294 até sua morte, em 1303. Entrou para a História como um dos piores papas, esteve envolvido em conflitos internacionais e declarou seu poder como absoluto. Entre os seus feitos ele excomungou o rei da Sicília , promoveu as cruzadas responsáveis pela destruição de Palestrina que levou a seis mil mortos e no ato de suprema arrogância declarou:
“É absolutamente necessário para a salvação que toda criatura humana esteja sujeita ao pontífice romano”.
Segundo o historiador britânico John McCabe, Bonifácio era ateu e teria afirmado diante de bispos, arcebispos e um rei:
“Nunca existiu Jesus e a hóstia é só água e farinha. Maria não era mais virgem que minha própria mãe e não existe mais problema em adultério que em esfregar uma mão na outra.
A titulo de curiosidade no livro A Divina Comédia de Dante Alighieri, Bonifácio VIII aparece em um dos círculos do inferno onde ele queimará por toda eternidade.
Pio IX ficou conhecido com um dos papados que mais fez perseguição aos Judeus o antissemitismo era explicito em falas de PioIX que comparava os Judeus a cachorros (caso vivo fosse, consigo pensar ele no podcast de um cara de bicicleta) sue conservadorismo era visto como radical até dentro das alas da igreja e ele foi o idealizador do conceito da “supremacia papal”, ou seja, o papa nunca erra.
Pio IX envolveu-se no sequestro de uma criança judia de 06 anos Edgardo Mortara que além de ser separado da sua família foi instruído na fé católica tornando se um padre, houveram suplicas para que ele retornasse a sua família fato esse que pela intervenção do papa nunca ocorreu.
João XXIII, Visto como um bom papa por muitos membros da igreja, não é excluído de polêmicas para alguns teólogos ele foi um antipapa pois suas visões eram muito abertas e libertárias, outras acusações associam o papa a maçonaria e a rosa cruz, o que para a igreja católica seria um pecado grave.
Outras acusações partem pelo fato dele pregar os direitos humanos e a abertura ecumênica da igreja o que na época era considerado extremamente moderno e por isso mal visto.
Caso queira aprofundar mais a biografia desse papa indico o livro As Profecias do Papa João XXIII, de Pier Carpi onde ele narra como ele teria previsto a segunda guerra e até contato com alienígenas o que fez ele ganhar titulo de antipapa para as alas radicais.
Dâmaso I:
O Nome de Dâmaso não era um consenso dentro da igreja e por isso quando houve sua indicação um levante se ergueu contra ele e agora vem a parte mais inusitada Dâmaso recorreu as armas e ao poder civil para se defender dos adversários nesse período ele foi acusado de assassinato e teve que depor para o tribunal e só não foi condenado devido o apoio da monarquia na época.
Pio XII:
Aqui chegamos na figura mais controversa da nossa narrativa PIO XII foi conhecido por muito tempo como o papa do nazismo, e responsável pela atual conjuntura politica do vaticano, fato é que Pio assumiu em 1939 mesmo ano que a segunda guerra se iniciou, e ate hoje se analisa qual foi sua posição no conflito. A igreja católica vinha de uma profunda crise desde a regência de Napoleão que tinha já cercado o Vaticano e mandado prender Pio VII, e a fragmentação da Itália só complicava o cenário .
Foi a partir da década de 1850, iniciou-se na Península Itálica um processo conhecido como unificação Italiana . Esse movimento foi liderado pelo Reino de Piemonte-Sardenha e consistiu na formação e consolidação do Estado-nação da Itália mediante a junção dos reinos que existiam na península, uma tentativa de unificar e reestruturar o país.
Em 1870 o reino italiano estava formado mas faltava uma questão as terras da igreja entre elas Roma como não chegavam um acordo o desenvolvimento italiano era complexo situação essa que se estendia até a década de 1920.
Sabendo dessa barreira o líder do fascismo e primeiro-ministro Benito Mussolini procura o papa Pio XI para um acordo o tratado de Latrão onde as duas partes sairiam ganhando de um lado a igreja teria o Vaticano como estado soberano e o catolicismo como a única religião da Itália, resolvendo assim a partilha de terras.
Em troca, fechava o Partido Popular Católico, em outras palavras a Igreja iria fechar os olhos para o fascismo permitindo assim a supremacia de Mussolini e a entrada da Itália na guerra. Com o Tratado de Latrão, a Igreja Católica aproximou-se oficialmente do fascismo, uma vez que o próprio papa passou a afirmar que Mussolini era um homem “enviado pela Providência”.
Voltando agora para Pio XII, ele assume o pontífice e via o tratado de Latrão um modelo para a Alemanha que vivia o regime Hitlerista e mesmo tendo suas adversidades tanto Hitler como o papa sabiam da importância de um acordo e foi isso que ocorreu, importante destacar que os historiadores indicam que a ligação da igreja com movimentos nacionalistas era mais um temor maior ao comunismo ou seja eles apoiariam qualquer ideal anti comunista.
Ai esta o ponto principal para algumas correntes o silencio da igreja ajudou o nazismo entretanto para outros se a igreja fosse opositora ao nazismo a resistência levaria amais conflitos e mais mortes, por isso que a figura de Pio XII gera tanta controvérsia.
Sepultura The Vatican:
Lançado em 2013 The Mediator Between Head and Hands Must be the Heart veio depois do poderoso Kairos, e mostrava que o Sepultura caminhava para uma sonoridade mais brutal, além de ser o trabalho de estreia do monstro Eloy Casagrande, contando com a produção de Ross Robinson e um titulo bem anticomercial, fato é que esse trabalho figura fácil entre um dos melhores não só da fase Derrick Green, como da discografia da banda como um todo.
The Vatican, segundo som do trabalho vindo depois de Trauma of War, seu começo com sinos de igreja casam bem com a letra e a proposta e desnecessário dizer o que são essas linhas de batera e um dos melhores trabalhos de Andreas no álbum, uma faixa que ate hoje pinta nos set list da banda pois ao vivo ela é brutalidade pura a tempo dizer que essa faixa ganhou um clipe muito bem produzido assista conferindo a letra para pegar todas as nuances, tanto históricas como mais recentes casos de pedofilia e abuso de menores.
O Vaticano
Uma revolução sangrenta em nome e amor de Cristo
Pedófilo sádico, abusadores da mentira e da luxúria
O poder da igreja sobre o intelecto dos homens
Uma história de espadas sagradas, a era mais sombria da humanidade
Reino de céus escuros, parede de morte e silêncio
Reino de céus escuros, parede de morte e silêncio
Alexandre VI, Bonifácio VIII, Pio IX
João XXIII, Dâmaso I, Pio XII
Reino de céus escuros, parede de morte e silêncio
Reino de céus escuros, parede de morte e silêncio
Uma desgraça ao trono de Pedro, nas formas de mortes violentas
Banquetes e orgias malignas no coração da santa fé
Indulgência do banco para as obras da religião
Conspirações e corrupção estão nos liderando até o fim
Reino de céus escuros, paredes de morte e silêncio
Reino de céus escuros, paredes de morte e silêncio
Alexandre VI, Bonifácio VIII, Pio IX
João XXIII, Dâmaso I, Pio XII
Cruzados, os cavaleiros do sacrifício
Provedores da morte da mudança
Cruzados, os cavaleiros do sacrifício
Ditadores da mudança
Reino de céus escuros, paredes de morte e silêncio
Reino de céus escuros, paredes de morte e silêncio