Por Hermes Gregório
A Hora Hard


Pelo fato de alguns redatores quererem mostrar a sua visão sobre alguns discos que já foram resenhados anteriormente, criamos agora o “Resenha #2” que será uma outra resenha de um mesmo disco que já foi resenhado e postado. o “Músicas Próprias Nossas, que a Gente Mesmo Fez”, tinha sido resenhado pelo Redator Maykon Kjellin, e nessa é resenhado por Hermes Gregório, da A Hora Hard.



Domingo chuvoso, uma noite sóbria e uma porrada sonora chamada PINHEAD. Enquanto na TV o filme Sin City – A Cidade Dos Pecados e sua estética de HQ serviam de paisagem naquela noite, eu colocava meus fones de ouvido para mais uma sessão de “terapia”. A TV não importava agora, pois o que estava por vir era um som hardcore rápido e rasteiro, um underground com atitude punk e personalidade forte. PINHEAD vem lá dos pampas, mais precisamente de Caxias do Sul. A ideia coletiva gerou um álbum produzido no conceito Do It Yourself (ou Faça Você Mesmo). O álbum tem o título autoexplicativo “Músicas Próprias Nossas Que A Gente Mesmo Fez”. Mais explicado, impossível. Surgida em 2002, com a missão de perturbar tudo que é convencional, o PINHEAD vem fazendo o seu barulho pelo Rio Grande do Sul, mas já com pretensões de ir além, mesmo estando longe demais das capitais, parafraseando um roqueiro gaúcho.

PINHEAD é “rock paulêra”, como a banda se descreve em sua página. É hardcore com o grito primal da independência sonora, com vozes de protesto e que mostra a vida como ela é. A vida é hard e o som deles também. “Tudo Errado” é o início da epopeia barulhenta e visceral. Quando menos se espera vem “Parede Suja, Chão Sujo” e um desafio de sílabas em meio a guitarras agressivas.

O punk e o hardcore sempre carregaram o estigma de ser o som de uma geração inconformada com o status quo, e vai ser assim para sempre. O som intenso e veloz do PINHEAD é o porta-voz de todos aqueles que querem mostrar seu trabalho, mas sofrem com o mainstream e com as dificuldades de gravar suas histórias sonoras. Partindo desse princípio eles foram lá e gravaram o próprio trabalho. A união e o apoio para a realização de um trabalho independente e bem produzido estão em faixas como “Dilema”, “A Bela E A Fera” e “Mais Loco Que o Bozo” (um reggae disfarçado de hardcore). As explosões de fúria me fazem lembrar das clássicas bandas BAD BRAINS e MINOR THREAT, que também produziam seus próprios discos.

Um cotidiano difícil, com uma sociedade hipócrita e intolerante servem de inspiração para narrativas com pitadas de revolta e irreverência. O caos interpretado em riffs barulhentos na mais pura ideologia alternativa e o peso da faixa “Hardcore In Santa Fé” impressionam e só reforçam o conceito da banda: “Paulêra”. São berros e gritos contra o sistema, contra todo um ciclo vicioso que aprisiona aqueles que não querem acordar. “Ainda não descobrimos o poder que a gente tem”, canta um Roger indignado com tantas coisas erradas à nossa volta.

PINHEAD segue na estrada divulgando seu trabalho autoral, produzido por eles mesmos. O bacana do encarte do CD é o aviso “Pirateie Este CD”. Indo contra todos os dogmas do mundo fonográfico, eles preferem divulgar livremente suas obras, sem se submeter às amarras de um mainstream oportunista. 

Ouvindo o som da PINHEAD lembrei da história obscura da cena Punk e ouvi os ecos de um anarquismo que não concordava com regras estabelecidas. A liberdade era o mote e grito primal de toda uma geração, que até hoje ressoa em acordes barulhentos.

 PINHEAD é HARDCORE, Do It Yourself and Enjoy It!!!


Formação
Roger – guitarra e voz
Kobra – guitarra e backing vocal
Amigo – baixo
Charlinho – bateria

Tracklist
1) Tudo Errado
2) Parede suja, chão sujo
3) Dilema
4) A bela e a fera
5) Hardcore in Santa Fé
6) Posto, logo existo
7) Cinco contra um
8) Mais loco que o bozo
9) Enquanto você dormia
10) Animal vestido

Bônustrack
11) Baixinha (2005)
12) Fique sabendo (2005)
13) Coisas estranhas (2005)

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Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.