Banda de Osasco, São Paulo, idealizada e executada por Thiago Alboneti (todos os instrumentos) com a participação de Renan Bezan promete um com momento de peso e destruição para o ouvinte.

A capa mostra um personagem vestindo uma máscara de gás e roupas de guerra com ruínas de uma cidade ao fundo. Temática vermelha e bem realista.

O disco conta com 10 músicas e eu estou curioso para ouvir a banda de um homem só.

Dei o play e Ephemeral Shadows começou com um riff bem chamativo. O fato de ser um artista solo me chama sempre muito a atenção pelo conceito e pelo trabalho em si. A música me remeteu a diversas bandas que eu gosto bastante e isso me fez admirar ainda mais o trabalho todo.

Guardian of Innocence. Mais um início triunfal e brutal. Existe uma consistência entre as faixas pelo que posso perceber, mas o disco apesar de abordar temáticas similares o tempo todo, não é conceitual.

Na terceira  faixa, o artista homenageou o pai falecido e contou uma história bastante pessoal na letra. The Night that Never Came conta o último dia de vida de seu pai. A música é densa e pesada, mas segue a proposta da banda até então. Os riffs tem o destaque total. A voz é habilmente inserida pelas bases pouco lineares e bastante trabalhadas.

Seguimos com Under the Sign música esta composta e com vozes divididas com Renan Bezan (ex-Sacramentia). A música mostra realmente uma outra abordagem de composição, e é nesse ponto que eu gosto de exemplificar a genialidade de um artista que sozinho resolve colocar a mão na massa e criar seu próprio material. É difícil gerar identidade e diversidade ao mesmo tempo. Ponto fortíssimo do disco.

Requiem for the Voiceless tem seu início mais lento e envolvente, menos agressividade mas não menos peso pelo menos no primeiro minuto. A sequência é pesada porém mais cadenciada do que as outras faixas. Um ótimo tempero no meio do disco. Tracklist bem colocada.

Passando do meio do disco, a sexta faixa é Unwritten Chronicles onde o peso volta com força. A mix está bem colocada, bem aberta no panorama e forçando os graves do jeito que eu gosto. Senti falta de agudos nos pratos da bateria que seriam parte do riff inicial da música. A voz ficou em segundo plano mas percebe-se claramente que foi a ideia do artista deixar assim, não é um erro.

Cheguei na faixa título Biological Sonnet. O riff inicial é uma sapatada na face, música mais perto do extremo, com frases de bumbo bem colocadas e um baixo bem presente que eu achei a cereja do bolo de tudo. O tamanho das músicas fica entre 4 e 6 minutos, não temos faixas muito mais longas ou muito mais curtas, é tudo bem padronizado, mas essa é das de 6 minutos. O interessante é que mesmo a introdução levando 1 minuto para terminar, não é cansativo de ouvir e as resoluções de etapas na estrutura da música são bem montadas.

Estou nas três últimas músicas, e dei play na faixa oito, Theatre of Injustice. Seguimos o padrão de agressividade e temos um teclado mais evidente por aqui. Gosto!

Echoes of Triumph tem um riff muito interessante e a bateria é bem viva no contexto geral do som. As guitarras mais agudas trazem uma atmosfera muito envolvente na música enquanto a voz desenha as linhas principais.

Para finalizar, temos Silent Cries, um som que também mostra alguns teclados atmosféricos que me agradam muito e depois desenrola num tema bruto e sem massagem. Um final com chave de ouro para um disco muito bacana.

Minhas impressões gerais são positivas e de total simpatia com o artista, que conseguiu entregar um trabalho super honesto trabalhando sozinho.

Para quem curte Arch Enemy, Iced Earth (fase antiga) e outras influências pesadas porém melodiosas, é um prato cheio.

Tracklist:
1-Ephemeral Shadows
2-Guardian of Innocence
3-The Night that Never Came
4-Under the Sign (Feat.Renan Bezan)
5-Requiem for the Voiceless
6-Unwritten Chronicles
7-Biological Sonnet
8-Theatre of Injustice
9-Echoes of Triumph
10-Silent Cries

 

Tecladista desde cedo, produtor musical, atua exclusivamente na área musical com bandas, aulas e estúdio.