Sempre que se fala de uma banda clássica, em Santa Catarina não tem jeito, Don Capone é um dos principais nomes. A banda ganhou um grande público com o EP “Oficina do Diabo” lançado logo nos primeiros anos de vida do grupo, mas foi com o “Locomotiva” em 2012 que ganhou renome em todo o estado, sendo assim, as expectativas para o “Corpo Fechado” que foi recém lançado, estavam a todo vapor. Recentemente com algumas mudanças na formação, o grupo conseguiu manter a pegada.


Quando o single “Corpo Fechado” foi lançado com o intuito de ferver as divulgações do até então vindouro disco, os comentários nas redes sociais e YouTube da banda foram a mil, realmente conseguiram alcançar com êxito a proposta de fazer o pessoal aclamar pelo lançamento do trabalho logo. Com o disco lançado ouvi e comprei o meu exemplar, não queria deixar de tê-lo em minhas mãos e ouvindo algumas surpresas e muitas interrogações em minha cabeça.
Claro que sempre quando existe uma mudança de formação, algumas ideias, pegadas e ritmos mudam, ai você me pergunta: “Para pior ou para melhor?”, nunca se muda para pior ou melhor, apenas se muda e ninguém consegue explicar o motivo deste acontecimento. Desde o single acima citado, percebi que a bateria ganhou uma linha mais grunge por parte do Leandro Silveira, e o riffs de guitarra se tornaram cada vez mais constantes pelo novo guitarrista Robson Brigido, que traz influências de Led Zeppelin e outras raízes mais clássicas para o trabalho.

Mas e o baixo? O baixo de Rafael Montanha sempre será algo indescritível, o cara toca como se fizesse carinho em seu instrumento ao mesmo tempo que executa uma cozinha sólida e coesa. Fernando Mazon que é o guitarrista remanescente, é um cara que nunca cansou de evoluir, desde a primeira vez que o ouvi sabia que o cara era um monstro, mas ele consegue superar minhas expectativas de acordo com o tempo, pois o cara nunca para de estudar, sendo que montou um estúdio de gravação e ensaios, lançando nesses últimos tempos outros projetos com bandas e seu trabalho solo, sendo que este último é impecável.

Guilherme Farias para mim é muito mais do que um frontman, além da Don Capone o qual o mesmo trata com muito carinho, o cara dá uma aula de como se administrar uma casa de shows, o cara exerce um trabalho exemplar com o Ventuno Pub em Urussanga/SC. Os vocais graves de um Rock não tão “n Roll”, com fortes influências de Doors, The Who e dependendo dos trechos, lembrando até a voz rasgada de Lemmy Kilmister. Quem já viu uma apresentação do grupo, sabe do que falarei: O cara sabe cativar o público e chamar o pessoal para interagir com a banda.

De tudo o que suguei, senti falta de algo marcante de outros discos, como exemplo das músicas “Rock a Vapor”, “Enquanto tudo acontece”, “Bastardo”, “Oficina do Diabo”, “O Velório nem começou” são alguns exemplos de que o refrão delas não saem da minha cabeça, e talvez eu senti a falta de alguma música do novo trabalho que me fornecesse o mesmo impacto. Mas esse não é um ponto que coloque todo o trabalho a perder, afinal, o disco é impecável em qualidade de gravação, mixagem e masterização, o projeto gráfico também é impactante lembrando algumas capas do Iron Maiden (sim, talvez seja algo da minha cabeça).


As execuções de Leandro Silveira e Rafael Montanha, lembram dois camponeses que deixam o terreno pronto para fazendeiros cultivarem seus frutos, a cozinha firme e sólida formada por esses dois músicos, fazem qualquer guitarrista se sentir leve, pois tem todo o campo livre para fazerem o que bem entenderem, afinal, a música nunca perderá consistência. Leandro Silveira sabe quando a música exige uma intercalação de grooves e Rafael Montanha sabe como manter os graves muito bem afiados. Toda essa consistência mantém uma facilidade monstruosa para Fernando Mazon e o Robson Brigido intercalarem entre a base e o solo, deixando também o compositor e vocalista Guilherme Farias a postos para soltar sua voz.
Don Capone anunciou que possivelmente o EP terá uma continuação vinda em 2018, os caras não se cansam de trazer trabalhos para todos que os curtem ouvir. Eu por exemplo quando ouvi esse disco, abri uma cerveja bem gelada para degustar um verdadeiro Rock acompanhado do que mais combina com esse estilo que amamos, não existe coisa melhor que uma boa música, cerveja gelada e bons amigos. Vida longa a música independente e autoral, vida longa à Don Capone!


Gravado e mixado por Javerson “KIko” Exterckotter. Parceria de Estúdio NK e Estúdio Metralha.


FORMAÇÃO

Guilherme Farias – vocal
Fernando Mazon – guitarra
Robson Brigido – guitarra

Rafael Montanha – baixo

Leandro Silveira – baixo
TRACKLIST
01 – Ressurgir
02 – Não Vou Me Entregar

03 – Forasteiro

04 – Epifania

05 – Corpo Fechado

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Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.