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Resenha: Marco D’Lacerda – Imprevisível (2020)

Muito interessante pegar um disco solo de vocalista pra fazer resenha, ainda mais em português. Eu trabalho com banda em português e sei como é difícil não só fazer soar bem como também criar público com letras no nosso idioma. 

O Rock/Metal é um estilo tipicamente em inglês, não é fácil trazer para outro idioma. A capa do disco é uma foto do artista bem tirada, na frente de um prédio espelhado, bem bacana.
 
 
Li no release que o material foi composto por conta da quarentena, que, com a quebra dos eventos por conta do vírus, o artista resolveu trazer à tona esse disco e colocar em prática sua carreira solo. Muito interessante, bora conferir!
 
A primeira música se chama Imprevisível. Começamos o disco com a faixa título, pegada legal, um rock bem feito com um bom trabalho de produção e arranjos envolventes. A música começa num efeito meio rádio, meio abafado e na sequência vem o áudio normal, tratado e o ouvinte sente como se uma onda de energia atacasse os ouvidos, gostei demais da criatividade na introdução. A música desenvolve bem e a letra é bem bacana também.
 
Na sequência, Amor em Quarentena que obviamente mostra a ideia mencionada no release, total baladinha e romântica. Arranjo bem legal, música pegada chiclete, que fica grudada na cabeça depois de ouvir, totalmente bem balanceada entre instrumental e voz. Importante mencionar esse detalhe pois, quando estamos ouvindo carreiras solo de algum músico, é esperado que o instrumento tocado por ele tenha certa evidência. Gostei da normalidade das composições e dos arranjos. Outro detalhe é que o nosso idioma permite muitas situações divididas, por exemplo, antes de ouvir a música eu não saberia dizer se o amor entrou em quarentena e sumiu ou se o amor aconteceu em quarentena. Isso gerou curiosidade e mostra a fluência que o artista lidou com as letras em português.
 
Vamos de Último Cigarro, terceira faixa do disco. O som começa com teclado, aquele lance de introdução leve pra pesar depois, bastante interessante. Temos aqui um refrão que joga totalmente um relacionamento pela janela, música de revolta, de fim de relação e de indignação, Marco esbanjando técnica e criatividade. O ponto alto com certeza é o refrão lento, todo bonitinho porém com a voz mandando o fatídico “foda-se tudo”, genial.
 
Última faixa, Mundo Canalha, mais pesada novamente, Rock’n Roll bem feito. Letra mais politizada como se fosse um bate papo de bar, com certeza uma música que faz pensar e refletir. O refrão começando com um sonoro “Eu tô puto” e muita revolta declarada. 
 
O disco teve um tracklist bem alinhado, são só 4 músicas mas estão bem dispostas em estilo, uma mais pesada, uma bem leve, outra crescente e terminando com uma mais rapidinha. Essa formação faz com que o ouvinte não queira parar de ouvir, gera dinâmica e me agrada muito perceber que o artista teve essa preocupação.
 
O trabalho foi bem executado e foi mencionado que os arranjos foram feitos à distância no estúdio Funds House, o que demonstra uma grande capacidade musical e também de entrosamento entre os envolvidos. Não é fácil compor e gravar com uma banda onde cada um tem sua atividade definida, imagine com menos pessoas, consequentemente mais tarefas pra cada um e ainda por cima sem estarem juntos? Definitivamente um ótimo trabalho em conjunto com um resultado surpreendente.
 
Material enviado pela Acesso Music.
 
TRACKLIST:
01) Imprevisível
02) Amor em Quarentena
03) Último Cigarro
04) Mundo Canalha
 
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Tecladista desde cedo, produtor musical, atua exclusivamente na área musical com bandas, aulas e estúdio.