Tenho uma história curiosa com a obra do príncipe das trevas. Lá nos meus oito anos quando comecei a ouvir metal, conhecia já o Black Sabbath obviamente, mas não muito a carreira solo do Ozzy. Pois bem, em tempos que internet era apenas para os muito ricos, a primeira canção que ouvi do ‘Madman’ foi “Mama, I’m Coming Home” em um programa de rádio. Nem preciso dizer que odiei o som e fiquei um tempo todo sem ir atrás da carreira solo dele, puro azar o meu, pois estava perdendo trabalhos super relevantes para a história do metal, e porque digo isso agora? … Porque “Ordinary Man”, não é só um trabalho inesquecível, mas é também digno do vocalista da maior banda de ‘Heavy’ Metal de todos os tempos, e tudo bem, Ozzy pode fazer baladas! 

Com uma banda reformulada, contando com Andrew Watt nas guitarras, com o baixista Duff McKagan (que sempre achei um talento desperdiçado), com o baterista Chad Smith (monstruoso) e com mais uma penca de participações especiais, que estarei comentando ao longo das faixas, Ozzy criou seu mais novo álbum, que farei minhas considerações nas linhas que seguem.

“Straight To Hell” é uma típica música de abertura, com pegada e peso, assim como no álbum “Scream”. Não dá para deixar de notar que a voz do Ozzy está muito certinha, daquelas feitas em estúdio, mas vamos relevar isso, afinal, depois de todo inferno que ele passou, esse som é uma declaração, assim como, na verdade, o álbum todo, então “Allright, now!” Ah, conta com solos de ‘Slash’ bem inspirados. 

“All my Life” é uma faixa que me causou uma sensação ruim, não pela música em si, mas pelo clima de despedida que nela é latente e aí, impossível não perceber o quanto o tempo passa, e que um dia, Ozzy irá nos deixar… talvez seja que até por isso, que logo após temos “Goodbye”, faixa um pouco mais pesada e com uma homenagem a “Iron Man” (você sabe de quem). 

E as baladas continuam, “Ordinary Man” foi muito festejada pela união com Elton John onde o músico canta e toca piano. Queria muito manter minha fama de mau e dizer que não gostei, mas que balada bonita ‘pra’ carvalho! O tom melancólico aqui chega no ápice e se você manja um pouco de inglês, irá entender a mensagem que temos em “Under The Graveyard”, que casou completamente com o clima do trabalho. 


Hora de passar pela fase mais ‘hard’ de Ozzy, então “Eat Me” é dedicada para os seguidores dessa fase. Ares de ‘stoner’ e a gaita no começo dão uma pegada toda especial para essa faixa em destaque. O trabalho teria comigo uma nota muito maior, se parasse em “Scary Little Green Men”, mas aí vem as duas últimas, onde temos uma mistura de ‘rap’, música eletrônica e mais algumas bizarrices. E não estou falando isso para bancar o ‘headbanger from hell’, mas sim, porque ficaram ruins mesmo, colocando o dono do álbum em segundo plano. Eu não sei quem é a porra do Post Malone, muito menos o Travis Scott, até entendo que sons como esse possam fazer um público maior descobrir as obras do ‘Madman’, mas para nós, fãs das antigas, não é tão atrativa, enfim, tirem suas conclusões. 


Nosso legado musical ganha um novo capítulo com “Ordinary Man”, e fica a pergunta: qual de nós teria passado por tantas dificuldades e mesmo assim, conseguiria lançar um trabalho de alto nível? Resumindo, é por isso que o Ozzy é extraordinário! 

TRACKLIST
01) Straight To Hell 
02) All My Life 
03) Goodbye 
04) Ordinary Man 
05) Under The Graveyard 
06) Eat Me 
07) Today Is The End 
08) Scary Little Green Men 
09) Holy For Tonight 
10) It’s A Raid 
11) Take What You Want 

FORMAÇÃO
Ozzy Osbourne – vocal
Andrew Watt – guitarra
Duff McKagan – baixo
 Chad Smith – bateria