32 anos de estrada, 13 álbuns de estúdio, um arsenal musical que ao longo dos tempos foi do Hardcore ao Blues: encontrar uma única diretriz que guie e envolva o direcionamento da banda americana Clutch, oriunda de Maryland, é quase tão simples quanto a vida. Ou seja, nem um pouco fácil. “Clutch Music” pode ser algo justo, acessível, até plausível para a musicalidade desse fantástico quarteto dos Estados Unidos.

 

A banda Clutch, liderada pela poderosa e marcante voz de Neil Fallon, vem se desenvolvendo ao longo das décadas como uma daquelas bandas para quem fórmulas, simetrias e parâmetros ferrenhos não parecem ser lá muito atrativos. Muito pelo contrário: o grupo completado por Tim Sult (guitarra), Dan Maines (baixo) e Jean Paul Gaster (bateria) impôs em cada um de seus materiais toques de diferentes inspirações, influências e referências. Com influências musicais que vêm do Folk, do Blues, do Hardcore, do Stoner e do Metal, e temáticas que abraçam a Literatura, o Cinema e o absurdo, a banda se torna um daqueles nomes bem únicos que conseguiram se reinventar e surpreender um pouco, mas sem reviravoltas estapafúrdias, a cada novo lançamento. Como um menestrel moderno e um poço de boas referências (outras mais obscuras, outras menos), Neil Fallon concede ao grupo uma aura de trova, de poesia e de energia lírica arrebatadora. O groove dinâmico e incontestável do excelente baterista Jean Paul, com suas referências de vertentes como Blues e Jazz, se une às cordas magistralmente executadas por Dan e Tim, entregando dinâmicas que conversam perfeitamente com as linhas vocais de Neil.

 

 

A banda estreou oficialmente em Estúdio com o EP “Pitchfork” em 1991, seguido por “Passive Restraints” de 1993, ambos mais orientados a um som mais áspero, de uma crueza visceral e guiados pelo Hardcore. Mas foi em 1993 que a banda lançou seu primeiro álbum completo, o sólido e raivoso “Transnational Speedway League: Anthems, Anecdotes and Undeniable Truths”, que teve uma recepção positiva da crítica e entregou alguns dos momentos mais viscerais da banda. Ali, começava a se mostrar mais oficialmente e de forma mais evidente para o mundo uma banda que por décadas seguiu absorvendo possibilidades, refinando sua sonoridade, mas sem perder sua verdade lírica, musical e, porque não, cênica.

Desde então, a banda seguiu trabalhando duro, realizando longas e extensas turnês, e nos concedendo a possibilidade de novos materiais de Estúdio, cada vez mais se afastando daquela matriz hardcore e densa dos primeiros lançamentos, iniciando sua abordagem do Blues, do Hard Rock, da Psicodelia, do Stoner, mas com sua própria roupagem e personalidade. Com shows explosivos e cativantes, o grupo permaneceu crescendo sua base, e entregou então lançamentos excelentes, como o primoroso e clássico “Blast Tyrant” (2004), e os igualmente poderosos “Pure Rock Fury” (2001), “Earth Rocker” (2013) e “Psychic Warfare” (2015)

 

O trabalho mais recente do Clutch foi lançado em 2022 e tem o título de “Sunrise on Slaughter Beach”, que segue evidenciando a capacidade da banda de se consolidar nos detalhes, aspirando uma sequência progressiva de qualidade a cada ano que passa, sem deixar “cair a peteca” e provando ser como o vinho, ao menos para este que vos fala.

 

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Matheus, redator musical por paixão, crocheteiro por profissão e fã de Stoner Rock e Doom Metal por falta de rumo na vida. Fã de Black Sabbath, Motörhead, e igualmente de Michael Jackson e Abba. Criador do selo Bruxa Verde Produções e da Brasil Chapado. No gods no masters.