Início Colunas Talvez Desconhecido: Mississippi Bones (EUA) #27

Talvez Desconhecido: Mississippi Bones (EUA) #27

Falar de uma banda como a Mississippi Bones pode ser uma tarefa tão simples quanto árdua, justamente pela simplicidade que envolve seu som ser um fator “complicador” para análises. Basicamente, o que você tem é um projeto que se iniciou como duo por volta de 2010 e em 2021 é um sexteto, mas cuja sonoridade dentro desse espectro de tempo não sofreu nenhuma mudança brusca e assustadora, e que também não é a reinvenção da roda ou algo semelhante. Então, o que temos para poder considerar a banda como um frescor dentro dos sons que se propõem a abordar? Algumas coisas.

Riffs sólidos e direcionamento musical coerente. Pra começo de conversa, desde o álbum de estreia Mississippi Bones (2010) o projeto formado por Jared Collins (vocal/programação) e Dusty Donley (guitarra/baixo/programação) trouxe na convicção em bons riffs e melodias mais simples, porém ainda assim grudentas e empolgantes, um Norte aparentemente certeiro para seu trabalho. Se revestindo de influências que passeavam pelo Stoner Rock, pelo Heavy Blues, Southern Rock e Hard Rock, a dupla proporcionou um cartão de visitas bastante promissor com seu primeiro trabalho, ainda que com uma produção notoriamente mais simples e crua. Apresentaram com tal lançamento um convite à canções como The Venkman Vampire Blues, afiadíssimas em seus fraseados, conexões e ritmos, com refrãos muito bem pensados e desenvolvidos. Sem bobear, remetendo a nomes como Clutch, compatriotas que liderados pelo vocalista Neil Fallon, também apresentavam qualidades semelhantes em suas obras, com trabalho vocal igualmente poderoso e ótimas canções pegajosas.

Dois anos após, ainda com a formação de duo mas contando com algumas participações pontuais, veio o segundo registro da banda intitulado Tracks. Com a esperança e credulidade que botei no trabalho de estreia, certamente aguardava com ansiedade esse novo “ataque” dos caras, e definitivamente não fizeram feio: Tracks fez jus em qualidade ao álbum de estreia e trouxe mais uma rodada de ótimas e ainda mais enérgicas canções, como a faixa de abertura American Surreal, a groovada e climática Jade Fire e a frenética Johnny Switchblade. Aqui, já era reafirmado algo que seguiu uma constante absoluta e de grande valor em todo o trabalho da banda: as letras e temáticas.

Dentre os maiores destaques da banda, certamente se pode elencar as temáticas abordadas e as formas como vêm as composições e letras da Mississippi Bones. Para nenhum amante de sci-fi, Terror, HQs e outros temas botar defeito. Vampiros, demônios, espíritos e até Os Caça-Fantasmas são alguns dos temas abordados de forma bem humorada e cínica, com ótimas letras, nas músicas da banda. As referências, conforme inclusive já pude checar  e até baseado em uma ou outra conversa com o próprio, vem um bom tanto das referências literárias e nerdice do vocalista Jared Collins, apaixonado por sci-fi e determinadas vertentes de literatura. E isso se reflete bastante nos temas abordados pela banda, que em sua vasta discografia (para o tempo de existência da banda até aqui) disserta bastante sobre todas essas formas e vertentes de cultura pop e arte, mantendo o capricho no teor irônico e divertido, principalmente.

O trabalho mais recente da banda é o EP The Legend of Buckshot Rodgers, que talvez seja uma das poucas “estreias” ou grandes novidades em se tratando da carreira da banda, pois é a regravação da primeira leva de composições da banda, coisa de mais de dez anos atrás, e vem agora em uma nova roupagem mais bem produzida e apresentando aquela que pode ser a safra de faixas mais pesadas e densas do grupo, seis canções de um heavy blues esfumaçado embebedo em whiskey e sem nenhuma falha para os apreciadores do gênero. Fica aí mais uma valiosa dica, para os que procuram um rock´n roll divertido, descompromissado e elétrico com boas letras.

 

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Matheus, redator musical por paixão, crocheteiro por profissão e fã de Stoner Rock e Doom Metal por falta de rumo na vida. Fã de Black Sabbath, Motörhead, e igualmente de Michael Jackson e Abba. Criador do selo Bruxa Verde Produções e da Brasil Chapado. No gods no masters.