Salve amigos leitores d’O Subsolo, Renan Bezan por aqui!

É com muito prazer que trago a vocês a minha segunda participação na coluna do Top Five, que, confesso, é um exercício mental muito prazeroso e ao mesmo tempo desafiador, mas estamos aqui pra isso. 

Nesta edição lhes trago ótimas indicações, principalmente para os fãs de Doom/ Black Metal, transitando entre bandas iniciantes e veteranos, que, muitas vezes, acabam passando despercebidamente pelo público. 

Ah, vale sempre lembrar que, se você gostou de alguma dessas bandas mencionadas aqui, não deixe de apoiá-las, seja curtindo, compartilhando ou até mesmo comprando os materiais delas, afinal, em tempos pandêmicos o apoio à cena tornou-se ainda mais vital do que o habitual. 

Boas audições! 


01) FUNERAL DAWN – Doom Metal – Osasco/SP 


Abrindo a nossa lista com o mais novo projeto do grande Thiago Alboneti que, repito, é com toda certeza a mente mais prolífera e criativa do nosso atual cenário. Para você que não conferiu ainda a edição #170 (a primeira que tive o prazer de redigir), apresentei o projeto principal de Alboneti, o Beyond Chaos

Inner Demons é o primeiro registro do Funeral Dawn e o terceiro álbum lançado pelo músico somente neste ano (viu o que eu disse a respeito da criatividade do sujeito logo acima?). 

Deixando de lado o tradicional Death Metal inerente na obra da banda principal, Thiago abraça sonoridades mais obscuras e fúnebres, com influências de bandas como Doom VS, por exemplo.

Junção essa, que rendeu um belíssimo trabalho, cheio de camadas distintas e uma sonoridade que não deixa a dever em nada às bandas clássicas da vertente. 

Indico a vocês a faixa My Funeral a segunda do álbum. O arranjo do piano desta música ecoará em seus ouvidos por horas a fio. O trabalho está disponível no Youtube e em todas as plataformas de streaming.



02) Pantáculo Místico – Occult Doom Metal – Fortaleza/CE 


Essa foi um verdadeiro achado. Sabe aquela simpática barra de recomendações do Youtube? Pois bem, foi através dela que tive acesso ao som desta incrível banda. 

Formada em 1997, a proposta do grupo é trazer aos ouvintes temáticas que são referentes ao ocultismo, como o autoconhecimento e sabedoria através das artes antigas.

O primeiro trabalho da banda foi a Demo Magnitude Oculta, lançada em 1999. Após este ocorrido, novos materiais chegariam apenas 15 anos depois, com o EP Velado Por Entidades

Segundo a banda, este novo registro surgiu de forma despretensiosa, uma vez que lançamentos não estavam nos planos do grupo. O que se ouve nada mais é do que uma gravação feita em um único take durante um ensaio, que tinha como objetivo servir de teste para que os músicos pudessem comprovar como o som estava soando ao vivo. 

E, após algumas participações em coletâneas, em 2016, o Pantáculo Místico finalmente lança seu debut, o álbum Hermético. Contando com sete faixas, a temática da obra envolve um conceito alquímico apresentando ao ouvinte, processos que todos os seres humanos devem passar até atingir a sua total iluminação (se isso não é uma banda cabeça, eu não sei o que é). 

Esse é um daqueles grupos que vale a pena mergulhar de cabeça na obra. Realmente é uma viagem muito rica, tanto em sonoridade, quanto ao estudo de interpretação das letras, entoadas em nosso idioma nativo. 


A seguir a faixa Viagem Astral



03) Fratura – Black Metal – São Paulo/SP


Mais uma one man band neste TOP FIVE. O mais curioso é que a conheci há pouquíssimos dias. A paulistana Fratura surgiu neste maldito ano de 2020 com duas pedradas resultantes das misturas entre o Punk e o Raw Black Metal. A primeira delas, foi o EP Corpo Seco, lançado em agosto, e que conta com nove faixas brutais. 

E, na mesma semana em que termino esta coluna, mais um trabalho veio à tona. 

Orff Infernalis traz uma evolução natural ao projeto, tanto no fator mixagem, quanto ao peso das composições (sete faixas do mais puro Metal Negro). 

O Fratura é uma banda para lá de promissora, muito indicada para apreciadores do som de grupos como Burzum, Darkthrone e Celtic Frost


Deixo a seguir a climática How They Born



04) Dead Limbs – Atmospheric Black Metal – Rio de Janeiro/RJ 


Você já se deparou com alguma banda cujas informações todas são tão escassas que uma aura de mistério paira sobre ela? Pois esta foi uma delas. 

Eu a descobri enquanto navegava pelo Instagram, especificamente pela página Brazilian Metal Bands (diga-se de passagem, uma ótima fonte para se conhecer novos grupos) quando trombei com a capa e um trecho da música Echoes of The Yore do até então único registro das misteriosas entidades do Dead Limbs, o intitulado Spiritus/Sulphur de 2017.

O som me agradou tanto que coloquei a música como indicação durante minha participação na edição #15 do podcast d’o Subsolo, um especial sobre os poloneses do Batushka.

Entrando em contato com a banda pelo Facebook, consegui adquirir o material físico (um dos xodós da minha coleção) lançado pelo selo alemão Nothern Silence Productions. E que material de primeira meus amigos! 

Além disso, consegui algumas informações a respeito da banda e agora compartilho com vocês.

Formada por Asclepius, Saturnus e Poimandres, o Dead Limbs possui influências de bandas como Agalloch e Mgla. O som do grupo traz elementos melódicos em meio a já tradicional sonoridade do bom e velho Black Metal. Elementos estes, que com toda certeza ficarão marcados em sua mente após as audições do trabalho de estreia. 

É uma obra tão primorosa que faço questão de trazer uma resenha mais detalhada sobre ela. Por hora, minha indicação é a música que me abriu as portas para o Dead Limbs



05) PATRIA – Black Metal – Carlos Barbosa/RS 


Esta foi uma das primeiras bandas brasileiras que tive contato enquanto pesquisava tipos de vocais como referência para desenvolver o meu estilo em minha banda, a Sacramentia. E folheando um antigo lote de revistas Roadie Crew me deparei com o incrível Patria.

Este magnífico projeto já passou por diversas encarnações, mas as mentes criativas por trás da banda são o vocalista Triumphsword e o multi-instrumentista Mantus, ambos veteranos de outras bandas como o Mysteriis e Thorns of Evil

Desde a estreia em 2009 com o excelente Hymns of Victory and Death até o mais recente trabalho Magna Advérsia, o Patria se mantém fiel às sonoridades mais gélidas e tênues que consagraram o estilo a que pertencem, porém sem perder a agressividade e o som inerente das bandas sul americanas.

Sem sombra de dúvidas, uma banda que merecia muito mais respeito e visibilidade dentro do cenário brasileiro. Escolher apenas uma música é uma tarefa muito difícil e muitas vezes injusta. Comece por Old Blood Legacy e mergulhe de cabeça sem medo algum na já extensa discografia do Patria.


Nascido no interior de São Paulo, jornalista e antigo vocalista da Sacramentia. Autor do livro O Teatro Mágico - O Tudo É Uma Coisa Só. Fanático por biografias,colecionismo e Palmeiras.