Pois é amigos.Em pleno 2023 e a gente ainda precisa pensar em boas maneiras para artista tratar fã.

Até os anos 90 ainda existia um lance platônico, distante, até mesmo apoteótico de o fã enxergar o artista. Só tínhamos contato com artistas em dia de show e, muito às vezes, em aeroportos ou hotéis.

O fato é que com a modernização da mídia, assim como a maneira de ouvir música mudou, a maneira de ter contato com o artista também mudou.

Antigamente ouvíamos música no vinil simplesmente pelo fato de não ter outro caminho. Acreditem, não era saudosismo nem cool. Depois vieram as mídias de fita magnética como o cartucho e, posteriormente, o K7. Na sequência surgiram as mídias em disco laser, como o cd, md e outros formatos anteriores ao MP3.

Nesse caminho evolutivo, o processo era muito comum e mercadológico: o artista lança disco, a loja o vende, o fã o compra, logo, o fã quer ir ao show. Assim, a máquina funcionava e o contato com o fã era lá no final do funcionamento do negócio.

Artista antipático tinha seu lugar na cadeia alimentar, afinal, ele dava duas patadas em fã a cada vez que fazia show. E essa atitude até era considerada “ok”…

Mas hoje em dia a coisa mudou, o formato digital pós mp3 revolucionou o mercado e transformou o artista num mortal assim como o fã. Redes sociais e canais de streaming deixaram o artista pertinho, quase palpável.

Aí entra o contato constante e o dia a dia.

Vamos pensar num caso simples: Seu vizinho é fã da sua banda. Sim, hoje em dia acontece! Ou ainda, tem um espectador no bar que você toca todo mês que é seu fã.

Como você se comporta?

Cansa o fato de a pessoa ser chata, invadir sua privacidade e ainda querer que você esteja de bom humor e sorridente o tempo todo?

Estamos colocando um caso que pode rolar com a sua banda pequena, não de uma banda grande e consolidada. Mas, pense no caso amplificado por 1000 e veja o que seria da banda grande.

O artista sofre assédio digital constante e não pode se dar ao luxo de postar o que bem entende. Nem mesmo piadas e afins.

O mundo ficou chato? Não, só ficou fácil de atingir infinitas pessoas numa fração de segundo.

O cuidado com o fã deve ser tomado constantemente e, quando eu digo cuidado, englobo o respeito, o carinho e o contato. Perder a paciência é humano, mas precisamos ter em mente que a pessoa que está assediando nem sempre se coloca no lugar da pessoa assediada e acha mesmo que ela é a única a fazer aquela pergunta chata ou a te cutucar ou seja lá qual for o tipo de assédio que irrita o artista em questão.

Vejam que não estou a defender artista algum, apenas estou tentando colocar em palavras o problema do assédio diário.

Exemplos rotineiros:

– Artista arrogante e problemático: Yngwie Malmsteen.

Hoje em dia temos redes sociais e informação suficiente para saber que não se deve cutucar o fulano. Isso faz dele um artista ruim para alguns e um Deus para outros.

– Artista gente fina:Christopher Bowes (Alestorm).  

O cara conversa e tira foto com TODOS. Pelas redes sociais conseguimos analisar o perfil do artista e entender que não há limites para a bagunça com este artista. Isso faz dele um ídolo para alguns e um boboca para outros.

No fim de semana anterior ao dia em que escrevi esta coluna, houve um incidente com o Arch Enemy, onde a vocalista da banda, de forma totalmente deliberada, chuta o celular de um profissional de imprensa que estava no corredor entre o palco e o público.

Qual será a repercussão de tal feito para o fã?

É possível deixar de ser fã por conta de uma atitude impensada? Ou, como já foi questionado em outras colunas, é possível separar a obra do artista?

Novamente uma coluna bastante filosófica e escrita para causar reflexão.

Tratar as pessoas com empatia é o mínimo que esperamos de qualquer pessoa, em qualquer ambiente. O músico é um profissional assim como qualquer outro e tem que tratar o seu cliente (fã) com o mesmo zelo que qualquer outro profissional que depende do fã para manter seu ganha pão.

Hoje em dia as coisas são muito pesadas em termos de repercussão. Nossas ações no mundo virtual chegam a ter mais impacto do que as do mundo real.

Com o artista sendo trazido mais pra perto, e o fã tendo maior poder de contato com o seu ídolo, cabe aos dois lados tomar algumas ações que podem mudar o mundo:

ARTISTA

– Acolha com carinho;
– Entenda a importância daquele contato para quem o contata;
– Se estiver sem paciência, deixe para depois;
– Responda de forma única;
– Evite questões polêmicas;
– Pesquise antes de falar sobre determinados assuntos;
– Entenda o que a pessoa deseja.



– Aborde com educação;
– Seja claro e prático;
– Evite assuntos constrangedores ou polêmicos;
– Tenha consciência de não ser a única pessoa a fazer contato por aquele canal;
– Se perguntou algo, aceite a resposta e evite questionar o motivo da resposta;
– Releia seu texto antes de enviar;
– Pesquise o assunto que vai abordar.

Sejamos gente boa uns com os outros. Vamos evitar que o artista seja transformado em vilão.

Ninguém quer ganhar má fama, mas às vezes ela vem por conta de algo tão simples, que nem dá pra acreditar…

Bora trabalhar em sermos melhores pessoas dos dois lados da moeda!

Abraços!

Tecladista desde cedo, produtor musical, atua exclusivamente na área musical com bandas, aulas e estúdio.