Acabo de receber aqui o material da banda Murdock, de Santa Catarina. O release dos caras chegou bem completinho, com além de todos os arquivos, um resumo no corpo do e-mail com todas as informações importantes e relevantes, ou seja, os caras mandaram muitíssimo bem e estão preocupados em proporcionar uma boa impressão para quem ouvir seu trabalho.
O legal da pré-audição é que a capa pode te trazer inúmeras possibilidades, não dá pra sacar o som, mas eu adoro tentar!


Temos duas colunas gregas com três crânios, um humano e dois canídeos, um olho no centro e tudo isso com um fundo rosa/roxo, bem simétrico, geométrico até. Não fosse uma assimetria entre os crânios, seria totalmente linear. O crânio humano tem uma coroa de espinhos e de algum lugar brotam chifres. Bem legal!

Dei o play, agora é só balançar a cabeça!


1- Irônico Maldito, o som começa com um pegada mais arrastada, lenta, timbragem pegada old school, já gostei do vocal. Tenho respeito por bandas que fazem letras em português, nosso idioma é complicado de soar bem em som pesado, ponto pra eles. O som é bem envolvente, tem melodia e riffs cativantes.


Seguimos com Ser, que já começa com nosso querido Zé do Caixão, já curti demais! A música segue num bpm mais baixo e com um riff marcado e que deixa a melodia de voz bem evidente. Todo o conjunto está bastante temporal e deixa claro que é intencional.

Faixa 3, Pesadelo Acordado, inicia com o bpm similar ao das outras músicas mas logo ganha um pouco de velocidade e o groove de bateria mais cavalgado dá uma nova sensação pro som. Eu, particularmente prefiro uma sonância mais moderna, mas devo destacar o estudo de timbre que fez com que a banda soasse tão setentista.

Chegamos na faixa título, Entre Tigres e Lobos, riff poderoso, bem envolvente e cheio de cadências, até então minha favorita. Notei que há influências de bandas grandes nos riffs e que tudo foi bem aproveitado. A letra em português está funcionando perfeitamente, o baixo e a guitarra tem uma conversa séria no meio da música, gostei muito do preparo para o solo, destaque para o arranjo.

Quase no fim do disco, Vingança das Bruxas começa com uma FX que me deixou na dúvida se era fogo ou água, mas aí vem um trovão e esclarece ser água! Aí uma mulher chora e uma intro lamuriosa assume o lugar. Estamos na música mais longa do disco, 7 minutos, o riff apesar de lento é bacana de ouvir e está bem desenvolvido. Neste som em especial eu notei um novo processo na voz, temos mais backing vocals, o que faz com que a música ganhe um corpo, uma nova camada de timbre.

Último som, Olhos Sinistros, que é uma remasterização de um trabalho antigo dos caras. A música tem, como todas as outras, um riff simples e eficiente, que mostra a fidelidade da banda ao estilo. Nesse som o baixo ganha expressão e mostra linhas bem ativas e bem elaboradas. A banda se manteve no ritmo e entregou um EP gostoso de ouvir.


A banda, formada em Tijucas/SC, se formou com a intenção de trabalhar um rock psicodélico mas acabou por deixar a veia mais pesada e direta transparecer. O disco me enganou pela capa, eu esperava algo mais agressivo, talvez. Gostei muito do trabalho dos caras e recomendo fortemente. Na minha visão, hoje em dia temos espaço para todo tipo de som e todo tipo de ideia, a minha única ressalva é a produção extremamente voltada para o antigo e não para o moderno. Eu gostaria de ouvir essas músicas produzidas com cara nova, sem o chiado do vinil.

 

Formação:
Guilherme Sezoski – guitarra/voz
Rafael Rau – guitarra
Pholl Gregório – baixo
Guilherme Franco – bateria

Tracklist:
1- Irônico Maldito
2- Ser
3- Pesadelo Acordado
4- Entre Tigres e Lobos
5- Vingança das Bruxas
6- Olhos Sinistros

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Tecladista desde cedo, produtor musical, atua exclusivamente na área musical com bandas, aulas e estúdio.