E após quase sete anos, o Metallica lança 72 Seasons, sucessor do Hardwired… to Self-Destruct, álbum lançado em 2016. O quarteto mostrou que o período de pandemia foi produtivo, e vão olher os frutos em mais um excelente registro. O trabalho conta com a contribuição do guitarrista Kirk Hammett nas composições, já que ele não foi creditado no último disco por ter “perdido” um celular com os riffs. Agora, vamos falar um pouco sobre cada uma das 12 músicas que compõem esse disco:

A excelente 72 Seasons, traz uma introdução de baixo bem marcante. É Trujillo ao melhor estilo do saudoso Lemmy Kilmister. É um som carregado de energia, e os riffs muito me lembram a pegada do Death Magnetic, lançado em 2008. Essa é a segunda maior canção do álbum, com 7:39 de duração.

Shadows Follow traz uma pegada cadenciada com grandes riffs e uma linha de voz bem marcante. Consigo sentir nas dobras de voz alguns elementos da época de  Load/Reload. A bateria de Lars está com uma sonoridade incrível, e as viradas que ele faz na música engrandecem demais os riffs das guitarras, destaque para o final, onde é possível sentir a sinergia do grupo.

Screaming Suicide foi um dos singles que o Metallica soltou, a faixa já começa com uma linha “lead” de guitarra com a maior assinatura de Kirk Hammett, o amado/odiado wah wah. O refrão tem uma linha brilhante onde James mistura melodia com o peso do stacatto da voz gritado: “Keep Me Inside, Keep me inside my name is suicide”. O solo da música não chega a ser marcante, mas não compromete a obra. Já o pós solo, é o ponto alto da música, onde o vocal declama sobre uma “voz interna” para na sequência, atear fogo novamente à faixa.

Sleepwalk my Life Away começa com Trujillo martelando o baixo, enquanto a guitarra passeia os riffs pela linha consistente que o baixista fez. Kirk faz um solo que em muito remete os tempos de Kill’ em All, mas numa cadência consideravelmente mais lenta do que na época, com certeza. A música tem uma ligeira mudança próxima dos cinco minutos, numa cadência e riff que muito me  remeteu ao Black Sabbath.

You Must Burn! lembra demais a época Load/Reload mais “tunada”, com linhas cadenciadas e abusando das características vocais de James. O vocalista mais uma vez impressiona com as linhas e dobras de voz. A música traz muito peso e cadência, um solo que soa muito bem, e “cresce” no momento certo.

Lux Æterna traz toda a visceralidade e velocidade do início do Metallica.  Se o Kill’ em All fosse lançado em 2023, com certeza soaria dessa maneira, e a canção sobre uma eterna luz estaria no registro. Foi nostálgico e gratificante ver essa “volta no tempo” da banda. É a música que me conquistou logo de cara quando ouvi, no lançamento ainda como single.

Crown of a Barbed Wire é uma faixa enérgica com uma ótima levada, a guitarra de James com a bateria de Lars que cadenciam a canção. A poesia da letra é algo a ser considerada como ponto alto, a música é muito mais fácil de “entender” ao ler a letra, e sentir a aspereza que o grupo tentou passar.

Chasing Light começa com James urrando “There’s no Light!” e entra a música em um groove, com mais uma introdução repleta de wah wah do Kirk Hammett. A música novamente traz à tona elementos do Death Magnetic, Hardwired… e Reload.

If Darkness Has a Son é mais uma das que o Metallica soltou como single antes, e é uma faixa excelente, visceral com a bateria de Lars Ulrich iniciando a faixa, logo sendo acompanhada pela cavalgada das guitarras. A guitarra solo da introdução tem uma linha agradável ao ouvir, e em termos de guitarra “lead” nas introduções, para mim, é uma das melhores do disco.

Too Far Gone? é uma música marcante, que também me fez “voltar no tempo” lá para o Kill’ em All com seu riff de introdução. Interessante a construção de vozes ao longo da melodia da música. Algumas cavalgadas de guitarra como nos velhos tempos.

Room of Mirrors é uma faixa rápida, matadora, com transições ao melhor estilo Metallica. A banda mostra elementos de vários elementos, desde o Old School até sonoridades mais modernas. O solo de Kirk Hammett nesse disco é um dos melhores do guitarrista nos últimos 25 anos. Mais uma canção a se exaltar a coesão das levadas.

Para finalizar, vem a cereja do bolo. Inamorata traz toda criatividade e qualidade técnica do quarteto. A a introdução trabalha com algumas dobras de guitarra muito bem harmoniosas, a linha vocal entra poderosa, e são 11 minutos sem cansar, pois a música possui várias variações. O dom do Metallica de fazer músicas extensas que não cansam o ouvinte. Perto do meio da música, senti uma referência à Unforgiven III. No geral, parece que a canção foi feita para exaltar a qualidade de todos os membros. Creio que é minha favorita.

O álbum todo, é um registro de qualidade excelente, mostrando que o Metallica ainda sabe trabalhar com grandes canções. Se há uma crítica a ser feita, é a ausência de uma balada, pois o grupo sempre foi conhecido por lindas baladas nos  discos, mas é um ponto que toda a qualidade do álbum supre sem nenhum problema.

72 Seasons veio para mostrar que o Metallica vive um momento incrível, com os quatro membros em forma impressionante. Todos tem seu grande momento de destaque ao longo das 12 canções. Uma bateria muito sólida, as linhas de baixo incríveis de Trujillo, solos de Kirk que, nogeral, foram bem satisfatórios, riffs como sempre espetaculares do James, e as vozes… o vocalista vive seu auge técnico.

Aos fãs de Metallica e de música boa, com certeza irão apreciar muito. Agora fica a ansiedade para ver os registros ao vivo e em breve no Brasil, assim esperamos!

Tracklist
1- 72 Seasons
2- Shadows Follow 
3- Screaming Suicide
4- Sleepwalk My Life Away 
5- You Must Burn!
6- Lux Æterna
7- Crown of a Barbed Wire
8- Chasing Light
9- If Darkness Has a Son
10- Too Far Gone?
11- Room of Mirrors
12- Inamorata