O ano é 2019, quase 2020, a cena é a mesma, as pessoas também. Devemos colocar o dono do bar ou o produtor de eventos (ou os 2) num altar e venerá-los?
Essa situação de bandas se rastejando aos pés desses profissionais é muito comum, triste e constante na cena rock/metal do BR. O músico é um fantoche na mão desses caras por acreditar que não se consegue fazer nada sem eles.
Vamos ao caso:
– Sua banda quer tocar e você recebe um contato de dono de bar/produtor te convidando para fazer um som.
Sua primeira reação é achar bacana, claro!
Aí vem os poréns:
– Tem que vender ingresso;
– Tem que levar equipamento completo;
– Tem que imprimir flyer para divulgar;
– Tem que levar técnico de som;
– Não tem cachê;
Pois é…. Quem nunca passou por um convite desses não é mesmo?
O que fazer e como agir?
A realidade é dura e triste: Ninguém de fato precisa se sujeitar a isso, mas o mercado atual está assim e a culpa é nossa.
O dono do bar / produtor se coloca nessa posição simplesmente pelo fato de que as bandas permitiram que isso ficasse dessa forma. Uma banda tentando passar por cima da outra aceita cada vez mais humilhações pelo simples prazer de tocar e não deixar a banda rival se apresentar.
O fulano contratante está é feliz! Obviamente ele tem seu trabalho, seu investimento, seu espaço e seu tempo. Tudo isso gera custo, gera problema, gera todo tipo de situação que é normal de surgir com qualquer negócio, porém, o som está garantido, afinal, a banda vai tocar de graça e ainda resolver todos os trâmites para o evento.
A expressão “uma andorinha sozinha não faz verão” deveria ser revivida mais vezes pelos músicos e bandas. Se todas as bandas se unissem, isso seria mais fácil.
Lá no ato do convite o que tem que rolar é:
– A banda aceita, mas não se compromete em fazer a venda de ingressos;
– Temos um mapa de palco e Rider técnico* com o que é necessário para nossa apresentação;
– A banda se compromete em divulgar o evento nas redes sociais, mas não vai fazer nada em nome da casa;
– Se a casa não tem técnico, a banda deve sim se preocupar em ter o seu, mas o cachê do técnico precisa ser negociado;
– TODO MUNDO TEM CUSTOS. A banda ensaia, se locomove, se alimenta, não pode simplesmente tocar pelo prazer de tocar. Cerveja não é cachê. Ponto final.
Isso é um mínimo.
Ah, mas se eu não topar, o fulano chama a banda do vizinho e aí nunca mais me chama pra nada.
Concorda que um fulano desse é melhor mesmo que não chame?
Obviamente que não quero entrar em méritos de máfias, grandes casas, grandes festivais, nada disso, mas se as bandas tivessem certo pulso, as coisas poderiam ser diferentes sim.
Utopia? Não, só boas práticas de ambos os lados e menos lambeção de sapato.
Fica a dica e a mão na consciência. Da próxima vez que sua banda for convidada a tocar em algum lugar, atenção aos detalhes e saiba conversar.
Os fulanos lá do topo, que contratam sua banda, só querem lucro. Vamos aprender a dar o devido valor ao nosso trabalho e jogar o mesmo jogo deles.
Não seremos iguais aos fulanos, de forma alguma, mas seremos justos.
*Rider técnico é um checklist de itens necessários para a apresentação.