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Entrevista: Hatematter (São Paulo/SP)

Hatematter iniciou sua trajetória em 2007 em São Paulo/SP com a meticulosa exploração de texturas sonoras, visando criação de um estilo de Metal agressivo sem se comprometer a melodias. Com influências distintas dentro do cenário pesado, diversificando entre Melodic Death e Groove Metal de bandas que vai desde Carcass, Nevermore e In Flames até Hipocrisy, Grave Digger e Blind Guardian.

Trazemos nessa entrevista algumas abordagens interessantes sobre a carreira da banda, respondida em conjunto. Confira a entrevista na íntegra:

Obrigado pela entrevista e pelo tempo cedido à nossa equipe. Para iniciar, como foi o processo de evolução musical da Hatematter desde o início em 2007 até o lançamento do último álbum “Antithesis” em 2023? Quais foram os principais desafios e conquistas ao longo dessa jornada?

Buck: Sempre buscamos integrar o estilo de todos os integrantes em cada álbum. Entre “Doctrines” e “Foundation” vemos um amadurecimento de estilo e composição, enquanto em “Metaphor” temos uma maior experimentação de timbres, ritmos e participações. Isso culminou em “Antithesis” com a continuidade dessa experimentação e trazendo novos elementos as composições.

“Foundation” foi um projeto inspirado nos livros de Isaac Asimov. Como foi a experiência de traduzir conceitos literários complexos em composições musicais? Vocês planejam explorar outras obras literárias no futuro?
Thiago R.: O “Foundation” em si marca meu ingresso na Hatematter, em 2014, como parte do núcleo criativo. Eu e o [André] Martins passamos mais de dois meses imersos no tema, lendo e relendo e discutindo a trilogia da Fundação, estruturando o que elencamos como cenas-chave… desde a introdução ao conceito da Psico-história de Hari Seldon, até a grande revelação em Trantor, “onde as estrelas findam”, consideramos os personagens pivotais, e os eventos cataclísmicos dos quais eles tomaram (ou não) parte. Com esse “mapa” arquitetado pelo Martins, passei mais 7 meses escrevendo e reescrevendo as letras, e ao longo desse processo, mantivemos reuniões pontuais com o Guilherme , o vocalista à época. Isso contribuiu muito para a qualidade final do disco, e claro, foi o primeiro passo em direção à ficção científica como tema recorrente. Sobre um novo trabalho conceitual da Hatematter, podemos adiantar que no momento é algo improvável, mas de forma nenhuma impossível. 😉

O álbum “Metaphor” incorporou temas de ficção científica moderna, como os filmes “Blade Runner” e “Mad Max: Estrada da Fúria”. Como a cultura pop influenciou a criação musical da banda?

Thiago R.: As pre-produções e composição das letras do “Metaphor” começaram no meio de 2016, se estendendo até final de 2017. Quando eu e o Martins nos juntamos para discutir potenciais temas, descartamos um caminho conceitual, devido à estafa que o processo criativo do “Foundation” havia nos causado. Mas de toda forma, ainda queríamos utilizar a ficção científica como pano de fundo predominante para esse novo trabalho. Logo, começamos a discutir sobre isso, e sobre demais temáticas do nosso interesse, que fossem mais independentes entre si, e que tivessem aderencia às composições. Neste período, fomos muito influenciados por uma onda de grandes produções audio-visuais, como “A Chegada” e “Blade Runner 2049” do visionário Denis Villeneuve, reflexões importantíssimas em episódios brilhantes de Black Mirror, a violenta catárse de areia e sangue de “Mad Max: Estrada da Fúria”, entre outros. Todos na banda gostaram e apoiaram essas escolhas de tema, que também tiveram tangentes em temas mais espinhosos, como críticas ferrenhas a religião organizada, depressão e suicídio, e abandono.
Todo esse ar “cyberpunk” somente se consolidou pela presença do [Rafael] Lopes como produtor e compositor. Seus prólogos e interlúdios entre as faixas, do meu ponto de vista, cimentaram a cor vermelho-enferrujado, e o tom cinza-melancólico, que fazem do “Metaphor” um disco tão especial.

O single “With Mankind Beneath my Feet” foi lançado em homenagem a Gustavo Polidori. Como foi lidar com a perda de um membro fundador e amigo próximo? De que forma essa experiência impactou a dinâmica e o processo criativo da banda?

Buck: O Gustavo sempre teve participação no processo de composição da banda, inclusive participando da composição desse som, então o desafio foi continuar as composições honrando o seu legado mas também respeitando a evolução natural da banda. Hoje mantemos a mesma dinâmica de composição que tínhamos, mas dessa vez com espaço maior para inserir os novos elementos da banda e com uma produção feita de maneira mais próxima, o que deixa todo o processo mais eficiente.

Com a entrada de Thiago M. Ribeiro como guitarrista e vocalista de apoio, e a colaboração de Rafael Augusto Lopes, como isso influenciou a sonoridade da Hatematter em “Antithesis”? Vocês sentiram uma evolução no estilo musical da banda?

Buck: Houve uma evolução natural que vem com a entrada de um novo membro. Isso foi facilitado por eles já terem participado do processo de composição de discos anteriores, então agora estando dentro da banda, o processo fica mais facilitado.

O processo de gravação de “Antithesis” ocorreu durante um período desafiador, marcado pela pandemia de COVID-19. Como a pandemia afetou o processo de criação e produção do álbum? Quais foram os maiores obstáculos enfrentados?

Buck: O maior desafio foi adaptar nosso processo de composição para uma maneira remota, porém nos adaptamos a esse processo e isso hoje nos permite um processo de composição contínuo que hoje se mostra muito útil.

“Liberate Me” contou com a participação especial de Mayara Puertas. Como foi trabalhar com ela e como essa colaboração contribuiu para a música e para o álbum como um todo?

Rafael Lopes: trabalhar com a May é sempre muito fácil e muito bom. Já gravei ela muitas vezes E sempre é uma experiência tranquila. Ela é muito profissional O que torna todo o processo muito fácil E faz com que a contribuição dela para a música e também para o álbum como um todo seja excelente. Na faixa “Precognitive Dissonance”, usei a voz dela para criar parte dos efeitos também.

Com a mudança na formação da banda, com André Kim assumindo a bateria, como isso impactou a dinâmica e a química entre os membros da Hatematter? Vocês sentiram uma mudança na abordagem musical com a entrada de um novo membro?

Buck: Mudanças só naturais sempre que um novo membro entra na banda e ajudam a construir o som da banda. O Kim sempre se mostrou muito interessado desde o início e ajudou muito nessa nova fase que estamos preparando. Estamos ansioso para gravar um novo material com essa formação.

Quais são os planos futuros da Hatematter após o lançamento de “Antithesis”? Vocês já têm novos projetos em mente ou estão focados na divulgação do álbum? e como vocês descreveriam a identidade da banda atualmente?

Buck: Estamos em um momento em que estamos buscando fazer o melhor show de maneira constante, onde iremos entregar toda a experiência que o público merece em toda casa que tocarmos. Iremos fazer a estreia desse show dia 12/04 no Honey Club em São José Dos Campos. Paralelo a isso, já iniciamos as composições de mais um trabalho.

Agradecemos a parceria e por terem topado essa entrevista. Deixamos esse último espaço para uma mensagem aos leitores d’O SubSolo.

Buck: Primeiramente gostaríamos de agradecer o espaço e convidar a todos para escutarem o álbum “Antithesis”. 2024 vai ser um ano grande para a banda, fiquem ligados nas nossas redes sociais!

Siga o instagram da banda e fique por dentro de todas as novidades: https://www.instagram.com/hatematter

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.