Diretamente de Blumenau, a cidade mais alemã do Brasil, localizada em Santa Catarina, nasceu a Viletale. Com o intuito de apresentar o horror seja ele, literário, cinematográfico ou real, o grupo busca fazer tudo isso explanando em forma de música. O que mais assusta na banda é que por mais que conte com um quarteto novo em idade, despejam muita experiência e energia no palco como veteranos. Trazem assim, uma sonoridade madura e escrevendo seu nome na história do Metal nacional com maestria. Tivemos o prazer de conversar com os membros e está muito interessante, confira:




Como se deu inicio a Viletale?


Alan Ricardo: Comigo começou com muita vontade de ter uma banda de metal extremo, e um dia por coincidência vi o Bruno (Janka) postando em sua rede social que estava tramando um projeto com influências de metal extremo, entrei em contato com ele, e marcamos um ritual de sacrifício.Desde então minha alma está guardada em uma sala secreta, e só a verei novamente em meu leito de morte. 

Matheus Lunge: Então, creio que surgiu de uma vontade mútua de ter uma banda de metal extremo que trouxesse novidades e conceitos diferenciados pra dentro do nicho. Conheci primeiro o Janka via facebook, eu curtia muito a banda antiga dele(7bullets) e resolvi adicionar pra conhece-lo melhor e trocar experiências diferentes. Ideia veio, ideia foi, eis que surge a oportunidade de fazer um som junto com ele, discutimos ideias e raízes e pronto, os primeiros passos foram dados. Nessa altura do campeonato, ainda não tínhamos guitarristas base nem baixista, então eis que surge o Teta(Alan Ricardo) pra completar o line da banda. Baixista foi a coisa mais complicada de se achar, foram alguns testes que não deram em muito coisa, até acharmos nosso menino prodígio e delicioso: Filipe Oliveira. Dai em diante as coisas só foram pra frente e cá estamos. Curiosidade: em 2014 todos estávamos no mesmo evento de metal(fortaleza rock festival) e não nos conhecíamos, mas a antiga banda do Janka tocou e a partir dai foi tudo meio que caminhado hahaha. 

Filipe Oliveira: A minha entrada como baixista se deu por volta do segundo semestre de 2016, onde eu ví um anuncio para baixista na página recém criada da banda.  Entrei em contato com o Janka e depois de algumas trocas de informações nos encontramos onde tirei a primeira musica da banda (vulgo Celestial Rapture); depois nos encontramos novamente, dessa vez com a banda inteira onde aí começamos a nos entrosar e já procedemos com ensaios semanais(que perduram até hoje) para as composições de do EP Vile, que foi gravado nos próximo meses. O resto é história. Vale destacar que antes da minha entrada nessa banda eu conhecia pouco do metal extremo com gutural, onde, abriu pra mim aí um novo universo de bandas. 




Quais as principais características da banda? O que fazem de diferente em suas opiniões.



Matheus Lunge: Acho que a nível musical, seriam nossas composição que conseguem trazer pitadas de muitas das vertentes do metal extremo, ao mesmo tempo que se moldam atmosfericamente ao que queremos transmitir com cada composição. As letras são muito bem trabalhadas e embasadas e muitas vezes podem conter uns easter eggs e referências diversas. 




Alan Ricardo: Assim como comentou o Matheus, cada um na banda trouxe seu “tempero” musical, e junto a isso tudo, muito horror atmosférico. As composições baseadas em histórias, quebra um pouco do paradigma da “mesmice” no metal, trás novos ares para criações, e temas de gosto comum dos ouvintes. Isso junto ao diferencial em apresentações ao vivo, conteúdos para nossos seguidores nas redes sociais, assim trazendo um contato mais próximo com quem está interessado na gente, dando sua devida atenção sempre que possível. 

A sonoridade apresentada pela banda hoje, era o que buscavam desde o início? Como funciona a fase de composição da banda?



Bruno J: Não. Tanto que no Initiation éramos uma banda ainda meio perdida mas com muito sangue no olho. Era pra ter uma linhagem qur encaminhasse a banda pras vertentes do gore. Mas vendo que a proposta lírica seria muito mais densa e iria requisitar uma composição mais trabalhada, procuramos, com o passar do tempo, adicionar elementos na composição que foram enriquecendo sua composição.
Normalmente a gente já  tem um apanhado de riffs que montam o esqueleto da música. A ideia é passada para todos os outros membros e cada um deixa seu registro de composição como acredita ser melhor, de uma forma democrática. A banda procura mudar os panos do cenário a cada musica ou “EP/álbum”, estudando o gênero mais próximo do assunto tratado. Por isso percebe-se uma diferença um pouco berrante no nível das composições entre os 3 primeiros EPs e o single. 

Como está a produção do novo disco? O que o público pode esperar?



Bruno J: A produção do LOTP está sendo definitivamente nosso passo mais longe como referencia musical. Entender os processos de mixagens, observar uma nova prole surgindo com uma magnitude mais sagaz que as que previamente lançadas. Land Of Thousand Pleasures não vai só trazer a brutal cadência da Viletale, mas vai mergulhar os ouvintes em cenários que aguçam a ansiedade e a dissonância. E como todo projeto, estudaremos nossas falhas e oportunidades perdidas para, quem sabe, fim do ano que vem trazer algo melhor. 

Alan Ricardo: O novo disco está quase na linha de chegada, em breve acredito que ele será apresentado, mas ainda não está pronto. O público vai ver de cara que esse é sem dúvida nosso trabalho de melhor qualidade até o momento, e tenho certeza que as pessoas vão curtir toda a atmosfera do álbum, inclusive se após ouvir pesquisarem sobre a letra, e sobre suas histórias. 

Matheus Lunge: Ao meu ver, será um grande disco em todos os sentidos. O instrumental está muito bem trabalhado em conjunto com a atmosfera, as temáticas das letras e do álbum em si casam muito com as levadas, as letras são muito bem construídas e embasadas e sem falar da qualidade de produção que sem dúvidas vai ser um novo patamar para a banda. Estamos investindo um tempo considerável para deixar tudo mais polido e o mais prazeroso e poderoso possível para os nossos ouvintes. Creio que esse álbum será nosso passaporte daqui pra uma melhor hahhaha.

Vocês tem algum planejamento futuro, tirando o novo disco que está por vir?


Alan Ricardo: Os planos são longos, e com certeza surgirão mais coisas pela frente. 


Bruno J: Assim, com certeza terão alguns lançamentos áudio visuais. Land Of Thousand Pleasures não é um álbum pra de deixar passar em branco. Então sim. terão clipes. E não só referente a isso, mas somos uma banda temática. Assim como pegamos um pessoal desprevenido no NATAL, quem sabe aparece um mal na porta numa época peculiarmente interessante. 


Uma banda vive apenas do que se faz no palco? Como vocês analisam como é ter uma banda no cenário hoje em dia?

Alan Ricardo: Bah, essa pergunta é foda, no meu ponto de vista a banda hoje numa visão técnica, é como uma empresa, todos buscam melhorar e aprimorar os conhecimentos pro resultado do produto final sempre vir melhor e com mais qualidade, além de sempre estar investindo nosso tempo e dinheiro no que for possível melhorar pro nosso cliente final, o fã, o ouvinte. E do ponto de vista emocional, nós acabamos nos tornando uma família, sempre que alguém está com problemas nós tentamos ir atrás e ajudar e dar um “up” na pessoa, isso acabou se tornando parte da gente, eu nos vejo como uma coisa só e que anda junto, sempre nos mesmos passos e nos controlando para sempre melhorar. 



Bruno J: Vejo como uma empresa e como uma família. Existe tempo de brincadeira, confraternização e descontração. E tais momentos são frutos da disciplina. Pra se ter um empreendimento com sucesso no mercado, existem pilares essenciais. Network, diferencial, constante renovação e, acima de tudo, humildade. Não é fácil ter uma banda no Brasil, mas não é impossível. 

Matheus Lunge: Eu acho que é sinônimo de muita união, garra, determinação e disciplina. É muito importante numa banda, no cenário atual, tais qualidades; afinal as dificuldades sempre se mostram e logo a força da banda é posta a prova. Temos muitos exemplos no mainstream de bandas que muitas vezes se deixam abalar por falta de tais sentimento(ou esquecem muitas vezes) e de partilha-los. Uma coisa que creio que define muito a banda num nível inter pessoal, seria justamente a união, sempre nos tratamos como irmãos(inclui-se brigas hahah) e sem isso creio que não seríamos metade do que somos e podemos vir a ser. 







Existe várias vertentes dentro do Metal. Como vocês definem o “Horror Metal”?


Bruno J: Definimos Horror Metal por toda a cenário musical que criamos para abordar um tema de horror. É toda forma que extraímos o horror, seja ele literário, folclórico ou real para introduzir na música. O nosso papel, sendo uma banda de horror metal é acabar não só estudando o conceito do nosso assunto, mas poder saber como interpreta-lo dentro da música, tendo a total possibilidade de poder modelar o nosso estilo para criar a roupagem perfeita pro tema abordado. Existem bandas que podemos considerar que já fizeram isso. O projeto solo de King Diamond, ou Cradle Of FIlth. King Diamond chega a escrever suas próprias histórias trazendo algo teatral para sua música, enquanto toda a obscuridade sinfônica do Cradle mostra conhecimento dos escritores. Mas procuramos sempre investir numa pegada musical diferente para trazer uma nova imersão no assunto. 


Filipe Oliveira: Acredito vai mais alem do que fazemos nos palco, a banda se inclui em nossas vidas e faz parte do dia a dia de cada um de nós. O cenário está repleto de bandas e não é fácil se destacar, acho que o ponto que tentamos nos concentrar é sempre estar aprendendo com os erros, criticas e elogios e com isso, nos focamos em trazer uma musica que haja um consenso entre os ideais de todos os integrantes da banda. Do ponto de vista financeiro não é fácil, só digo uma coisa: INVESTIMENTO. Nada vem do céu e tem muito trabalho a ser feito. 


Uma das coisas que mais me chamou atenção da banda, foram as lentes brancas e os coletes com a logo de vocês. Qual a ideia disso e o que essa característica ímpar agrega no show da banda? 


Alan Ricardo: Assim como comentamos antes, queremos demonstrar o horror nos palcos também, e padronizando o diferencial da banda, creio que isso prende a atenção do público, não são uns caras com uma roupa qualquer querendo fazer horror musical, mas sim quatro sujeitos, psicopatas, uniformizados e sem alma. É uma questão de prender a figura de “personagens” da banda. Não sei se consegui me expressar de boa forma.  


Filipe Oliveira: Não bem psicopata mas, instrumentos de conexão do medo com as pessoas. Não quero entregar unicamente uma experiência sonora, mas queremos adentrar cada vez mais numa apresentação visual a altura do que tocamos. Já estava mais do que tarde para começar a usar um uniforme adequado pro estilo. 


Matheus Lunge: Isso veio de longos planos para passarmos o que nossa musica transmite no ouvinte, sabemos que para impactar cada vez mais o público e trazer diferencial, uma postura visual também precisa ser adotada; assim afim de trazer horror mas ao mesmo tempo fidelidade, surgiu essa proposta visual (que possivelmente só melhorara daqui pra frente). 


O que falta no cenário e o que poderia melhorar? Qual a opinião de vocês?


Matheus Lunge: Falta mais união e cabeça aberta. Uma coisa que a gente observa muito é as famosas panelas de bandas, onde as mesmas só se ajudam entre si, excluindo assim todas as outras que poderiam agregar coisas novas á cena. A cabeça aberta seria mais pelo fato de que tem muita banda que só pelo fato de ter alguns anos a mais que outras, menosprezam o trabalho das bandas recém chegadas, ou muitas vezes, se prendem totalmente num estilo e logo que se deparam com alguma proposta nova, torcem o nariz. 


Bruno J: Adiciono a resposta do Lunge o respeito mútuo. Coisa difícil de se achar. Não tem da banda com o público. Não tem do público com a banda. Não tem nem de banda com outra banda. Existe um egocentrismo e uma falsa apreciação da arte, o câncer do brasileiro. Não basta não gostar, é necessário xingar junto. A arte é um resultado subjetivo aos olhos de todos, a aderência com ela permuta facilmente de um pro outro. Acho que mesmo que você não goste de um estilo ou uma banda, o respeito com ela por ser mais uma peça relevante dentro deste tabuleiro deve existir. 




Finalizando, queria agradecer a oportunidade de poder conversar um pouco com vocês. Teriam uma mensagem para deixar para nossos leitores?






Alan Ricardo: WE WILL RAPE YOUR FUCKING GOD!! #LOTP is coming! 






Bruno J.: Gostaria de dizer que estamos felizes em ter chego até aqui, com em tão pouco tempo, com essa quantidade de registros e com o tal reconhecimento. Estamos vendo que nosso trabalho não está sendo em vão. Tudo isso é resultado do apoio dos membros e do público. Esperamos que novos fãs venham a conhecer nosso trabalho neste ano de 2018 e que a Viletale possa prosperar na música. É gostaríamos de dizer que nada é impossível no cenário. A chave do destaque está no empenho em se inovar e fazer com vontade. Esperamos que nosso status de reconhecimento amplie para um nível de vasta magnitude. Que a Viletale possa corromper a todos. 






Matheus LungeGostaria de agradecer pela entrevista, foi um prazer enorme! Também quero agradecer ao nosso publico e toda a galera que nos apoia da forma que for. Sem Isso somos nada! Gostaria de dizer que muita coisa boa vem por ai haha daqui só pra frente! 

Filipe Oliveira: Grato pelo feedback que temos recebido e espero que tenhamos entregado um pouco de nossa índole pela nossa música. Fico feliz em saber que existem pessoas interessadas como vocês redatores que destrincham para o público o que há por trás da música. Álbum novo chegando mas o trabalho não para por aí, nos acompanhe na página do facebook para mais vídeos, memes e surpresas. 

Viletale é:
Bruno Jankauskas: vocal e guitarra solo
Alan Ricardo – guitarra base
Filipe Oliveira – baixo
Matheus Lunge – bateria

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Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.