É com muita honra e felicidade que podemos dizer que a segunda edição de nosso festival foi um pleno sucesso. Participando como músico e como um dos representantes de nosso portal, vi uma energia muito boa entre todos que estiveram presentes. Senti os representantes de várias mídias (A Hora Hard, Urussanga Rock Music, Viva La Cena, Eu Apoio O Metal Nacional, Esporro Sonoro, Underground Extremo e claro, nós do O SubSolo) a vontade no evento, os demais músicos soltos e empolgados no palco, e claro, o público totalmente conectado aos shows e dispostos a quebrar o frio incisivo que se fez presente na cidade de Tubarão. Já vi inúmeros festivais no Congas, mas foi nessa edição d’o SubSolo que eu vi maior sinergia entre músicos, mídia e público.




Acompanhando todo o corre e ciente de todos os empecilhos que surgiram ao longo da produção do evento para que ele fosse real, valorizamos mais cada detalhe, e sentimos um aperto a cada contra-tempo que ocorre. Primeiro, o clima terrível que assolou a cidade sul-catarinense. Após uma manhã de sol e frio, ventos fortes e pancadas pesadas de chuva chegaram junto com os primeiros visitantes. Faltava aproximadamente meia hora para o início da primeira atração quando a tempestade levou embora a energia elétrica do lugar. Ao mesmo tempo, a banda Mary’s Secret Box decidiu por cancelar sua participação, programada para ser logo após o show de abertura da Cártamo. Enquanto esses trâmites inesperados ocorriam, foi decidido juntar todos os representantes de mídias presentes para uma conversa conjunta e gravada, no intuito de fortalecer os laços entre aqueles que lutam a mesma luta pela cena catarinense. Enquanto a “mesa redonda” (que não tinha mesa redonda, aliás, sequer tinha mesa haha) rolava, a luz enfim voltou e pudemos voltar a atenção ao cronograma do evento, que, por sorte, pode ser reorganizado de forma que não prejudicasse as próximas atrações.

CÁRTAMO

Primeiro de tudo, a maioria das bandas eu deixei para conhecer ao vivo. Poucas eram as que eu realmente conhecia, mas minha expectativa para cada show era igual para todas. E fui recompensado por isso logo com a surpresa que foi a primeira banda. Vindos de Lages e apresentando um hardcore mais experimental e apostando numa forte climática em palco, sem abrir mão de peso nos momentos certos, a Cártamo realmente me ganhou por sua apresentação e por suas boas músicas, presentes no EP “Poesias do Cárcere”. O público, que já não era pouco para a primeira atração, respondeu positivamente com as primeiras rodas nos momentos mais agitados das canções. Cártamo cumpriu bem seu dever de abrir a porteira e apresentar seu bom trabalho.

PELTSTROK 

A segunda banda a pisar no palco foi a Peltstrok, de Garopaba/SC, trazendo o estilo Hard Rock. Eles apresentaram músicas do seu álbum “O que o Mundo Precisa Ouvir”, lançado em 2017. Segundo rede social da banda, eles pretendem transmitir mensagens de esperança, paz e de um amor sem limites pela vida. Eles cantam sobre aquilo que acreditam e sabem que isso pode incomodar algumas pessoas, por isso durante o show deixaram claro que a intenção é transmitir sua mensagem, e que todos possam se respeitar dentro de seus ideais, levando em consideração o apoio mútuo entre as bandas. O show da Peltstrok expressou todo o amor dos integrantes pela música e trouxe um toque diferenciado ao festival. Diversidade e livre expressão são muito importantes na música! Agradecemos essa galera por compartilhar conosco seu belo trabalho.

DARK NEW FARM 
(Por Jordana Aguiar)

Dando uma nova reviravolta no festival, subiu ao palco Dark New Farm. Chegou a hora do New Metal! Com sons pesados e sem economizar nos gritos, os caras já chegaram mostrando ao que vieram. É perceptível todo o envolvimento e a devoção da banda pela sua música. Destaque para os sons “La Patria! La Fábula” e “Madre” de composição própria, ambos denunciando grandes problemas sociais. A curiosidade é que três membros da Dark New Farm também são integrantes da equipe O SubSolo, por isso temos um carinho enorme pelo trabalho que desenvolvem “do outro lado”. Ao final, mandaram um tributo ao Sepultura (com participação do “Metaleiro”), que levou a galera à loucura.

BONDE DO METALEIRO

Confesso que foi o show que mais me surpreendeu. Admito que tive um pouco de receio quando optamos por colocar um grupo que se propõe a colocar letras bem-humorizadas e satíricas dentro do Metal, mais por conta de como o público iria receber essa proposta. No entanto, a qualidade e energia contagiante de Metaleiro (Calone Hoffmann) e seu fiel escudeiro Ziggyzira (Northon Bousfield), acompanhados pelo baterista Doug Peres, é simplesmente estonteante e impossível de evitar. Quando percebi, todos os presentes estavam pulando e inclusive puxando rodas pros ritmos pesadíssimos impostos pelo trio. As músicas dos discos “O Ataque dos Headbangers Virjão” e “A Delícia do Sabor Brasileiro” funcionam muito bem ao vivo, sendo divertidas em todos os aspectos e extremamente bem trabalhadas, trazendo pegadas de várias vertentes de Metal ao longo das músicas. Tenho certeza que todos que colaram no palco, assim como eu, saíram plenamente satisfeitos e com a sensação de que realmente foi uma escolha certa contar com o Bonde do Metaleiro como headliner do festival.

BOCA BRABA

Como comentei com um grupo de amigos, Hardcore não é um gênero que costumo parar para escutar em meu dia-a-dia, aliás, posso contar nos dedos quantas vezes tive esse estilo como trilha sonora para minhas atividade cotidianas. Mas, se tem uma coisa que paga o ingresso é show desse gênero. Boca Braba foi a prova disso, com uma apresentação massacrante e que simplesmente exterminou e drenou todas as energias do público. Não tinha como não cair numa roda durante o show dos caras, que simplesmente botaram pra quebrar -literalmente- no palco. Mesmo pegando uma longa estrada de Viamão-RS até Tubarão, os caras não mediram esforços para fazer um dos melhores shows da noite, apresentando músicas como “Hardcore é Meu Patrão” e “Farda Verde Oliva”. Foi impecável e digno de headliner.

ELETROMOTRIZ

Que saudade que eu tava de ver esse quarteto no palco. Misa, Quira, Duds e Sid. Quatro caras que chamo pelos apelidos mesmo pois foi em shows deles que aprendi o que é o Underground de minha cena local, e também graças a essa banda fiz grandes amigos e conheci eventos e bandas incríveis. Além disso tudo, eles são uma máquina de fazer barulho alto e pesado. Mesmo estando meses e meses longe dos palcos, a banda continua devastadora, e melhor, com set-list cheio de músicas novas. Uma pena que o público já havia sido derrubado pelos shows explosivos que vieram antes, mas era nítida a expressão de satisfação em ver uma banda com som contemporâneo tomar o palco de assalto e mostrar um Metal de altíssima qualidade. Fico na torcida para que esse tenha sido um retorno definitivo da banda e que 2018 seja um ano com muito a falar da Eletromotriz.

UNDERWORLD SECRETS

Okay, a essa altura era realmente difícil de erguer qualquer espírito, mas a Underworld Secrets subiu ao palco com a tarefa de puxar todo o restante de energia que o público tinha para dar, e eles estavam dispostos a conseguir isso. A banda de Araranguá trouxe um interessante arsenal para conquistar o público, desde suas músicas autorais fortes e já bem propagadas entre os headbangers da região, como “The Madhouse”, “Slaves of Society” e “The Knight of Death”, até covers de Pantera e Sepultura. O esforço da banda foi recompensado com as últimas rodas d’O SubSolo Rock Festival. A apresentação foi o encerramento com chave de ouro de um cast que eu posso definir como muito bem equilibrado e distribuído de forma que pudesse vir bem a calhar a todos.

Gratidão e satisfação são as palavras que podem resumir esse evento. Foi uma felicidade tremenda receber todos e poder compartilhar entre público, mídias e bandas a nossa honra em apoiar e fazer parte da cena catarinense. Quem sabe, em edições futuras, não podemos extender para as cenas de outros estados que temos a honra em fazer parte, de alguma forma, também.
Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.