No final de semana do dia oito de outubro de 2016, fomos convidados a cobrir o evento da primeira edição do Cabeça Boa Rock Festival, organizado pelos headbangers de Tubarão/SC. Um evento lotado de boas atrações, tanto musicalmente, quanto artesanalmente. De um lado as bandas, Diogo (acústico), Hellio Costa, Cherry Ramona, Chute no Formigueiro, Doctor Jimmy, Orkane, Texas Funeral, Califaliza, Eutha do outro, stands de acessórios de rock, quadros e exposições. Para melhorar, uma costelada free até as 14h.


O dia estava propício para o Rock/Metal, algumas nuvens escuras apareceram mas logo sumiram, para a tranquilidade de todos. A costela estava no ponto e de pouco em pouco as bandas iam chegando e se acomodando, a primeira banda já ia se arrumando antes de começar o acústico. Porém queria frisar que o som por mais que fosse de alta qualidade, os ecos dentro do estabelecimento eram constantes e por isso o público preferia curtir as músicas do lado de fora, infelizmente. Ouvi dos organizadores que o próximo será do lado de fora, é uma boa sacada para resolver este problema!

Diogo Possidonio iniciou os trabalhos com o acústico, basicamente quem fez o seu repertório foi o público que iam pedindo músicas, muitos clássicos foram se desenvolvendo, não é atoa que Diogo além de um bom músico que também estava acompanhado de Mauro do Texas Funeral no cajon, Diogo é um extraordinário compositor, aonde também executou algumas de suas artes autorais. Vocalista e guitarrista do Esquadrão Marte de Tubarão, excelente banda.
O povo estava quietinho e não viu a Hellio Costa subir ao palco, depois de um acústico que todos estavam tranquilos, chegou a pancadaria. Alguns covers de Hatebreed e autorais como o single “Sangue na Marreta”, agitaram o público que estavam com seus ouvidos ‘serenos’, logo uma pequena roda punk começou a se formar. Já afirmei diversas vezes aqui que Hellio Costa para mim é uma das melhores bandas de Hardcore do estado, as execuções são brilhantes e a pancadaria é extrema, não tem como destacar um integrante e sim o grupo todo, Zoioca é um baterista sensacional, Feto um baixista que prepara uma cozinha com inteligência, Renato Lopes é o “senhor das bandas” e em toda banda que está tem um papel crucial, e Frank Rodriguez um excelente vocalista, é uma banda que se completa.

Cherry Ramona subiu ao palco, sempre animados e esbordando simpatia e humor por onde passam. Iniciaram o show com a vinheta clássica da banda, com um “pequeno show pirotécnico”, o que confesso deixou o público com um pé atrás. Mas logo em seguida os hits que alavancam o primeiro disco da banda “Soco na Bixiga” trouxeram o pessoal a curtir uma das melhores bandas do cast. A banda executou covers bem escolhidos, como por exemplo, “Palhas no Coqueiro” do Raimundos e “All The Small Things” do Blink 182. Singles do disco como “Verão Sul”, “Empregadinha” e “Vizinha”, deixaram as pessoas que não conheciam a banda boquiabertos, quem não conhecia, procurou as redes sociais dos “cerejas” com certeza!

Chute no Formigueiro, ué mas o blog não fala só de autoral? Sim, damos prioridade para falar de autoral, mas como não vamos citar um dos melhores tributos dos Ramones de todos os tempos? Chute não é apenas uma banda, é uma lenda viva dos anos 80’s de Santa Catarina, aonde liderados por Gene Rocker fazem um tributo muito fiel. O que mais chama atenção é que os integrantes incorporam os personagens mesmo, perucas, calças jeans e allstars fazem parte do figurino, revivendo o Punk Rock, ou como eles citam “revivendo os pais do Punk Rock“. Quem ali estava para curtir se incorporou nos anos 80’s, rodas punks, cantaram junto, até para mim que não vivenciou os anos citados, me vi numa época que eu não existia, por um momento me vi em um mundo aonde todos valorizam as bandas que subiam ao palco, iludido eu, será?

Doctor Jimmy, sou suspeito falar de um show que eu mesmo toquei, porém se é preciso, vamos lá. Algumas músicas do repertório não foram tão bem correspondidas por quem os assistia, algumas foram e até demais. Clássicos como “Born to Be WIld” do Steppenwolf, “Don’t Stop Believe” do Journey e o não tão clássico, mas aclamado, “Bom é quando faz mal” do Matanza, este último com participação de Daniel Russo nos vocais, foram o ponto alto do show dos Doctors. Fora isso, as autorais escolhidas para completar o cast foram “Ela sabe das coisas”, “Homens Fardados” e “Não Tenho Pressa”, que como sempre tem uma resposta positiva do público presente, que preparam o território para a Orkane.

Orkane, chegou a hora da banda mais pesada subir ao palco, muitos que estavam ali já eram fãs de carteirinha do Thrash Metal da Orkane e quando a banda colocou um banner atrás do palco, despertou a curiosidade de alguns que não a conheciam. Só pelo banner já chamou a atenção e fez com que algumas pessoas se aproximassem, foi nos primeiros acordes que a galera já foi ao delírio, além das músicas autorais, covers de Metallica e Slipknot embalaram a apresentação do grupo e dali até o final foi o pessoal cantando junto e agirando do começo ao fim, foi um setlist muito bem escolhido e bem distribuído. 

Logo após foi a vez de Texas Funeral subir ao palco, outra banda de Tubarão. A banda que organizou o festival, não deixou a galera se acalmar e com grandes clássicos como “Ace Of Spades” do Motorhead, levou mais uma vez um público que estava quietinho ao delírio, muitos que já estavam sem voz estavam gastando o restinho dela cantando e dançando com a banda, um Rockabilly executado com inteligência, maestria e muita técnica. O ponto do Texas é ter recrutado de volta o baterista Mauro Gonçalves, este que tem todas as características criadas pelo Texas, que junto de André Duarte (guitarra e segunda voz), são os únicos integrantes remanescentes da formação clássica da banda. Apresentando as velhas composições e as novas, a banda demonstra que até os dinossauros do Rock evoluem e cada vez estão mais afiados e entrosados em palco, é uma banda que tem muita lenha a queimar ainda.

Califaliza, Após preparar o palco, inicia sua apresentação já com clássicos ‘mãos ao alto’, ‘o chão é o limite’ e ‘cidadão do caos’. Um verdadeiro show do grupo florianopolitano que também apresentou cover, mesclando porrada sonorada com letras fortes e reflexivas para quem estava no CBRF! Para a Califaliza que já tem dois álbuns isso ainda é só o começo. Por Daniel Russo, A Hora Hard.

Eutha, os rockers que mantiveram-se firmes até o último show, puderam ver no palco o mais puro hardcore desde 1992 tocando o terror no CBRF. Músicas com explosão e a violência das ruas da capital do estado transmitidas em berros e riffs. Importante salientar a participação do vocalista da Califaliza no palco, pois já gravaram a música ‘território’ para fortalecer a união entre os brothers. Músicas como ‘Qual é o seu nome?’ regravada por Bnegão (no álbum enxugando gelo de 2003), ‘por perto’ e ‘favelas’ encerraram um ótimo cast. Por Daniel Russo, A Hora Hard.


De um modo geral, o festival foi um sucesso. Tenho a certeza que superou todas as expectativas depositadas pelos organizadores. O tempo bom, o cronograma dentro do previsto e também o festival tinha o suporte de tudo o que precisava, bebidas geladas e de bom valor, uma lanchonete com ótimos lanches e preço acessíveis e o melhor, tudo passava cartão. Estamos ansioso pela próxima edição.


Para ter mais noção de como foi o festival, A Hora Hard fez vídeos e logo postará sua cobertura no seu canal no youtube, você que não é inscrito, inscreva-se : www.youtube.com/ahorahard
Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.