Aquele discurso batido de que, você pensa que ouviu de tudo, vem algo e te surpreende. Lia Kapp é uma artista curitibana, caracterizada por apresentar uma atmosfera dark, densa e obscura em seus trabalhos. Seu primeiro EP intitulado Conflito foi lançado em 2015, um anos seguinte a ter começado a escrever suas primeiras músicas. E em 2018 ela lança seu debut Metamorphösis, que nos traz aqui para falar um pouco.
Meu primeiro contato com a artista foi no LVNA Fest II, onde ela tocou uma das suas músicas chamada Prelude que sim, é a minha favorita do disco todo. Temos aqui uma hora e vinte minutos distribuídos em treze faixas, sendo a sétima faixa Troughts com onze minutos, o que para mim é um dos poucos pontos negativos do disco, pois de certa maneira achei exagero.
No começo deste, chamei a Lia Kapp de artista, sendo que em seu release consta cantora e compositora. Porém, me nego a chama-la ‘apenas’ disso. Para quem a conhece, sabe que Lia é uma artista completa, pois, além de compor suas músicas, toca guitarra, baixo, teclado, faz a bateria midi e também a mixagem e masterização. Mas não só isso, quem já assistiu os videoclipes dela sabe do que estou falando, artista de mão cheia, pois também cria os roteiros e faz as gravações dos seus próprios videoclipes, quer um exemplo melhor de Do it Yourself do que isso?
As guitarras dosadas em meio a um ambiente atmosfericamente obscuro, com vocais duplicados e outrora triplicados, fazem com que as músicas comecem a se encaixar e criarem uma leve semelhança e não há nada melhor para um artista do que ter suas características impregnadas em suas músicas. Quando falo isso, é aquela rodinha de amigos ouvindo tal música alguém solta “parece tal banda”, acho que para um artista não tem pagamento melhor do que isso.
O Engenheiros do Hawaii tem uma música chamada Um Exército de Um Homem Só, ou algo do tipo. Aqui podemos chamar de Uma orquestra de uma mulher só. Quando você ouve o disco por algumas vezes, você começa a se arrepiar com a quantidade de coisas que vai notando de pouco em pouco. Arrepiante ouvir como as vozes gravadas música a música se encaixam e criam estrofes musicalmente falando, exorbitantes em sua composição, sem falar que sua pronuncia do Inglês é impecável.
Vale ressaltar alguns pontos que notei durante a audição. Pelo nome do álbum ser Metamorphösis que no português popular significa metamorfose, ou seja, mudança, transformação, aquele que se transforma de formas, o disco tem muito disso. Faixas como a própria Prelude que abre o disco, assim como as músicas Death, Butterfly e Verdict que são mais evidentes essa temática de transformação, tem também a incessante Sweet Dreams que mesmo com seus sete minutos, ela acaba sendo interessante do começo ao fim pela sua transformação ao longo da faixa. Mas vale destacar a faixa-título Metamorphösis também pela sua execução, principalmente pela linha impecável de teclado apresentada.
Lia Kapp pode ter ficado devastada pelo fim da sua banda, mas acredito que há males que vem para o bem. Talvez ter seguido carreira solo tenha aberto um leque de opções e liberdade maior de composição. Esse debut comprova que não é só uma mulher esforçada atrás do seus sonhos, demonstra que a mesma obtém de talento e acima de tudo inteligência para gerir e compor um disco, mesmo com as adversidades da vida, se esforçou para trazer um disco repleto de sentimentos e de certa forma melancólico. Acima de tudo, esse disco é uma obra de arte.
TRACKLIST
01) Prelude
02) War No. 2
03) Death
04) Metamorphösis
05) Birth
06) Fire & Air
07) Troghts
08) Sweet Dreams
09) Dead River
10) The Day Everything Went Wrong (Beat of the Heart)
11) Last Words
12) Butterfly
13) Verdict