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Resenha: Perpetual Chaos – Nervosa (2021)

Nos dias atuais, muito das coisas são frágeis, mas nada comparado a masculinidade de certos ‘homens’. Agora que a mulher está cada vez mais, assumindo o seu posto que é seu por direito e não dependendo mais do homem para nada como era nos primórdios, tem certos ‘machões’ que não aprovam e tentam de toda forma menosprezar e banalizar a mulher que tem atitude e pulso firme para seguir seu caminho com suas próprias forças. Um desses grandes exemplos é o Nervosa, uma das maiores bandas do Metal Nacional dos últimos anos.

O fato de começar essa resenha com esse discurso, é que de certa forma, é triste ver os famosos tr00zão bunda mole na internet hoje em dia. A cada fala e posicionamento do Nervosa, que sempre tem a presença da Prika Amaral (guitarrista e líder do Nervosa), tudo é distorcido. Em recente entrevista, a mesma salientou que o Nervosa nunca terá integrantes homens e sempre buscará ter uma formação 100% feminina e isso foi um estopim para a fragilidade de alguns headbangers.

Piadas de teor infantil como, “quem carrega equipamento, será só mulher?”, “os seguranças também serão mulheres?”, “mas aposto que para fazer peso, precisam de homens” e isso foi só três das centenas de exemplos que poderia trazer aqui. Mas enfim, vamos ao que interessa após esse breve desabafo!

Perpetual Chaos é o novo disco do Nervosa, acredito que muito mais do que apenas o ‘novo disco do Nervosa‘ é uma prova de resistência, trabalho e profissionalismo. As novas integrantes da banda são a espanhola Diva Satanica (BloodHunter), a italiana Mia Wallace (ex-Abbath) no baixo e a grega Eleni Nota (Mask of Prospero/Croque Madame). Impossível destacar alguma delas, todas são excelentes musicistas e agregam a nova fase do Nervosa com maestria.

Os vocais de Diva Satanica, estrondosos e fala muito a respeito do nome artístico ‘Satanica’ em muitos pontos durante o álbum. Com um poder vocal audacioso e poderoso, as músicas se desenvolvem da mesma forma que o Nervosa já compõem, mas com aquela vontade a mais de estar fazendo parte de uma grande banda e talvez era isso que faltava para o Nervosa decolar ainda mais, sangue novo.

Talvez pelo fato de que cuidar de uma tarefa só, possa ter maior êxito no trabalho, vejo as linhas de baixo de Mia Wallace muito coesas e estrondosas. Um baixo bem afinado, com sua afinação baixa como se estivesse batendo ossos. Quem fica feliz com isso é Prika Amaral, pois todo esse peso deixa um campo livre para a guitarra soar com facilidade. Só um recadinho para o Abbath, perderam  muito com saída da Mia. Eu por não gostar do Abbath, só agradeço.

A musicista que mais me chamou atenção, foi a Eleni Nota. Quando vi seus vídeos no seu canal no YouTube, de cara ela caiu nas minhas graças como profissional. O feeling, groove e a sua forma brutal de tocar, logo deu a entender o motivo de ser escolhida pela Prika. Com o lançamento do disco, quando ouvi as primeiras baquetadas, abri um sorriso. A sintonia de Eleni com a forma de tocar do Nervosa, encaixou maravilhosamente e para mim foi junto da Diva, o ponto alto do Pepertual Chaos.

Deixei para falar da Prika Amaral por último, com aquela velha frase: e por último, mas não menos importante… Na real, é o mais importante, por isso deixei por último. Senti uma falta de feeling em alguns solos, mas as bases achei –com perdão do trocadilho– bem Nervosos. Ao longo que ia ouvindo o disco, os solos iam entrando e meus ouvidos aceitando cada vez mais, não sei se foi proposital algumas notas em alguns pontos, até pelo fato de que confesso, não entender absolutamente nada sobre notas musicais. Mas senti um certo peso de raiva, misturado com uma certa ansiedade.

Mas como sempre, procuro analisar a obra em si. Acredito que esse time, até pelas fotos das gravações com pizzas, bebidas e muitas risadas, se encontrou com uma sintonia perfeita e acredito que, esse é o mais importante na reconstrução de uma banda. Para nós fãs, o lado bom de ter mais uma outra banda de Death Metal com mulheres para nos representar, desejo muito sucesso a Luana e a Fernanda e agradecemos tudo o que produziram no Nervosa em sua estadia por lá. Afinal, é isso que os verdadeiros fãs fazem, ao contrário de ficar disseminando o ódio e opiniões vazias em rede social. Temos em frente, um dos melhores discos de Metal do ano de 2021, desfrute.

FORMAÇÃO
Diva Satanica – vocais
Prika Amaral – guitarra
Mia Wallace – baixo
Eleni Nota – bateria

TRACKLIST
01) Venomous
02) Guided by Evil
03) People of the Abyss
04) Perpetual Chaos
05) Until the Very End (part. Guilherme Miranda)
06) Genocidal Command (part. Schmier)
07) Kings of Domination
08) Time to Fight
09) Godless Prisoner
10) Blood Eagle
11) Rebel Soul (feat. Erik Ak)
12) Pursued by Judgement
13) Under Ruins

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.