Começando a audição do disco da banda de SP, som pesado, alguns nomes bem recorrentes da cena paulista, capa muito atual com cenas de zumbis, ladrões, homem viking-urso-patriota do capitólio, um “cloroquina salva” num placa, total dentro da nossa realidade atual. Um logo que me remeteu de prontidão ao Exodus por conta do modelo e cor, já me dá ideia do que me espera nas faixas a seguir.



Abrimos o disco com ruídos, uma lance meio máquina, um teclado meio desafinado, tipo pianinho infantil, gritos, tudo super atmosférico e intrigante, aí vem uma explosão e entramos em Let Him Die, que já entra com um soco de virada de bateria e um riff matador com gritos de guitarra e levadas empolgantes. Posso notar que a mix foi bem elaborada e o trabalho de produção buscou trazer elementos atuais dentro de um estilo predominantemente oitentista.

A voz entra menos gritada do que o habitual dentro do estilo e mais falada, deixando um aspecto menos comum e que casa bem com o restante do trabalho.

Living Hell chamou minha atenção com a intro que é um riff do baixo e não da guitarra num primeiro momento. Gosto muito disso. O som desenrola com bastante pressão e apesar de seguir os moldes do Thrash Metal não soa como o que estamos acostumados das bandas antigas. Realmente temos aqui alguma novidade.

É claro que as influências e clichês estão presentes, isso faz parte, mas o interessante é pegar isso tudo e fazer a identidade da banda sobressair aos itens tidos como obrigatórios. Ponto pra eles!

Seguimos com Sacrifix, que me faz comentar que algo que me cativa muito no Thrash Metal, é forma direta que as músicas começam, tudo mais agressivo e sem massagem! Destaque para as guitarras que estão com palhetadas mais rápidas e super limpas. Admiro muito o resultado de um estudo bacana do instrumento.

Pain. Passei da metade do disco, ainda sinto um pouco de distância entre a voz e a banda, mas não por falta de técnica ou por algo errado e sim por ser diferente e minha cabeça ficar pedindo algo diferente. Isso é um elogio e não uma crítica, está diferente e estou admirando. Novamente temos um baixo bem presente e uma introdução mais cadenciada, com quase 1:40 de riffs antes de entrar a voz. O som desenvolve bem e de forma empolgante. Destaque para as inversões rítmicas que ocorrem ao longo da música, trazendo diversas sensações para o ouvinte.

Escape começa rasgando, do jeito que eu gosto. Devo comentar que os timbres de todos os instrumentos foram selecionados com muito bom gosto e não precisaram ser sujos para trazer a ideia do estilo para o ouvinte. Normalmente as bandas buscam timbres que se assemelhem ou que copiem as bandas de influência. Dá pra sacar que nesse caso temos timbres mais particulares e menos copiados. A música tem diversos fraseados interessantes e a linha vocal está bem colocada com o instrumental, fazendo um casamento muito interessante. Destaque para o solo de guitarra, que não se parece nada com Thrash e é super melodioso me fazendo enxergar além do estilo.

Evil Games é um cover do clássico do lendário Angel Witch . Nesse som temos uma alteração leve no vocal, puxando um pouco para o Power metal na composição melódica mas não na técnica. Sem dúvidas essa é a música mais melódica do disco, mostrando assim o que eu sempre comento nas minhas resenhas quando ocorre: Admiro e louvo a versatilidade dos músicos e bandas.

Chegamos ao final com a faixa título, World Decay 19. O tema não poderia ser mais atual. Confesso que depois de mais de um ano de pandemia, lockdown, problemas gerais decorrentes do tema, a coisa meio que cansa um pouco. Tirando esse comentário da frente, a música é ótima, pesada, agressiva e é claro, não podemos parar de falar, comentar, explicar, mostrar e, infelizmente, viver esse tema. É certo e firme que é necessário explanarmos a pandemia, só fica mais e mais difícil ser inovador quanto ao momentum e à criatividade relacionada com o tema. As músicas (arte em geral) fica datada demais e isso pode ser um pouco nocivo.

Gostei muito do trabalho, achei tudo de extremo bom gosto e muito bem executado.

Pontos negativos bem pequenos e simples de o ouvinte não se importar.

Pontos positivos interessantes e bem evidentes.

Vale muito conferir!


Tracklist:

1- Intro
2- Let Him Die
3- Living Hell
4- Sacrifix
5- pain
6- Escape
7- Evil Games (Angel Witch Cover)
8- World. Decay 19

Formação
Frank Gasparotto – Voz Guitarra
Kexo – Baixo
Gustavo Piza – Bateria

Tecladista desde cedo, produtor musical, atua exclusivamente na área musical com bandas, aulas e estúdio.