Punk Rock é atitude! Assim é a frase esclarecedora sobre nossos convidados de hoje, comemorando seu mais novo disco, a banda de Campinas, São Paulo, trocou uma ideia conosco, mostrando a essência do Punk Rock tão importante nos dias atuais.
Furukawa(Baixista/Vocalista), Lizardo(Guitarras/Backing Vocal) e o Leo(bateria) conversam conosco, apresentando a banda e o peso do seu nome:
Furukawa: Bem… A Banda se chama Attitude porque nós acreditamos que Punk não é simplesmente usar uma peita do Sex Pistols e mostrar o dedo pro Governo. Punk é uma Atitude: uma Atitude Antifascista, Antirracista, Antihomofobica, manja? E é também sobre mostrar o dedo pro Governo sim, mas com Contexto, não somente porque é divertido.
Neste momento não tem vida fácil pra ninguém, e os músicos nos atualizam sua situação durante esta pandemia:
Furukawa: Parados, fazer o quê… Poucos estão respeitando a quarentena, né? O resto do povo ou está fazendo com má vontade ou está surfando no negacionismo da vez. Fora isso, estamos compondo sem parar: Talvez a gente saia da quarentena e já esteja com um álbum pronto nas nossas cabeças, só ir pro estúdio e gravar.
Lizardo: E quem sabe voltemos para fazer uma live de lançamento com os devidos cuidados e para não morrermos de catatonia em casa.
Leo: Esperamos que em 2021 possamos retornar aos palcos e poder fazer o que mais amamos, tocar e dar alegria ao nosso público.
A banda não está para brincadeira, tem um trabalho sério e cada vez mais consolidado devido a sua qualidade musical, com letras pesadas e cantadas no bom português. Qual poderia ser o diferencial da banda por trás da música? Os integrantes nos contam:
Lizardo: Uma pergunta pretensiosa e intrigante. Talvez um comprometimento, uma dose de honestidade criativa e de compromisso que possa fazer fluir coisas muito produtivas e que nem sempre se acha de forma tão agradável. Isso claro, diria porque é impossível sentir o emocional por trás de outras bandas no backstage, digamos. São sensações e impressões muito íntimas e de difícil exposição.
Leo: A Attitude nos últimos anos vem se posicionando cada vez mais nas questões antifascistas, coisa que algumas bandas atualmente não fazem. Não é só questão de posicionamento, mas sim de lutar e defender o que é certo, e ter coragem de fazer o que é o correto.
A banda passou por reformulação, conta com integrante novo, sem perder sua essência, liderada pelo vocalista Furukawa. Inclusive faço questão dele contar para nós sobre os novos ingredientes musicais da banda:
Furukawa: Não temos uma Maior Influência… Eu nao vejo assim, pelo menos. Mas acho que desde o inicio fomos uma mistura de gêneros… Quando o Daniel e o Guilherme estavam na banda, tinhamos a influência de um NuMetal pique SOAD do Guilherme, um pouco de Angra por parte do Daniel. Depois o Leo entrou com um Metal Alternativo tipo Disturbed e Killswitch Engage, o Lizardo com um som mais Underground como Helmet e até Mesmo Bad Religion, então nós somos aquela mistura de gêneros procurando fazer algo novo.
Leo e Lizardo nos respondem a respeito da cena musical. Apontam sua visão sobre o mercado musical:
Leo: É uma situação que vem desde os anos 2000, o grande monopólio da música nacional é totalmente favorável aos músicos de certos gêneros musicais (sertanejo, pagode, axé, etc). São poucos os que investem e ajudam bandas, principalmente da cena underground, a ter um destaque e conseguir alcançar um nicho que não comparece nos shows. Por isso devemos sempre exaltar e fazer parcerias com produtores, casas de show, bandas e pessoas da cena underground, pois sem eles a máquina não funciona corretamente.
Lizardo: Tipo, coisas mais ou menos novas vão surgindo, mal percebemos a mudança, começamos a se comportar como gente velha, e o hybrid theory e o meteora cada vez mais se torna o led zeppelin da nossa geração. Só espero que sobrevivamos não nos tornando conservadores musicais, se é que me entende.
Hoje conversamos com a banda de Campinas, São Paulo, Attitude. Sonoridade de qualidade feita por um trio destinado a mudar seu dia com cultura de peso. Um detalhe muito legal, é sobre o vocalista Furukawa. Artista, produz as capas da banda. E para a despedida, a banda apresenta de forma unanime o seu som de “presença”:
Lizardo: Eu tenho um carinho e um sentimento forte por “VERDE, AMARELO E VERMELHO SANGUE”. É a que mais me chamou atenção ao longo do processo de ingresso na banda. Nunca fui um cara que consegue reparar na letra da música de cara mas isso se tornou algo incontornável enquanto tirava algo que, inclusive, era incrivelmente agradável de se tirar no instrumental: uma sequência de acordes até que simples que não se deixava soar batida por uma boa melodia de voz, variações na guitarra que demanda-lhe atenção pra se tirar, etc… tudo isso contando com um trabalho sensacional do paralelo estudio, adorei de ver o resultado final.
Leo: “Verde, Amarelo e Vermelho Sangue”. Porque ela resume toda a situação do país nos últimos anos. O que vemos na mídia todos os dias, emissoras e meios de comunicação enganando as pessoas com mentiras, o trabalhador acordando todos os dias pra ir trabalhar e sendo perseguido por questão políticas, de gênero e religiosas, crianças tendo sua liberdade de crescer em um ambiente saudável prejudicadas por conta da criminalidade, a saúde pública sucateada, jovens não tendo oportunidades de ter um futuro promissor, enfim, muitos problemas que a sociedade e principalmente os governantes ignoram e não fazem nada a respeito.
Furukawa: Olha, sinceramente, “Verde Amareo e Vermelho Sangue” ficou Excelente. Quando eu a escrevi eu ja tinha a ideia na cabeça, as viradas, os riffs, mas quando eu e o Leo nos juntamos pra tocar o negocio ficou totalmente diferente. Estava mais Sujo, mais Violento, mais Agitado… Isso sem contar quando chamei o Lizardo pra fazer o solo(e eventualmente a ingressar na banda) e ele fez mu trampo que até o nosso produtor(grandissíssimo Gabriel “Bileo” Oliveira) ficou impressionado. E a letra também é uma das melhores que eu ja escrevi, ela esta pau a pau com a “Violência Urbana”, também do A.C.A.B.