“Morreu o cara que me fez querer ser quem eu sou hoje.”
Essas são as palavras de Kito Vallim (Final Disaster/HellArise), que na busca de encontrar uma forma de homenagear o eterno vocalista, compositor e maestro André Matos, encontrou nas suas palavras, e nas de tantos outros fãs, uma forma de expressar de forma sincera e honesta os sentimentos a respeito da perda da lenda de nosso Heavy Metal.
Convidamos amigos ligados a cena do Heavy Metal, independente de qual gênero, idade ou estado, e concluímos que André Matos mexeu com praticamente todos, e se tornou eterno dentro do coração e memória de cada um que ouviu suas obras.
”Foram várias vezes que assisti apresentações do Angra, Shaman e sua correira solo. Sempre me inspirou seu talento e profissionalismo. Sempre foi educado e atencioso com seus fãs. Um músico que vai deixar saudades. Sua carreira foi ímpar.”
Rodrigo Berne (Lakunna e Tray Of Gift)
”Holy Land do Angra foi o primeiro álbum de metal que ouvi na minha vida, a partir daquele momento foi se moldando todo meu conhecimento e apreciação pelo gênero e música em geral, visto que sua obra se ramifica em varios estilos.
Já tive oportunidade de conversar com o Andre varias vezes e sempre foi atencioso, na ultima vez que falei com ele foi no Roça N Roll 2017, apesar de vários encontros nunca tinha agradecido a ele pelo seu trabalho e como sua musica mudou minha vida, dessa vez falei pra ele, mas havia mtos fãs ao seu redor e acabou que ele não deu atenção, sai de fininho pra não incomodar e ser um fã chato, assim que virei as costas ele pegou no meu braço e se desculpou e falou o que eu tinha dito era o que valia a pena no seu trabalho, me abraçou e agradeceu.
Além dos vários encontros, já tive oportunidade de ver ele com o Angra, Shaman e Viper. Nunca esquecerei nenhum desses shows.”
Raphael Wagner (Aneurose)
”André Matos … cara, esse nome me vem muitas lembranças na minha mente de quando comecei na música. Comecei a querer tocar metal quando ouvi Carry on, alguns anos atrás. Se eu tiver que resumir, eu posso falar com toda certeza que é meu ídolo da música brasileira, e um dos caras que muito contribuiu para alavancar o metal brasileiro pro mundo. Sua obra estará sempre eternizada em nossos ouvidos, mentes e corações. Obrigado, André, pela sua música! Você é eterno !”
W. Johann (Victorizer)
”Acho que antes mesmo de conhecer bem Angra eu já conhecia “Fairy Tale”, um amigo meu me mostrou e aquilo me ganhou. Era um som diferente, mágico e dramático. Com tempo, conheci mais de André Matos, conheci Viper, conheci Angra, conheci Shaman. Vi que André era muito mais que um vocalista com alcance vocal deslumbrante e único, mas um musicista rico e compositor louvável. Angra se tornou uma de minhas bandas favoritas e toda a história dessa banda se deve muito a influência de André no momento de sua criação. Shaman trouxe ainda mais de André, com trabalhos que enchem os ouvidos e provaram, definitivamente, a qualidade nata na arte de fazer composições de grande requinte. André foi um gênio e, graças a suas obras, estará sempre entre nós. Carry on, Maestro, carry on.”
Vinicius Albini-Saints (Dark New Farm)
“É difícil falar do Andre Matos! Acompanho sua carreira desde muito jovem e lembro que meu primeiro contato com sua obra foi qdo ouvi Carry On e fiquei embasbacado. Aqueles agudos, aquelas melodias bonitas e tão singulares que mais tarde eu viria a saber serem criações dele me deixaram em um estado frenético. Como um cara podia cantar daquele jeito e ainda criar músicas e temas tão maravilhosos? O fato dele ser brasileiro e tão novo tornava tudo mais interessante, mostrava que era possível ser excelente sendo deste país. Ele inspirou e cultivou o sonho de muitos artistas e músicos desde aquele início dos anos 90; ainda inspira e inspirará. Era um artista extraordinário não só pela virtuose vocal, pelo conhecimento formal em música ou técnica pianística, mas principalmente, como dito acima, por seu talento e dotes ao compor, um gênio! Sua música tem marcas únicas que ele imprimiu com muito cuidado e bom gosto que o garantirão a imortalidade. Dividi alguns momentos com ele em shows, camarins, gravações, festas, sessão de fotos e pude conhecer seu lado humano e simples; era um cara respeitoso, educado, centrado e positivo. Sempre que pode me deu conselhos, me motivou e elogiou. Sua partida tão repentina me deixou profundamente triste e perplexo. Me parece que o heavy metal brasileiro, de alguma forma, só faz sentido se estiver associado a ele. Terei de superar isso! É difícil imaginar que a vida corre sem ele estar na área, é difícil pensar isso e mesmo explicar, até porque não éramos próximos assim( sei que muitos compartilham um pouco desse sentimento que externo aqui). Sua música é eterna, seu estilo de cantar e suas melodias serão sempre inspiração e fontes de maravilhamento e, assim, ele estará personificado na criação musical para o sempre. A música mundial perdeu um de seus grandes.”
Bruno Maia (Tuatha de Danann)
”É difícil explicar a relação que temos com nossos ídolos. Quando foi confirmada a morte do André me veio a sensação de ter perdido um amigo próximo. Por mais que não conhecesse o músico, sinto que suas músicas fizeram parte da minha adolescência e foram um dos responsáveis por me fazer ouvir metal. “Living from the night”… “Angels Cry”… “Nothing to Say”… Lembro de ter essas músicas gravadas em fita, de quando tocavam na radio, coisa que é impossível pra gurizada imaginar hoje. Nos anos 2000 adiante, quando meu gosto pessoal já tinha se afastado do Power e melódico, veio o Shaman e me encantou com “For Tomorrow”, “Fairty Tale”, “Pride”… Assisti todas as duas horas do que viria a ser o penúltimo show do Shaman, e ver o André cantando muito feliz, por estar no palco e por ver os fãs cantando junto, é a memória que vou levar comigo. Descanse em paz, maestro, e obrigado por tudo.”
Harley Caires (Dark New Farm)
”’Não conheci o André Matos pessoalmente e infelizmente nunca o assisti ao vivo, mas ele esteve e está presente em minha vida há mais de uma década. Em diversos momentos da minha vida, sua música me acolheu, me deu forças para manter a cabeça erguida e esperanças de que tudo iria melhorar ou apenas me deu mais alegria. Muito obrigado por tudo e por ter sido alguém de suma importância na minha formação musical e carreira. Fique bem, André, você marcou a história da música e o coração de diversas pessoas.”
Caio Botrel (Black Crow Feather/Whykings/Bloodshed Horizon)
”O ciclo vêm sendo fechado, a idade e a saúde dos músicos não andam das melhores, quem faz turnê no Brasil sabe que é uma tarefa árdua, o artista mal para em casa. E o que falar sobre Andre Matos, o cara que contribuiu mais do que 100% para o Heavy Metal nacional, expondo ainda mais a qualidade nacional para o mundo? Todos os relatos aqui serão emocionantes, cada um no seu ponto de vista obtiveram a presença de Andre seja física ou auditiva, e não me conformo que em pleno 2019 perdemos um rapaz de 47 anos para um mal súbito que não tem hora marcada. Já passou da hora para a especialização acontecer, e deixarmos de perder nossos tesouros nacionais. Deixo as homenagens mais dignas aos colegas, estou em luto pelo André e pelos demais músicos que já se foram pelo mesmo mal.”
Wendell Pivetta (Metal Etílico/O Subsolo)
”É muito difícil para mim falar a respeito do André.
Lembro da primeira vez que ouvi Carry On e tentava cantar aquele refrão altíssimo em todos os lugares que eu passava, passando altas vergonhas rs.
Após ouvir esse som eu me interessei pelo Angra e sonhava em ter um cover, porém o André já não fazia mais parte da banda, o que me fez ir atrás de seus outros trabalhos.
Tive a oportunidade de vê-lo ao vivo no Avantasia, no Viper na gravação do Dvd comemorativo, e em um Workshop e ainda lembro dá pergunta que fiz ao André.
“Particularmente eu acho que seu ápice vocal foi em Time to be Free, mas eu queria saber qual você considera seu ápice?” Ele pensou um pouco e respondeu que foi o Virgo e detalhou os motivos.
Embora eu não possa dizer que eu tenha sido o maior fã de sua voz ou de todo o seu trabalho, aquela primeira vez que ouvi Carry On definiu de vez a minha vontade em ser vocalista.”
Gustavo Cunha (Octodemon)
“Certamente o maestro Andre Mattos já deixa muita saudade em todos nós que o amávamos tanto…ele era e sempre será uma das maiores inspirações musicais de nossa geração”
Rafael Rassan (Rafael Rassan)
”Falar sobre o André Matos é algo que tem uma ligação muito direta com fases da adolescência. Eu tinha uns 14 anos quando ouvi o Angels Cry pela primeira vez, foi um marco e o que me converteu completamente a um fã de power metal. Pela primeira vez, uma banda brasileira de power metal melódico fazendo um som tão bom, tirando o Sepultura que também fazia algo incrível quanto o que era feito lá fora… o vocal do André Matos me impressionou principalmente pelo alcance de nota, algo impressionante… me lembro de ouvir Carry On pela primeira vez, onde ele fazia aquele refrão super difícil e logo depois ele subia um tom e fazia uma coisa quase sobrehumana. Eu escutava aquilo todo dia antes de ir pro colégio, porque era uma música que me dava ânimo pra continuar e enfrentar aquela coisa todos os dias.
O Holy Land pra mim é o melhor disco do Angra e os caras ainda foram um passo a frente, pois já tinham a Never Understand no Angels Cry e no Holy Land eles misturaram a música brasileira com o heavy metal. Parecia uma versão Heavy Metal do guarani. Você via pelos arranjos e pela maturidade, que era uma banda que tinha um refinamento acima do normal. Novamente o André Matos tinha algumas letras que me tocavam muito, foi nessa época que eu conheci o Bruno Maia (Tuatha de Danann) em nosso primeiro show do Angra que foi realizado em Pouso Alegre/MG e aquilo foi uma coisa incrível! Parecia que a gente estava assistindo o Iron Maiden, porque pra mim eles eram uma das maiores bandas do mundo – e estavam fazendo um show ali no Sul de Minas. A apresentação foi um pouco conturbada, porque não havia tanta estrutura, mas foi um marco.
Ainda consegui assistir os caras duas vezes na turnê do Fireworks, mas a banda já não estava no mesmo pique.
É incrível ver como o André Matos fez parte da primeira banda de Heavy Metal brasileira que cantava em português, conseguiu ter uma banda que tinha uma música que fazia parte de uma trilha-sonora de uma novela e ter chegado ao mainstream. Isso é admirável, porque às vezes eu mostrava o Angra com o André Matos para pessoas que não curtiam Heavy Metal e ficavam impressionadas com a voz, com as melodias, porque isso fugia muito do esterótipo do Heavy Metal que as pessoas de fora tem.
Anos depois eu me juntei à banda do Confessori e revivi muitos momentos do meu passado, quando tive que estudar as coisas do Angra e Shaman, nas fases em que o Ricardo estava nas bandas e foi algo muito especial… porque eu pude tocar várias coisas que eu tocava quando era adolescente e que fizeram parte da minha formação como músico. É importante ressaltar que pessoalmente, mesmo eu não sendo um cantor, o André Matos sempre foi uma referência de um cara que estudou… era um grande músico, estudou música, foi atrás e foi um herói para mim.
Eu estava sabendo que ele estava passando por alguns problemas pessoais e o vi em uma apresentação no final do ano passado e fiquei até um pouco preocupado, porque ele não parecia bem. Vi ele em sua última apresentação no Espaço das Américas com o Shaman na semana passada, e eu fiquei super feliz porque ele estava muito bem, ele cantou super bem, estava em um pique impressionante, foi muito aplaudido, até mais do que os vocalistas estrangeiros que estavam lá. O destino às vezes prega umas peças na gente né? Eu nunca imaginei que seria a última vez que eu o veria ao vivo.
Eu conversei algumas vezes com ele, quando o Seventh Seal abriu alguns shows da carreira solo do André Matos – ele sempre foi um cara super gentil, super educado, humilde, uma pessoa extremamente agradável de estar perto. Pra mim dói saber que eu nunca vou poder agradecer ele por ter feito essa música que me ajudou a passar por tantos momentos difíceis, passar por tanta coisa.
Fica aí meu agradecimento ao André Matos, pela obra que ele fez. Que ele descanse em paz e que a posteridade seja justa com ele.”
Thiago Oliveira (Warrel Dane, Confessori, Seventh Seal)
Toda a equipe O SubSolo deseja que a luz guie André Matos. Por aqui, sua vida será eterna através de sua obra. Obrigado, Maestro.