Saudações sanguinários e sanguinárias!
Estou de volta com a coluna mais sangrenta do site. E hoje não poderia ser diferente, pois iremos falar sobre o estilo de cinema francês ultraviolento e marginal, a New French Extremety. Aprecie sem moderação. Até a próxima!
O French Extremity, também conhecido como New French Extremity, é um movimento cinematográfico que emergiu na França no final dos anos 90 e início dos anos 2000. Este movimento se caracteriza por um estilo visual e narrativo extremamente violento e perturbador, que explora temas tabus, como a violência, o sexo e a morte. O movimento foi influenciado pelo cinema de horror, pelo cinema de arte e pelo cinema underground, além de ser uma resposta à tradição cinematográfica francesa mais convencional.
O primeiro filme a receber a definição de New French Extremity foi Trouble Every Day (2001), dirigido por Claire Denis. O filme segue a história de uma mulher que se torna um monstro sexual que mata homens durante relações sexuais. Trouble Every Day apresenta cenas extremamente gráficas de sexo e violência, e desafia as convenções do cinema francês com sua abordagem visceral e perturbadora.
O filme causou polêmica quando estreou no Festival de Cannes em 2001, com muitos críticos e espectadores chocados com a violência explícita e as cenas de sexo gráfico. No entanto, o filme também foi elogiado por sua ousadia e por desafiar as expectativas do cinema francês.
O French Extremity é frequentemente comparado ao movimento cinematográfico da Nova Extremidade Alemã, que surgiu na década de 1990, e ao movimento Dogma 95, da Dinamarca, que defendia o uso de técnicas cinematográficas simples e a abordagem de temas realistas.
Uma das principais críticas aos filmes da escola New French Extremity é que eles são excessivamente violentos e misóginos. Muitas vezes, os personagens femininos são retratados de forma humilhante e brutalizada, e a violência é vista como uma resposta legítima a qualquer tipo de ameaça. Alguns críticos argumentam que esses filmes são uma forma de pornografia violenta, que busca apenas chocar e provocar uma reação emocional do espectador, em vez de apresentar uma narrativa significativa ou reflexiva.
No entanto, há também aqueles que defendem a escola New French Extremity como um importante movimento cinematográfico que desafia as convenções do cinema francês tradicional. Eles argumentam que esses filmes têm uma abordagem mais realista e autêntica para temas perturbadores, o que os torna mais reflexivos e honestos. Além disso, eles afirmam que esses filmes permitem que o público explore a escuridão da natureza humana, em vez de simplesmente ignorá-la ou minimizá-la.
Enquanto alguns críticos argumentam que os filmes da escola New French Extremity são apenas uma exploração desnecessária da violência e do horror, outros veem neles uma oportunidade para refletir sobre questões profundas relacionadas à condição humana. Independentemente da perspectiva, não se pode negar que esses filmes são inovadores e impactantes e continuam a influenciar o cinema francês e mundial até hoje.
Clássicos do cinema francês como “A Bout de Souffle” e “Jules et Jim” ganharam um novo complemento em 1990 com a chegada do movimento New French Extremity, que ganhou notoriedade internacional por suas narrativas perturbadoras e violentas. Esses filmes compartilham uma estética crua e realista, que procura chocar o espectador ao expor a violência e a brutalidade em sua forma mais gráfica e explícita. Abaixo, segue a resenha de alguns dos principais filmes da escola New French Extremity:
“Irreversível” (2002), dirigido por Gaspar Noé
“Irreversível” é um dos filmes mais controversos e intensos da escola New French Extremity. O filme conta a história de um homem que busca vingança após a brutal agressão sexual de sua namorada. O filme é famoso por sua estrutura narrativa não linear, que acrescenta à sensação de desorientação e desconforto do espectador.
As cenas são filmadas em longos planos-sequência, criando uma sensação de imersão na ação. “Irreversível” é um filme brutal, violento e extremamente perturbador, mas também é uma obra-prima do cinema francês contemporâneo.
“Baise-moi” (2000), dirigido por Virginie Despentes e Coralie Trinh Thi
Filme que chocou o mundo com suas cenas de violência explícita e sexo não convencional. O filme segue a história de duas mulheres que embarcam em uma jornada de violência e sexo, em busca de vingança.
O filme é controverso por sua representação gráfica da violência sexual, mas também é elogiado por seu retrato realista da vida de mulheres marginalizadas. “Baise-moi” é um filme ousado e perturbador que desafia as expectativas do que o cinema pode fazer.
A Invasora – “À l’Intérieur” (2007), dirigido por Alexandre Bustillo e Julien Maury
Filme de terror sobre uma mulher grávida que é atormentada por um estranho que invade sua casa na véspera de Natal. O filme é extremamente intenso e violento, com cenas de gore explícito e brutalidade.
Os diretores usam técnicas de filmagem inovadoras para criar uma atmosfera claustrofóbica e opressiva, adicionando à sensação de terror do espectador. “À l’Intérieur” é um filme que fica com o espectador por um longo tempo após o final, deixando uma impressão duradoura. Em 2016 o espanhol Miguel Ángel Vivas dirigiu o desnecessário remake do filme Frances. Dica: Assista primeiro sempre o original.
“Trouble Every Day” (2001), dirigido por Claire Denis
“Trouble Every Day” é um filme de terror que segue a história de um casal que viaja para Paris em busca de uma cura para a doença mental do marido. O filme é um retrato sombrio e perturbador da obsessão e da doença mental, com cenas de violência e canibalismo.
Claire Denis usa uma abordagem sutil e poética para contar a história, adicionando uma dimensão extra de profundidade emocional. “Trouble Every Day” é um filme assustador e emocionalmente desafiador que merece ser visto.
“Calvaire” (2004), dirigido por Fabrice Du Welz
“Calvaire” é um filme de terror que segue a história de um músico que fica preso em uma cidade isolada e é atormentado por seus habitantes. O filme é cheio de imagens perturbadoras e perturbadoras, com cenas de violência e sexualidade distorcida.
Fabrice Du Welz usa uma abordagem visualmente deslumbrante para contar sua história, criando uma atmosfera intensa e inquietante. “Calvaire” é um filme único e perturbador que desafia as expectativas do cinema de terror.
“In My Skin” (2002), dirigido por Marina de Van
“In My Skin” é um filme sobre uma mulher que sofre um acidente e começa a desenvolver um relacionamento doentio com sua própria pele. O filme é perturbador e angustiante, com cenas gráficas de auto-mutilação e auto-tortura.
Marina de Van usa uma abordagem visualmente ousada para contar sua história, com uma direção de arte impressionante e uma atmosfera claustrofóbica. “In My Skin” é um filme inquietante e perturbador que permanece com o espectador muito tempo após o final.
“À l’Origine” (2009), dirigido por Xavier Giannoli
“À l’Origine” é um filme baseado em fatos reais sobre um homem que se passa por um empresário de construção e começa a construir uma estrada ilegal. O filme é um retrato sombrio e perturbador da corrupção e da ganância, com cenas de violência e abuso de poder.
Xavier Giannoli usa uma abordagem sutil e realista para contar sua história, adicionando uma dimensão extra de profundidade emocional. “À l’Origine” é um filme emocionante e perturbador que vale a pena ser visto.
“La Vie Nouvelle” (2002), dirigido por Philippe Grandrieux
“La Vie Nouvelle” é um filme sobre uma jovem que foge para uma cidade do leste europeu após cometer um assassinato. O filme é cheio de cenas perturbadoras e gráficas de violência e sexualidade, e Philippe Grandrieux usa uma abordagem visualmente ousada para contar sua história.
O filme é emocionante e perturbador, adicionando uma dimensão extra de profundidade emocional à sua história. “La Vie Nouvelle” é um filme intenso e emocionante que desafia as expectativas do cinema francês.
“Mártires” (2008), dirigido por Pascal Laugier
“Mártires” é um dos filmes mais famosos da escola New French Extremity. Ele conta a história de uma jovem que é sequestrada e submetida a tortura brutal por um grupo de pessoas. O filme explora temas como a natureza humana, a violência e a fé.
A intensidade do filme é tamanha que muitos espectadores foram incapazes de assistir até o final. “Mártires” é um filme que provoca emoções extremas, e é preciso ter estômago forte para assisti-lo. No ano de 2009 ganhou um remake desnecessário norte americano também dirigido por Pascal Laugier.
Mais recentemente, outros filmes se juntaram ao movimento, incluindo “Raw” (2016), dirigido por Julia Ducournau, que segue uma estudante vegetariana que se transforma em uma canibal, e “Grave” (2016), dirigido por F. Javier Gutiérrez, que explora temas de violência sexual e doméstica.
Curiosidades
A New French Extremity é um movimento cinematográfico que gerou muita controvérsia desde seu surgimento nos anos 2000. Aqui estão algumas curiosidades interessantes sobre o movimento:
- A maioria dos filmes da New French Extremity são dirigidos por homens, mas algumas mulheres também fizeram contribuições significativas, como Claire Denis (“Trouble Every Day”) e Catherine Breillat (“Romance X”).
- A maioria dos filmes da New French Extremity são considerados de arte e, portanto, recebem um orçamento modesto. No entanto, o movimento ganhou atenção internacional e muitos diretores se tornaram figuras influentes no cinema de arte contemporâneo.
- Alguns dos filmes da New French Extremity foram proibidos em vários países, incluindo “Baise-Moi” e “Mártires”. Esses filmes são considerados altamente controversos e foram criticados por suas cenas de violência gráfica e sexo explícito.
- A maioria dos filmes da New French Extremity são bastante sombrios e perturbadores, mas alguns diretores, como Quentin Dupieux, usam humor negro em seus filmes. Por exemplo, “Rubber” (2010) é uma comédia de terror sobre um pneu que ganha vida e começa a matar pessoas.
- A New French Extremity tem influenciado outros movimentos cinematográficos, como o Novo Extremismo Dinamarquês e o Novo Extremismo Norte-Americano, que também apresentam filmes extremamente violentos e perturbadores.
- A classificação etária dos filmes da New French Extremity é frequentemente questionada, pois muitos dos filmes contêm cenas de violência e sexo explícito que podem ser consideradas inadequadas para menores. Por esse motivo, muitos dos filmes foram lançados sem classificação.
- A New French Extremity tem sido frequentemente comparada com o cinema de horror, mas muitos diretores do movimento rejeitam essa comparação. Eles argumentam que seus filmes são mais sobre a condição humana e a experiência emocional do que sobre o terror em si.
E o futuro?
É difícil prever o futuro da New French Extremity, pois o movimento já teve seu auge nos anos 2000 e muitos diretores do movimento seguiram caminhos diferentes em suas carreiras desde então. Alguns dos diretores da New French Extremity, como Gaspar Noé e Claire Denis, ainda estão ativos e produzindo filmes, enquanto outros, como Pascal Laugier e Alexandre Bustillo, se afastaram do gênero.
No entanto, o impacto da New French Extremity no cinema de arte e no cinema de horror ainda é significativo e pode ser visto em muitos filmes contemporâneos. O uso de cenas violentas e sexuais extremas em filmes de arte e horror ainda é uma tendência, e alguns diretores continuam a se inspirar no movimento para criar obras perturbadoras e impactantes.
Além disso, o surgimento de novos movimentos cinematográficos, como o Novo Extremismo Norte-Americano e o Novo Extremismo Dinamarquês, sugere que o legado da New French Extremity ainda é relevante para o cinema contemporâneo e pode continuar a influenciar novos diretores e movimentos no futuro.
Em resumo, embora o movimento New French Extremity possa não ter o mesmo destaque que teve nos anos 2000, seu impacto duradouro no cinema de arte e no cinema de horror sugere que seu legado pode continuar a ser sentido no futuro. Esses filmes são uma expressão da liberdade artística e da vontade de explorar novos territórios cinematográficos, e como tal, eles continuarão a provocar e desafiar o público.
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