No dia 27 de setembro de 1986, um dos maiores músicos de todos os tempos teve sua vida precocemente interrompida. Cliff Burton, baixista do Metallica, morre aos 24 anos num terrível acidente na Suécia, durante uma turnê da banda.
Clifford Lee Burton começou a tocar baixo após a morte de seu irmão, Steve, e sempre foi muito esforçado, levando a sua relação com o instrumento a um outro nível. Sempre se interessou em pensar em melodias e não apenas em linhas de baixo, o que fez com que Cliff tivesse tanta habilidade em aprender e pegar uma ideia, transformá-la em um riff e desenvolvê-la, fazendo dele um solista. Para isso, Burton estudou teoria clássica e era muito aplicado com os exercícios dados por seus professores, sempre chegando para a aula preparado para o próximo tópico.
Clifford Lee Burton começou a tocar baixo após a morte de seu irmão, Steve, e sempre foi muito esforçado, levando a sua relação com o instrumento a um outro nível. Sempre se interessou em pensar em melodias e não apenas em linhas de baixo, o que fez com que Cliff tivesse tanta habilidade em aprender e pegar uma ideia, transformá-la em um riff e desenvolvê-la, fazendo dele um solista. Para isso, Burton estudou teoria clássica e era muito aplicado com os exercícios dados por seus professores, sempre chegando para a aula preparado para o próximo tópico.
Não é necessário ser fã do Metallica para reconhecer o talento e originalidade (para dizer o mínimo) de Cliff e o que isso trouxe aos primeiros álbuns do Metallica, Kill ‘Em All, Ride The Lightning e Master of Puppets e, muito mais do que isso, o que isso trouxe para a música em geral.
Pensei em diversas formas de prestar minha homenagem ao grande Cliff e não encontrei uma forma mais apropriada do que trazer uma relação de depoimentos de baixistas nacionais sobre ele. Acredito que a maior obra de Cliff Burton não tenha sido Anesthesia ou Orion, mas todo o legado por traz de cada riff, cada distorção… E, mais do que isso, do conjunto todo.
Sou imensamente grata por cada um que me concedeu seu depoimento, pois juntos estamos deixando nosso próprio tributo no altar de Burton. E, parafraseando Joel McIver, autor do livro “To Live Is To Die”, que conta a história de Cliff, espero que ele atinja os altos padrões de excelência, pessoal e musical, que Cliff estabeleceu. Obrigada a cada um de vocês por tornar isso possível!
“O Cliff nasceu pro Metal e morreu fazendo Metal. É um dos titãs do contrabaixo, ele é o nosso símbolo maior. Protagonista de uma maneira única de tocar que integrou a fase de ouro do Metallica. Suas lições nunca serão esquecidas e permanecerão vivas em todos que despejam o melhor de si do palco. O Heavy Metal não seria o mesmo hoje sem a sua influência.” (Speedwolf Renato – Jackdevil)
“Por que o Cliff Burton é um cara tão foda? Não era a distorção no baixo. Isso aí vinha daquela influência do Thin Lizzy, Rush, Motörhead, o “wah-wah” era uma coisa nova que ele colocou… Mas, mais que o efeito, foi a identidade que ele dava pro som: aquela calça boca de sino, a tattoo dos Misfits, o hippie-punk esmerilhando no baixo na maior banda de metal do momento… Mas um momento que foi muito rápido! Eu acho muito foda aquele visual dele com o Rickenbacker vermelho, mas acho que a maioria das coisas que eu vi dele tocando foi com um Aria Pro ii, que é bem estranho se tu parar para pensar, em questão de instrumento mesmo, mas era ele tocando é o que era o foda! O cara era, também, formado em música, e deu para ver bem a falta que ele fez no Metallica depois. O primeiro do Metallica é de 83, ele morreu em 86. Foram 3 anos e 3 discos fodas. Ele morreu com 24 anos e fez tudo isso. É foda quando tu pensa no que foi e em tão pouco tempo: isso. Pensa no que podia ter sido… Talvez, algo diferente do que foi o Load e o Saint Anger, pelo menos… Mas ele fez o legado dele. Eu, quando escuto Orion, penso que ele vai viver pra sempre.” (Leonardo Chagas – Arkanger, Blood Horror e produtor)
“Como a vida é engraçada, né? Um cara que eu nunca vi e que eu nunca tinha ouvido falar foi capaz de mudar minha vida de um jeito que eu nunca pude imaginar. Foi por causa dessa pessoa que eu descobri a grande paixão da minha vida, o que me faz feliz, o que me move e pelo que eu dou minha alma, se for necessário. Esse cara é o Cliff, o mestre do contrabaixo que por um detalhe faleceu a 31 anos atrás, mas o que ele deixou para nós é incontestavelmente grande e absoluto, ele era um baixista extremamente inteligente e com certeza me influenciou na minha pegada como baixista.” (Matheus Prusse – Threzor)
“Atitude é uma palavra que define quase tudo que Cliff fazia, tanto em cima do palco, quanto em suas composições dentro do estúdio. Com uma presença de palco monstruosa, suas batidas de cabeça e seu dedinho da mão direita sempre esticado, devido à um acidente com anzol, marcavam suas principais características ao vivo. Cliff me infuenciou principalmente com sua imponente forma de criar riffs, enquanto em outros casos normalmente vinha das guitarras primeiro, no dele, era no baixo. Seu timbre, com pitadas de distorção, principalmente quando empunhava seu Rickembacker eram alucinantes. Fã assumido de southern rock, como Lynyrd Skynyrd e outros, ele levava esse espírito tambem fora dos palcos, com uma vida um tanto hippie e descompromissada. Cliff será eterno, pois seu pouco tempo de vida profissional nunca será apagado, pelo contrário, novos músicos ou apenas amantes da boa música nascerão, e certamente irão conhecer essa lenda! Obrigado por sua maestria, Cliff!” (Rafael Urnau Feldman – Tumulto)
“Cara, o Cliff Burton foi um dos formadores da identidade musical do Metallica. Foi uma escola de Contrabaixo mesmo, tanto em timbre quanto em criatividade. Em pouquíssimo tempo conseguiu deixar um legado e uma marca no metal mundial.” (Khaoe Rocha – Krucipha)
“Lembro-me de ter 15 anos e pedir ao meu professor de baixo para tirar músicas antigas do Metallica. Ele me contou um pouco sobre este mestre das 4 cordas. Comecei a ver vídeos antigos do Cliff fazendo solos de distorção e efeitos loucos o que é muito difícil imaginar um baixista fazer, e até hoje é no que eu baseio os meus timbres. Estes solos e musicas como Orion me inspiraram a fazer linhas onde o baixo é mais que um suporte. Hoje, mesmo depois de ter escutado outros baixistas que também me influenciaram, e de também já ter escutando as musicas do Metallica tantas vezes que agora só as ouço raramente, ainda me inspiro muito em Cliff para as minhas linhas. Acredito que Cliff influenciou muitos músicos no mundo e que mesmo depois de 31 anos falecido é um dos baixistas mais importantes para o rock/metal. Triste que agora só nos resta sonhar com as maravilhas que ele faria se estivesse vivo.” (André Barreto – Radioactive Murder)
“Como muitos a minha descoberta no metal foi por discos antigos do meu pai e jogos de vídeo-game como Tony Hawk e Guitar Hero, até que eu conheci o Metallica e fique apaixonado pelas suas musicas e vontade de sair quebrando tudo a cada som,quando eu comecei a tocar baixo a primeira musica que eu aprendi inteira foi For Whom The Bell Tolls com aquela introdução virtuosa e sensacional do Cliff e que a cada vez mais fui considerando ele como uma influência,vendo suas apresentações, seu modo de colocar o baixo como pilar principal num estilo onde jamais se imaginaria. Um músico daquele nível jamais irá aparecer no mundo de novo, ele era a alma daquela banda e foi um dos maiores pilares do Thrash Metal.” (Glauber Nogueira Pontes – BlackForce)
“Quando ouvi Metallica pela primeira vez o que mais me chamou atenção foi o baixista da banda pelo fato dele unir agressividade com melodia. Para mim o estilo diferenciado de tocar e as linhas de baixo criadas pelo Cliff foi o que levou o Metallica a ser tornar umas das principais bandas de metal. Até me pego imaginando como ficaria o Black Álbum, se Cliff tivesse tocado nele e provavelmente o And Justice For All… seria totalmente diferente. Mesmo tocando em uma banda punk, tenho Cliff como uma forte influência musical, principalmente no timbre que ele dava ao baixo.” (Adriano Bonatti – Resonantes)
“Eu já tocava há alguns meses quando conheci o Metallica, e quando eu soube que era um baixo e não uma guitarra em Anesthesia eu decidi que queria tocar igual aquele cara, e lá fui eu aprender as músicas dele e só me dei por satisfeito quando consegui tocar Orion. Hoje em dia já não sou mais tão fã do Metallica, mas aqueles três álbuns com o Cliff foram uma escola pra mim, me influenciando tanto que ainda hoje tenho muito dele no meu próprio jeito de tocar. Mesmo que antes dele já houvessem alguns baixistas de destaque, o Cliff revolucionou o instrumento no Metal, as linhas dele, principalmente nos instrumentais, são incríveis, como se quisessem dizer:” olha só, isso aqui é um baixo e é tão capaz de solar quanto qualquer guitarra, chega de ficar só fazendo a base.” (Fellipe França – Atlantis e Luciferiano)
“Um dos primeiros álbuns de metal que eu ouvi foi o Kill ‘Em All, do Metallica. Na época eu estava começando a tocar guitarra (logo depois fui para o baixo, uma das influencias foi ele), e o que me chamou a atenção foi a Anesthesia (Pulling Teeth), uma música inteira apenas com um solo de baixo com distorção, aquilo foi muito inovador. Orion, do álbum Master of Puppets possui uma linha de baixo incrível, que não era usual até então no estilo Heavy/Thrash Metal. Cliff tinha uma identidade única, um jeito singular de tocar o contrabaixo, uma presença de palco absurda, que influenciou toda uma geração de baixistas e era admirado por todos que conviviam com ele. Um fato interessante é que ele passava maior parte do tempo tocando guitarra e contribuiu muito para as melodias e composições da banda. O Metallica não teria a sonoridade que conhecemos se não fosse por Cliff Burton.” (Pierre Buchmann – Fortress e professor de baixo no GTR Floripa)
“Infelizmente conheci o trabalho de Cliff Burton através da materia da Rock Brigade em 86 que falava de sua morte, consegui uma cópia de Cliff Em’ All e devo ter assistido umas 500 vezes ou mais na época, eu queria muito de ter assistido um concerto dele com seus solos e performance na que considero a melhor fase do Metallica e apesar de tocar diferente na técnica, claro, Cliff era genial, tenho grande influência dele.” (André G. Mellado – Woslom)
“É um pouco complicado falar sobre Cliff Burton, entre os baixistas, é como uma faca de dois gumes, muitos acham que ele era um baixista superestimado, e outros (como eu) teve inspiração com sua breve passagem na história do metal. Minha escola no contrabaixo foi o Metallica, acho que a primeira música que me chamou atenção foi seek and destroy, eu escutava aquele “algo a mais” que não era as guitarras que faziam. Os efeitos que usava no baixo se destaca também. Sem contar que ele entendia muito bem de Harmonia e composição. Me influenciou a tocar e sempre a buscar novidades na música, não ficar só no mesmo. Sua presença de palco era única, era feeling total.” (Henrique Pereira Soares – Blood Eyes)
“O que falar desse cara? Excepcional para ele é pouco! Cliff Burton foi um exímio baixista que com sua técnica toda peculiar, moldou o som do Metallica. Certamente, a banda não teria chegado onde chegou não fosse por sua rica contribuição. Indubitavelmente o músico de maior técnica e conhecimento musical dos Four Horsemen e com uma grande influência de excelentes baixistas como Stanley Clark, Geezer Butler, Geddy Lee entre outros. Influência essa muito nítida em suas músicas. Ao ouvir um disco do Metallica pela primeira vez, sem dúvidas, o que mais me chamou a atenção foi o baixo. Como era tocado, com todos os efeitos que comumente não encontrávamos em outros baixistas: distorções, whah whahs, muito influenciado por Jimmy Hendrix de quem ele era fã, e um lindo bom gosto para harmonias. E é assim até hoje ouvindo os três primeiros trabalhos da banda. Não tem como não prestar atenção nas linhas de baixo criadas por ele, pois a cada audição encontramos uma notinha nova que enriquece as composições. Sua pegada era animal demais e continua a influenciar muitos baixistas em todo o mundo, inclusive eu. Ele não parecia ser um músico de heavy metal, seu estilo era mais hippie e Rock and Roll, esse foi o tempero especial que ele adicionou ao Metallica. James Hetfield deve ser muito grato até hoje pela entrada dele na banda, pois certamente aprendeu muito com este excelente músico, por isso sempre se emociona ao falar dele. Burton foi para o Metallica o que Randy Rhoads foi para o Ozzy Osbourne . Lamentavelmente nos deixou muito cedo, mas o seu legado será eterno.” (Robson Anadon – Orquídea Negra)
“Cara, nem sei por onde começar, Cliff Burton é o cara que me inspirou abandonar a guitarra e começar a tocar baixo, pra mim ele revolucionou completamente a maneira de tocar baixo a minha maior influência é ele sem dúvidas ninguém tocava do jeito que ele tocava ele tinha a presença no baixo que muitos nunca tiveram ele era um gênio pra mim um dos melhores baixistas do mundo.” (Vinicius Dias – Poenitentiam)
“Quando começamos a ouvir Metal, acredito que seja natural que haja um instrumento que sobressaia a nossos ouvidos no começo. Mais natural que isso é que a guitarra seja o primeiro a te chamar a atenção, e comigo não foi diferente. Das bandas que eu escutava no começo, a guitarra era o chamariz, com seus riffs e solos, tudo aquilo que a torna um ícone do Heavy Metal. Mas foi quando eu vi exatamente isso de riffs e solos sendo executados em outro instrumento com um peso incrível que eu fiquei desnorteado. ‘Isso é um baixo?’. Sim, era o contra-baixo de Cliff Burton fazendo muito mais que uma base na introdução marcante de ‘For Whom the Bell Tolls’. A mesma pergunta me fiz ouvindo a instrumental ‘Orion’, que tem uma linha de baixo linda em toda sua extensão, com destaque pros solos arrebatadores que Burton executa. Foi a partir daí que vi que tinha um instrumento com menos cordas mas que fazia coisas ainda mais incríveis dentro do Heavy Metal (e posteriormente, em diversos outros gêneros). Vejo Cliff como um mago, que fazia de seu baixo seu instrumento para completar de forma perfeita as guitarras do Metallica. Seja apenas acompanhando ou preenchendo com uma firula, ele sabia a fórmula perfeita para tornar os álbuns Kill ‘em All, Ride the Lightning e Master of Puppets em coisas únicas para seu tempo. A cada vez que ouvia esses álbuns mais eu notava a magnitude de seu trabalho, e a cada vez que lia histórias sobre a relação dele com a banda, mais eu via a importância de um grande músico nestas obras. Mesmo vindo a admirar outros grandes baixistas, Cliff será eternamente minha maior referência no Metal, já que além de compartilharmos este instrumento como forma de expandir nossa alma, compartilhamos a data de hoje em nossas vidas. Para mim, o início, mas infelizmente para ele, nove anos antes, seu precoce e nunca esquecido fim.” (Vinicius Albini-Saints – Disciples of the Beast)
“O Cliff era foda! Lembro-me de Anesthesia, se não me engano foi um vídeo em VHS que vi de um show de 86. Fiquei pasmo com a malandragem dele no baixo.” (Celso Fernandes – Circle of Infinity)
“Eu não sou tão fã do Metallica como eu era antigamente, mas a primeira vez que ouvi For Whom The Bell Tolls, quando eu tinha uns 13 anos, achei que aquela introdução era na guitarra, lembro de ter ficado doido com aquilo e fiquei ouvindo a música por semanas sem parar. Quando a gente começa a conhecer mais a banda e a história dos integrantes, bom, acho que todo mundo se impressiona com a habilidade e a criatividade do Cliff com a música, acho que pros baixistas e uma das primeiras influências que vem pra ti, botar uma distorção no baixo e tentar solar ele que nem uma guitarra não é pra qualquer um.” (Guilherme Willimann – Brokenhead)
“Cliff Burton está para o baixo como o Hendrix está para a guitarra, revolucionou o instrumento e virou um músico atemporal como Beethoven.” (Robin Gaia – InRaza)
“Sobre Anesthesia (Pulling Teeth): esta obra se tornou um legado com o passar dos anos e reflete totalmente no Metallica de hoje em dia, uma das maiores bandas de Metal do mundo. Para aquela época, este tipo de apresentação era uma coisa nova, até então não havia um baixo com tamanha distorção, solando daquele jeito onde o baixista bangueava sem parar durante a música em suas apresentações ao vivo, e isso foi um dos fatores que o fez ser quem é. Cliff gerava uma tremenda troca de energia com o público da época, que pôde vivenciar a história de um ídolo que hoje influencia assim várias gerações de baixistas do metal pelo mundo.” (Filipe Trindade Oliveira – Reggrety)
“De cara podemos falar que Cliff Burton era um instrumentista genial, hoje, é referência para a maioria dos baixistas. No contexto do Kill ‘Em All já existiam grandes baixista que se destacavam em suas bandas, mas se você curte baixo ou é baixista e vai escutar o primeiro álbum do Metallica, ele certamente irá soar algo meio Cliff ‘Em All!” (Marcos Andrade – Fast Evil)
Eu não poderia finalizar essa matéria sem dar eu mesma meu depoimento, não é? Minha experiência em relação ao Metallica e, principalmente, em relação ao Cliff, é quase de salvação. Não há nada como ouvir “Bass Solo, Take One”, que antecede uma das maiores músicas da história, para se sentir em casa. Talvez uma das experiências mais intensas da minha vida tenha sido tocar For Whom The Bell Tolls ao vivo. Parece pouco, mas até hoje não consigo descrever aqueles minutos. O talento, intensidade e originalidade de Burton são características que o tempo já se provou incapaz de apagar. Lembro-me do epílogo escrito por Ray Burton, pai de Cliff, para o livro Back to The Front, onde ele descreve que se emociona com as pessoas que contam histórias sobre como seu filho mudou suas vidas e como eles pegaram no baixo pela primeira vez devido a ele. Sou uma destas pessoas.
Um enorme agradecimento ao grande Clifford Lee Burton, onde quer que ele esteja.