Por: Éder Freitag

Eis que uma tempestade se anuncia na noite de 12 de Janeiro. Foi em São José – SC que as almas caídas se reuniram no Beco Pub para apreciar e celebrar o que veio a ser o “1º Cadaverina Fest”. Duas hordas de Black Metal (uma tão jovem, e a outra já veterana de guerra) fizeram parte do cast, ISFET e POSTHUMOUS, evento este feito pela Scream Metal Produções.


O Publico foi adentrando ao estabelecimento pouco a pouco, pegando suas cervejas, ocupando as poucas mesas, já que se trata de um local pequeno, (de sugestiva lotação máxima de 69 pessoas, indicado já na entrada), porém aconchegante. Foi notável a familiaridade de alguns com o Beco, como se já fosse da casa, e outros que observando as paredes decoradas com cartazes de passados e futuros eventos do Pub aparentavam estar pisando lá pela primeira vez.

ISFET foi a primeira banda a se apresentar, e fiquei surpreso também em vê-los subindo ao palco sem contrabaixo, apenas com bateria e duas guitarras, mas conversando com eles após o evento disseram que o baixista sofreu um acidente, justificando assim a ausência. O então trio de Florianópolis começou com uma breve falha na guitarra, mas não impediu de executar um curto e ótimo instrumental, anunciado como novo single que estará no próximo album com lançamento previsto ainda este ano. Continuaram com “Deeds of Imperfection”, “Tragedy Comes Ashore”, “Shards From A Formless Past” (que dá o título do primeiro álbum). Após uma breve pausa com “Outro: Flew The Noxious Swarm”, tomaram folego e continuaram com “In Silence I Dwell” e “Towards Blossoming Sedition”. Anunciaram o fim com uma versão de Danzig, “Tired Of Being Alive” e um inusitado e belo dueto de guitarras da Sonata Nº6 de Niccolo Paganini. Me senti surpreendido com a juventude dos integrantes que executam ótimas composições com riffs gélidos como o Black Metal deve soar, e boa desenvoltura entre os guitarristas, Lucas U. e João R. Aguardemos ansiosamente por futuras apresentações!


Com a casa quase cheia e já inebriados na atmosfera obscura, a lendária horda POSTHUMOUS, oriundos de Criciuma, reinicia a guerra sonora visitando todas as fases da banda, que após um grande hiato reuniram novos membros e voltaram na ativa em 2017. Eis que iniciam com “Prelude to the Posthumous Meeting”, “The Raping of Saints” e “Fuckhrist”, presentes na segunda Demo “Lust upon the Altars of Blasphemy”. 

O baile infernal prossegue voltando aos primórdios com a lúgubre e tempestuosa “Emotional Sarcasm”. Hinos do álbum “My Eyes, They Bleed” não ficaram de fora, como “An Erotic Summoning”, e em seguida apresentaram “On The Wings Of Azazel”, indicando que têm coisa boa pra ser lançada. “Final Sacrifice” da primeira Demo de 1994 e “Splendour On Fire” gravada em uma coletânea Belga de 1998 marcaram presença antes da classica “Crucified Carcass”. Outro novo hino foi apresentado aqui, “Shub-Niggurath Ye Goat”, seguido de “Crowley Hordes Attack”, “Zyklon-B: Massive Killing Weapon” também do supra-citado debut. A maturidade e técnicas apuradas de todos os integrantes foram nitidas durante o show, com destaque aos urros abissais de R. Satan, e a pancadaria frenética de J.V.A-K. A intensa apresentação chega ao grand-finale com cover do Sarcófago “Christ’s Death”, mas o público insaciado pedindo bis fizeram a banda soltar mais duas canções novas (para a alegria dos fãs) “666 Ways To Kill” e “Unholy Necrometal Artillery”.



Para concluir é importante destacar que como todo bom evento underground, este também encerrou-se sem intrigas, desavenças, nem oposições, apenas boas interações entre o atendimento da casa, os bangers presentes e as ótimas bandas que deixaram aquele desejo de ver novas apresentações. Enfim, todos unidos para celebrar e cultuar o Metal Negro!

Fotos, texto e cobertura por Éder Freitag.

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.