Pela primeira vez fomos convidados a estar em um evento em terras gaúchas, expandir nosso trabalho além de pequenas fronteiras é de fato importante para nós. Acompanhando a excursão do AlkanzA que saiu de Santa Catarina diretamente para o Rio Grande do Sul, acompanhamos desde a viagem até as dificuldades enfrentadas pela banda em conseguir o pessoal para quitar o transporte.

Chegando ao local que era um pouco afastado da cidade (de certa forma isso é ótimo), descobrimos que seria disponibilizado o ótimo churrasco gaúcho as bandas e mídias, assim como a disponibilização de chopp artesanal para os mesmos. Diferente de outras eventos que estivemos presentes, nesse a galera da cidade e redondezas abraçou. Além do micro saindo de Laguna/SC, também teve uma van de Porto Alegre/RS e vários carros com placas de cidades vizinhas, estamos falando de um festival autoral na cidade de Taquari, micro, van e vários carros de fora e claro, muitas pessoas de casa também, no mínimo incrível.




A primeira banda a se apresentar foi a Cacife. Formada em 2008, a banda trouxe releituras de boas bandas, como Pantera e Guns ‘n Roses. Músicas do disco “Sheriff” que lançado em 2016 é um grande marco da banda, esteve presente com várias faixas durante a apresentação, o disco retrata veracidades sobre a sociedade atual, sem frescuras ou pudor, é uma banda que foge da mesmice e fala o que tem que falar, faz o que tem que fazer. O que mais gostei da banda, foi a presença de palco do guitarrista Rodrigo Pitel (que tive o prazer de conversar depois), sem dúvidas alguma é o coração da banda.

Foram 860 quilômetros de ida e vinda, para que o Alkanza chegasse a Taquari/RS e mostrasse que o Underground respira sem ajuda de aparelhos. Oriunda de Laguna/SC e recém localizada na cidade de Tubarão. Divulgando o seu novo disco, “O Céu da Boca do Inferno”, o grupo não mede esforços para fazer o som acontecer, mesmo com uma baixa de última hora, os caras quebraram tudo. O baixista Gustavo Jamarini, não pode comparecer na apresentação e mostrando que não é um líder por acaso, Thiago Bonazza assumiu o seu instrumento de origem, o qual carrega uma tatuagem no braço escrito “Bass”, e como antigamente, a banda fez uma apresentação em trio (dias após foi comunicado o desligamento do baixista acima citado). Nítido o amor pelo instrumento fala mais alto, Thiago consegue meter o terror com o baixo em mãos e ao mesmo tempo com seus vocais agudos, mesclados com graves, logo formou as primeiras rodas no meio da galera. André Guterro teve que se desdobrar na guitarra e ajudar em algumas linhas vocais, se saiu perfeitamente, assim como Ramon Schepper teve que dar mais peso na bateria, o cara virou um vulcão. Alkanza saiu aclamada do Rio Grande do Sul.

Eis que chega ao show que eu mais esperava, aceitei o desafio de ficar quase vinte e quatro horas dentro de um micro por causa disso. Dust Commando veio para o primeiro O SubSolo Rock Festival, mas com os afazeres de organizador, não pude curtir a apresentação da forma como eu queria e no South Of Heaven, não sai da frente do palco. Fiquei ansioso para ouvir a faixa Nero, isso seria um marco pessoalmente, enchi o saco dos caras até tocarem e assim fizeram. Fora isso, apresentaram três faixas inéditas que estarão no próximo disco. A facilidade dos caras em compor é absurdamente assustadora, também destaco a flexibilidade do baixista Gabriel Garcia, o cara domina o instrumento, assim como Felipe Silva é um baterista inteligente e versátil, com ótimas vozes de apoio e uma bateria desconcertante, consegue transformar o show em um verdadeiro espetáculo. Não tinha reação diante da banda, fiquei perplexo com tudo o que foi apresentado, além de serem os organizadores do evento, os caras destruíram no palco, o publico se divertia e fazia piadas, gritavam e no fim, abraçaram todos da Dust, os caras são geniais, que prazer poder ver uma banda desse nível pessoalmente, da pau em muita banda gringa.

A quarta banda foi a Natural Chaos, que mesmo com problemas técnicos apresentaram um Death Metal paulada na cabeça. A sincronia dos guitarristas e o poder vocal apresentados, foi um turbilhão a galera foi a loucura. Os caras apresentaram um Death Metal com qualidade europeia, não perde nada em qualidade técnica. As músicas apresentadas foram são muito bem preenchidas e sem firulas, são retas e destruidoras, bateria matadora, junto de um baixo groovado. Minha cabeça parecia que em algum momento iria estourar, o peso era gigante.

Fechando um evento o qual ficou para a história, Atropina foi a encarregada da encerrar com chave de ouro, consegui acompanhar as primeiras músicas, pois pelo fator alcoólico tive que me recolher ao micro-ônibus, rs. Atropina foi o que eu ouvi no disco que nos enviaram para resenha, foi destruidor e técnico. Foi um prazer conhecer a rapaziada ao vivo e saber que conseguem apresentar exatamente o que está no disco, e por incrível que pareça, ao vivo foi mais pesado. Foi da minha cabeça rodar e quase explodir, foi um dos melhores shows da noite e deixou um gostinho de quero mais (pelo o que li nos comentários do evento).

O que presenciamos foi uma cidade abraçando um evento que não tinham. Foi o primeiro evento de Metal autoral pelas redondezas, deixo meus parabéns aos organizadores: Gabriel Lisboa, Thiago Rabuske, Felipe Silva, Gabriel Garcia, Yuri Porto e Robson Cardoso, além de terem recebido a equipe d’O SubSolo muitíssimo bem, fizeram um trabalho impecável com as bandas, churrasco, chopp artesanal, o valor da polar (POLAR É VIDA TCHÊ).

Desejamos sucesso e que venham outros!

Fotos: Jeison Rodrigues e Fernanda Jasmarini

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.