A fria noite de outono imbitubense acabou ficando quente para os rockers da região. Depois de algum tempo sem nenhum evento que envolvesse muitas bandas, o 1º Vila Rock Festival veio para acabar com o jejum da cidade sul-catarinense. Com cinco bandas de alta qualidade da região, foi uma noite de sábado banhada com som para espantar o frio e aquecer a alma.

Antes de falarmos dos shows em si, dedicarei este espaço para ressaltar a principal iniciativa do festival: a solidariedade. Organizado por nosso boss Maykon Kjellin (que irá falar sobre as duas primeiras bandas), o evento propôs ao público que, ao invés de pagar a entrada, trouxessem 1kg de ração canina, para fazer uma doação à uma ONG local de proteção aos animais. A ideia foi muito bem aderida e mais de 60kg de ração foram arrecadados, que foram recebidos com festa na ONG Proteger é o Bicho. Primeiro ponto positivo para que tenha uma nova edição!

WELCOME JOHN (por Maykon Kjellin)

A banda não para de evoluir, com boas composições e covers escolhidos a dedo a Welcome John, sabe como alegrar seu público, mostram com maturidade uma sonoridade muito bem desenvolvida e executada.

Se considerando uma banda de amigos, realmente demonstram muita harmonia e entrosamento em cima de um palco, destacando também o carisma dos integrantes. Suas músicas autorais, com destaque para “O Jogo”, deixam claramente evidente a capacidade de uma composição alegre, alto astral e empolgante, “música boa é música que tem vida“. Welcome John participa de muitos festivais na região, isso se da pela humildade e caráter dos integrantes, banda que bota a cara a bater merece espaço e com eles não é diferente, o show foi muito bem executado, muito bem planejado e o principal, muito bem tocado.


RED WINE (por Maykon Kjellin)

Red Wine sempre foi muito bem recebida pelo público Imbitubense, desta vez com uma novidade: pela primeira vez estiveram em um Festival na cidade acompanhados de um frontman. Leoberto Bittencourt assumiu a grande responsabilidade de assumir o papel de vocalista desses dinossauros do rock, tornando o que já era um espetáculo em algo ainda melhor. 

Tiveram a participação do tecladista Endryll Hipolito, um dos fundadores da Doctor Jimmy. Junto de Endryll, Red Wine executou a mitica “Mr. Crowley” do nosso querido Ozzy Osborne. Fora esta, tivemos um repertório cheio de clássicos do Rock ‘n Roll, assim como Ozzy, Black Sabbath, ZZ Top, Iron Maiden e a grande surpresa da noite que foi a presença de um cover de Rival Sons no repertório

A banda deu inicio a euforia dos presentes e começou a aglomerar um público que até o momento estava tímido. A partir daí, Leoberto, que cantava até os primeiros minutos sozinho, teve ajuda de um coro para cantar clássicos executados com perfeição. QUE SHOWZAÇO!


QUEM SÃO ESSES CARAS?


Depois do final arrasador da Red Wine, um quarteto carregado de Rock ‘n Roll tomou conta do palco e aos poucos foi incendiando a casa. O nome é o que automaticamente vem à cabeças dos que desconhecem o grupo, mas que logo passam a querer ter conhecido a banda a mais tempo. 





Os caras são pura energia e fizeram o público imbitubense pirar ao som de clássicos do Hard Rock internacional e até os hinos do Rock brasileiro, além de saber dosar, na hora certa, as músicas autorais que conquistaram também a empolgação dos presentes.


AC/DC com Brian ou Axl? Que tal com Eric Meyer? O cara mandou muito bem nos vocais ao cantar “You Shook Me All Night Along” e “Highway to Hell”, e pra completar ainda mandou “It’s So Easy” do Guns N’ Roses. Quer mais? Rolou também Alice in Chains e Titãs. Foi uma festa para todos ali mexerem o corpo até a banda dizer “chega” para poder deixar o fest continuar, mas sem dúvidas poderiam seguir ali por mais tempo sem deixar a chama apagar na platéia. “Quem são esses caras” afinal? São, melhor dizendo, monstros do Rock lagunense e sem dúvidas pedido certo para animar qualquer festival.



DOCTOR JIMMY


Os “donos da festa” chegaram no palco para manter a qualidade da noite lá em cima. Não foi difícil para a Doctor Jimmy ganhar o público, que contava com boa parte dos seguidores de carteirinha da banda, e aliada a um som animador e recheado do melhor que o Rock ‘n Roll pode oferecer, eu não poderia esperar nada além de uma platéia animada e que fez um show junto com a banda.


A presença de palco de uma banda é parte fundamental para um grande show, e isso os cinco caras da Doctor dominam com maestria. A banda é uma explosão em palco, envolvendo desde o baterista Maykon até aquele cara que fica lá no fundo da platéia. A empolgação e energia transmitida pela banda é contagiante, e logo todos estão possuídos pelo espírito do Rock ‘n Roll, batendo cabeça e cantando junto ao set list da banda, que mescla covers de Steppenwolf e Black Sabbath com músicas autorais carregadas de personalidade e força.


Vito literalmente “foi pra galera” e foi um dos pontos altos da noite

Maykon é um exemplo em palco, sendo o coração pulsante da banda. O baixo de Ronaldo Martins é forte, marcante e fala alto, ou melhor dizendo, ele grita na verdade. O teclado de Endryll é um dos diferenciais da banda, sendo aquilo que dá a assinatura da banda nas músicas executadas. Fabiano Gambit assume a frente da banda com seu vocal único e que casa perfeitamente com a alma instrumental do grupo. Mas meu maior elogio fica para o guitarrista Vito Ventura, que é um vulcão em erupção no palco, sendo daqueles que dá gosto de ver tocando. O cara foi pra galera diversas vezes, levando o show da Doctor a um patamar mais acima, agradando sem dúvidas todos os Deuses do Rock ‘n Roll que observam lá de cima.


Qualquer elogio é pouco pra essa banda, que é autêntica e sabe o que fazer quando sobe no palco. Executar Rock com a classe desses caras é coisa para poucos, e ao público, ficou de resultado um show maravilhoso. 


ELETROMOTRIZ



Qualquer elogio aqui será suspeito. Sou fã declarado de Eletromotriz e dizer que o show desses caras foi bom será mentira… pois foi espetacular. Acompanho de perto a evolução dos caras desde 2014, época que faziam um set-list “meio-a-meio”, entre autorais e covers, e hoje, tenho orgulho de ver que apenas um cover foi tocado na saideira, sendo as outras músicas obras de própria cunho dos quatro caras de Garopaba.


Eletromotriz é agora sinônimo de riffs pesadíssimos, baixo cheio de groove, bateria que te atropela e um frontman que qualquer palavra é pouca para descreve-lo. Aliás, Misael ‘Misa’ Furtado foi o grande show da noite. No meio da platéia durante todas as apresentações, o cara era a “animação em pessoa” à todo tempo, pulando e curtindo as bandas junto com todos. Na hora que subiu ao palco, pegou toda a energia positiva que carregou durante a noite e a propagou a todos os presentes com sua voz que rasga sua mente, fazendo do que seria um grande um show, um show MEMORÁVEL.



Durante o show da Doctor, Vito e Misa deram um show junto ao público

Além de Misa, não posso poupar palavras ao baixista Quira, que além de ser o responsável das linhas graves e potentes da banda, é dono de uma simpatia e humildade enorme, criando amizades com todos presentes, expandindo o show da banda não apenas no palco, mas também ao público por inteiro. O guitarrista Luiz ‘Duds’ Eduardo é um dos melhores da região e destila toda sua técnica ao longo do show, deixando boquiabertos aqueles que param para reparar em seus solos impressionantes. Certamente, Duds bebeu do hidromel fermentado pelos grandes Deuses do Metal e foi abençoado com um talento nato para fazer música pesada. No entanto, ele deve muito ao trabalho de Sid na bateria, que faz um barulho que corrói seu ouvido. Bumbos acelerados, pratos estralando e a caixa surrando sua orelha: isso é o Sid. O cara é um monstro, que assim como todos das banda, no palco é destruidor, mas fora dele, persona da melhor categoria.




Posso dizer que a banda é como vinho, pois a cada vez que eu a vejo ela está melhor que anteriormente. O som devastador da banda não perdoa nenhum pescoço, e tenho certeza que todos que curtiram pra valer a banda amanheceram no domingo com a nuca latejando. A banda já está num patamar em que suas músicas autorais são consideradas clássicos do underground catarinense, me permitindo citar “Serial Killer” e “Solidão a Dois” como duas músicas que são entoadas em alta voz pelo público. Quem ouve de fora pode jurar que é banda grande que tá tocando, e eu digo: é uma banda GIGANTE na verdade.



Em resumo, foi uma noite perfeita que vai me deixar saudade. Típico fest que você curte do começo ao fim com seus amigos, se diverte e vai levar pra sempre em sua história. Fests underground como esse se destacam muito pela amizade entre todos, havendo um ambiente único entre músicos e público, estando todos na mesma vibe. Isso engrandece de mais o evento e gera um clima que qualquer ponto positivo se torna grande destaque. Fico na torcida para uma nova edição em breve, pois é um evento que merece por todos os fatores que o tornaram ÉPICO. Deixo aqui meus parabéns a todos que fizeram isso acontecer!


Festival de amigos para amigos, assim sendo, o resultado não poderia ser melhor.
E como eu disse, eu sou suspeito de elogiar a Eletromotriz, contando que até camiseta deles eu estava vestindo


Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.