Início Cobertura de Eventos Cobertura: 10º Agosto Negro (Laguna/SC) | Parte 1 – Sábado

Cobertura: 10º Agosto Negro (Laguna/SC) | Parte 1 – Sábado

Quando O SubSolo era um simples blog e tinha uma equipe de uma pessoa só, o Agosto Negro escancarou as portas para iniciarmos no mundo das coberturas, e não seria possível não estarmos presentes em sua décima edição, que para muitos, pode ser apenas mais uma edição, mas quem organiza e vive intensamente o evento, é uma numerologia importante devido às histórias de superação e persistência por parte da organização em manter a chama do evento acesa.

Mesmo com um pouco de chuva e um frio de rachar, o público compareceu em peso no evento. Camping cheio, rango de qualidade da Rota Hamburgueria, Chopp gelado e incrível da Benders e dentro do galpão, um palco bem produzido e uma feira de camisetas, CDs, bottons e diversas outras coisas relacionado ao Rock, assim como na parte exterior com patches e tatuagem!

Com essa apresentação, dá para ter um gostinho do que se preparava em Laguna, bora de som?

Children of The Beast

Quem não conhece a Children? A banda é conhecida por seu tributo fiel à donzela de ferro. Palco extremamente bem produzido com um pano lindo de ponta a ponta do palco, músicas escolhidas a dedo e execução primordial.

Algumas características me chamaram atenção, como o baixista Binho Harris que de fato incorpora muitas coisas do Steve Harris, como por exemplo a camisa do West Ham clube da Inglaterra tendo ainda como acessórios a pulseira munhequeira e correia (alça) do baixo com as cores do clube na qual Steve é apaixonado. As vestimentas do vocalista Sergio Faga que transparece ao longo do show o Bruce Dickinson em suas diversas fases à frente da banda, também é um diferencial onde a produção conta muito com o show se tornando um espetáculo, sem falar no Eddie de 2 metros de altura que apareceu no palco e foi incrível.

Sobre a execução, não há muito a se falar, não por menos são o tributo oficial do Iron Maiden dentro do Brasil, é um show pontual e quase perfeito, até porque todo mundo é humano né?

Review: Maykon Kjellin
Fotos: Nathaly Julian, Maykon Kjellin

Esquadrão Marte

Uma banda um tanto quanto diferente no cast, afinal, o Esquadrão é uma bandaça, mas muito conhecida pelo seu Pop Rock até que surpreende no palco com uma faceta totalmente diferente. A banda formada por Diogo nos vocais e guitarra, Tchacka no baixo e Zoioca na bateria, é um power trio conhecido dos eventos da região, mas ninguém esperava que trariam um repertório com clássicos do Rock mais pesados do costume da banda, demonstrando profissionalismo e versatilidade por parte da banda.

Os vocais do Diogo se encaixam perfeitamente com o timbre de War Pigs do Black Sabbath por exemplo, e eu nunca imaginei o ver cantar esse clássico à frente do Esquadrão. Vale ressaltar a luta, determinação e persistência por parte do Diogo que por muito tempo buscou uma formação sólida para o projeto, no qual o mesmo depositou muito amor e respeito pela banda, com suas ótimas composições e seu empenho, até a entrada da dupla totalmente entrosada de diversos outros projetos, Tchacka Zoioca.

Demonstraram uma presença de palco grandiosa e um entrosamento em dia. A banda tem muito a produzir e apresentar, isso mostra que nem sempre conhecemos as bandas a fundo e devemos sempre curtir seus shows para ver o que podem nos trazer. Única crítica construtiva, é que senti falta das suas músicas autorais no repertório, pois são muito boas.

Review: Maykon Kjellin
Fotos: Nathaly Julian, Maykon Kjellin

Betrayer

Diretamente de Urussanga, desce uma turma apaixonada pelo Thrash Metal no palco do Agosto Negro, mas com um rosto muitíssimo conhecido, Frank Rodriguez nos vocais. A banda executa grandes clássicos do Thrash, quando falo clássicos são clássicos MESMO.

A banda que não era tão conhecida e o povo começou a sair do galpão, logo nas primeiras músicas fez todos voltarem correndo. Passaram por Megadeth, Metallica e fecharam com um Slayer e sua faixa ícone Raining Blood, o que fez a galera abrir o primeiro mosh do evento e aquecer naquela friaça que estava. O restante dos membros apesar de rostos novos, trouxeram uma presença sólida no palco, guitarras ácidas, baixo forte e marcante, bateria solta, pesada e visceral.

Frank como sempre, soube conduzir o nervosismo da banda a cada oportunidade à frente do microfone, sempre sorridente e feliz por estar no lugar que gosta, que é o palco. Com toda a certeza a Betrayer ainda nos contemplará muito com o tempo e se consolidará no cenário. Destaque para a placa em neon à frente da bateria, achei do caralho!

Review: Maykon Kjellin
Fotos: Nathaly Julian, Maykon Kjellin

Ossos

Uma das bandas que tem forte peso e influência no Underground catarinense, sem dúvidas é a banda Ossos. Mesmo sendo de Caixas do Sul/RS, é notável o tanto que essa banda é querida e aceita por onde se apresenta nos grandes festivais de Santa Catarina.

E mais uma vez, fizeram uma exibição marcante, trazendo como serventia da casa ao público aquela velha e conhecida dose da casa do que é o verdadeiro Thrash Metal em músicas rápidas e agressivas. 

O resultado disso? Inúmeros e incansáveis mosh’s (inclusive eu estava em alguns deles rsrsrs). A apresentação também é marcada pelo clássico banho de sangue que o nosso vocalista Pezzi sempre faz! 

Se você que está lendo esta resenha gosta deste estilo, recomendo escutar e prestigiá-los ao vivo quando puder. A qualidade musical, entrosamento, presença de palco e principalmente o carisma destes caras que é um absurdo.

Review: Gustavo Martin
Fotos: Nathaly Julian, Sidney Oss Emer

Bleak Transcedence 

O trio de curitibanos, composto pelos músicos: Alexandre Antunes, Michael Siegwarth e Wagner Müller, subiu no palco este sábado em comemoração aos 10 anos do Agosto Negro, fazendo prestigio de um Doom Metal full atmosférico. O Bleak Transcendence com sua intro, soube como captar a atenção do público de forma quase imediata, fazendo com que os headbangers prestassem absoluta atenção do início ao fim. 

Com vocais poderosos e uma composição instrumental lenta, bem atmosférica e sublime, o Bleak Transcendence nos evoca um sentimento de introspecção, nos convida a refletir e fazer uma auto análise. Com temáticas que abordam uma dualidade entre o pessimismo e a possibilidade de elevação espiritual, perda, desespero, angústia e salvação. Quem já me conhece sabe que estas temáticas, e sons de melancolia e de desolação, são minhas preferidas. 

Review: Karla Sweden
Fotos: Nathaly Julian, Sidney Oss Emer

Thou Shall Not

A sexta banda que subiu ao palco no sábado, Thou Shall Not, foi simplesmente fascinante! Anunciada como Heavy Metal junto com um visual Glam e o toque de Power sentido nas notas vocais e no peso da bateria. A banda formada em 2017, do estado do Paraná entregou um show formidável que pude sentir na alma a essência do metal. Todos que lá assistiam, transmitiam um estado de êxtase boquiabertos com tamanho talento.

Thou Shall Not mostrou não ser só mais uma banda de Heavy Metal que estamos acostumados a assistir, mas sim, “A” banda.
Músicas autorais escritas em inglês, riffs e solos estonteantes, Caos (guitarra) tocando com a boca, pedais duplos marcantes e um vocal sem igual com uma técnica infalível. Assistir esses caras com certeza foi um dos grandes presentes que o metal Underground me deu e com certeza aos amantes do mesmo. Esperamos vê-los muito mais vezes nos palcos!

Review: Barbara Braz
Fotos: Nathaly Julian, Maykon Kjellin

Alkanza

Após recente lançamento do álbum Hatred Lines, a banda de Thrash Groove, Alkanza (Tubarão/SC), estreia as músicas do mesmo no palco do 10° Agosto Negro.

Uma setlist completamente nova com suas composições em inglês surpreendeu ao público e até mesmo aos integrantes da banda pela recepção das músicas novas. Mantendo ainda no set a música ícone Desistir Jamais, do álbum Caos Codificado e o single lançado em 2023 Execrável Traidor e Silvera (cover de Gojira) a banda trouxe praticamente todo o público presente no evento para dentro do pavilhão com esse show insano.

A música In Darkness com a intro da bateria chegando como um trem desgovernado não deixou ninguém parado, trazendo aquele mosh gostoso. Integrantes confessaram estar apreensivos sobre a reação e resposta do público em relação às músicas novas ao vivo. Thiago Bonazza (vocal e baixo) disse com todas as letras: “Nosso público não decepciona! A galera representa!”. Assim como os shows da Alkanza, também não.

Review: Barbara Braz
Fotos: Nathaly Julian, Maykon Kjellin

The Damnation

É possível conciliar carisma e violência em uma mesma apresentação? Pessoas normais diriam um simples “sim” ou um simples “não”. Mas se você quer uma resposta completa e definitiva, basta assistir a um show da The Damnation. A banda paulistana que dia após dia tem ganhado mais e mais espaço na cena (nacional e internacional), justifica isso de forma clara: Suas músicas pesadas somadas a uma energia que cativa o público. Pois, quando você olha para o palco, ao mesmo tempo que sente a porrada sonora, consegue ver a banda genuinamente satisfeita, curtindo o próprio som e fazendo algo que gosta.

O power trio possui linhas melódicas muito bem desenhadas e performadas por Renata Petrelli, que, mesmo na ausência de uma guitarra base, não perde o seu peso devido à marcante presença do baixo de Aline Dutchi (o terror dos fotógrafos, por não parar quieta por nenhum instante), e fechando a fórmula com Leonora Mölka nas baterias, adicionando ainda mais peso e agressividade. Quer saber do que estou falando? Ouça Grief of Death.

Da mesma forma, também podemos ver linhas mais rápidas e agressivas, mas com o mesmo peso acima descrito, mostrando uma versatilidade e domínio. Em exemplo? Uma das minhas preferidas: Apocalypse, que inclusive, foi a faixa que encerrou o show, deixando o público com gosto de quero mais.

Sempre se fala sobre como o metal (especialmente, o Underground) são caracterizados pela união, amizade e diversidade. E uma prova disso, também um ponto marcante da apresentação, foi a sensibilidade da baterista Leonora Mölka, ao avistar em meio àquela multidão de marmanjas e marmanjos barbudos, uma garotinha de apenas 4 anos (Erica) acompanhada de seu pai Fábio em frente ao palco curtindo aquele showzaço. E em um nobre ato, entregou sua baqueta, garantindo assim a continuidade da geração de mulheres headbangers para representar a cena.

Review: Sidney Oss Emer
Fotos: Nathaly Julian, Sidney Oss Emer

Symphony Draconis

Originário de Porto Alegre, RS, formado em 2006, o quinteto gaúcho Symphony Draconis, uma das mais relevantes bandas do cast do Agosto Negro, trouxe uma contundente setlist com o melhor do Black Metal, reforçando o fato de que o Brasil lidera quando se trata de Black Metal.

O quinteto é formado por: Nechard (vocais), Thiernox (guitarra), Aym (guitarra), Follmer (baixo) e Helles Vogel (bateria). A banda aborda temáticas contra ídolos, escravos e adoradores patéticos, transbordando intensa musicalidade, onde o Black Metal converge com elementos do tradicional Heavy Metal.

Eu esperava um ambiente talvez mais sombrio, mas a banda, com sua naturalidade e músicas bem velozes, conseguiu agradar qualquer ouvinte. Aliando a excelente qualidade musical à performance na cena, muito pelo contrário, deixaram a plateia bem animada. A setlist contou com algumas faixas de 2014 e temas em francês.

 

Review: Karla Sweden
Fotos: Nathaly Julian, Sidney Oss Emer

Don Capone

Juro por tudo que é mais sagrado, independentemente de crença, eu estava morto ao final da Symphony Draconis e estava para ir embora e trocar minha cobertura com outro membro da equipe, mas quando vi membros da Don Capone que há muito tempo não via, não acreditava que poderia ser um show da formação clássica até encontrar o Gui Farias vocalista e bater um papo com ele, no qual me disse que os membros originais se reuniram para esse e mais alguns shows.

Eu conheci a Don Capone em meados de 2012 em algum Agosto Negro ainda por cima, dali pra frente nunca parei de ouvir. Ouvir novamente ao vivo músicas como Rock a Vapor, Bastardo, Fogo Cruzado, Enquanto Tudo Acontece e fechando o show com Que Seja no Bar, foi maravilhosamente incrível como parecia que estava voltando a um túnel do tempo, coisas que apenas a música e quem vive intensamente o cenário autoral Underground consegue usufruir.

A sinergia no palco com solos do Fernando Mazon que hoje é dedicado inteiramente ao Blues, acompanhar novamente Douglas Mattos que tocaria no dia seguinte com a Flesh Grinder, retorno do WAG a bateria após um tempo parado com bandas mas ainda com aquela intensidade absurda na cozinha junto de um dos mais exímios baixistas que já vi ao vivo Rafael Montanha, acaba que fica um final de semana memorável para mim, fã incondicional do trabalho da Don Capone, que fica na torcida que essa turma se reúna mais vezes e como sonhar alto nunca é demais, grave um disco novo?

Review: Maykon Kjellin
Fotos: Nathaly Julian, Maykon Kjellin

DeadNation

Após uma sequência de chuvas insistentes, rajadas de ventos e um frio que as vezes incomodava o público em seus acampamentos. O primeiro dia da 10ª edição do Agosto Negro chegava ao fim, e a penúltima banda a se apresentar, era a banda de DeadNation diretamente de Tubarão/SC.

Mesmo com as adversidades climáticas, a banda realizou uma apresentação digna do que todo admirador de Death Metal gosta de ouvir, de forma que o público presente que fugia do frio facilmente conseguia se esquentar em frente ao palco ouvindo músicas pesadas, sombrias e sangrentas (Sim, também houve banho de sangue do vocalista Chubaka durante a apresentação).

Deadnation sempre foi incrível quanto suas apresentações, não seria diferente desta vez, mesmo com um novo baixista. O grupo que trouxe a vida o Following the Path of Death no ano passado, ainda busca uma decolar pelo estado, visto que o disco e a performance ao vivo é tão incrível que poderia alçar voos ainda maiores. O destaque da apresentação foi sem dúvidas do Chubaka, que além do já típico banho de sangue, mãos acorrentadas ao pedestal e uma grande presença de palco.

Sem dúvidas uma apresentação digna de virar assunto no outro dia entre os admiradores deste estilo que tão bem é representado pelas bandas catarinenses, espero em breve revê-los!

Review: Gustavo Martin
Fotos: Nathaly Julian, Sidney Oss Emer

On The System

E pra fechar o primeiro dia de festival, a banda On The System (Florianópolis/SC) entregou um baita tributo a System Of A Down abrindo com a icônica Drugs, música nova no set como Jet Pilot e trazendo também a clássica abertura de Psycho com a performance do guitarrista Maurício, entregando tudo como sempre, literalmente vestindo o “personagem” de Daron. O mesmo trouxe o projeto do tributo junto com ele de Rondônia formando a banda e colocando em prática em 2019 em Florianópolis.

Clássicos como Chop Suey, Aerials e Lonely Day não ficaram de fora que até mesmo o vocalista Pedro não se segurou e foi pra galera! A interação da banda com o público é sempre algo que admiro muito, e isso eles nunca deixam a desejar como na intro de I‐E‐A‐I‐A‐I‐O e o coro em Lonely Day. Os toques na bateria por Lucas são nitidamente fiéis ao estilo do John, arrebentam como sempre, sendo bem característico.

Pelos meus cálculos, é o quarto ou quinto show deles que tenho o prazer de assistir, e cada um deles com algo novo, sempre inovando a cada show, e ao meu ver, um dos melhores cover de System da região.

Review: Barbara Braz
Fotos: Nathaly Julian, Sidney Oss Emer

 

Apesar do atraso de algumas bandas e o cronograma ter se estendido um pouco mais do que o comum, queremos exaltar um trabalho que muitas vezes não é dado os devidos créditos. A sonorização e iluminação por parte da Bravado pela pessoa de Gabriel Bitencourt foi um show a parte. O trabalho executado do começo ao final foi primordial para que o evento pudesse ter uma qualidade!

Confira a segunda parte da cobertura, falando sobre tudo o que rolou no domingo!

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.