É difícil começar essa cobertura sem se emocionar e agradecer, e a parte do sobre emoção se deve ao fato de que mais uma vez foi possível perceber que mesmo com o país cada vez mais flertando com o abismo de intolerâncias ainda podemos sonhar com um ambiente de paz, respeito, amizades e lazer, isso é só uma parte do que se encontra no já tradicional Otacílio Rock Festival.




Em tempos em que se lamenta o fato de mais eventos estarem se encerrando, cabe a nós e todo o publico headbanger prestigiar os festivais, pois só assim manteremos a essência do mesmo. Nas próximas linhas você vai encontrar a cobertura que nada mais é do que relato de experiências vividas no festival e espero que ela sirva de inspiração para todos que estão lendo: vá aos eventos e apoie as bandas, pois nós somos o underground. 



Um dos grandes segredos para o sucesso do OTA é a organização e esforço de seus produtores, por isso, por mais que sejam feitos elogios, aqui será pouco para reverenciar a garra dos envolvidos, o que nos leva a décima segunda edição, ocorrida nos dia 17 e 18 de março, ter sido tão especial para todos os presentes.
Chegamos na fazenda Cambará (local do evento) no sábado pela manhã, em conversa rápida com uma das organizadoras do evento fomos informados que já tinha público desde quinta. Vale dizer aqui que o local possui uma larga estrutura para camping e que apresentou esse ano um espaço kids, com piscina de bolinhas e cama elástica, ou seja, eles pensaram em tudo. 
Ainda citando a estrutura, o evento apresentou uma área de alimentação bem variada e bebidas a preço justo, além de espaço paras as bandas divulgarem seu material e uma área para imprensa. 

Então, para começar o festival, a primeira banda foi a John Liar, vinda de Lages. Eles tiveram a responsabilidade de abrir o evento e se saíram muito bem com o seu Hardcore, as vezes mais melódico, as vezes mais agressivo, com um set focado em canções autorais como: “Turd “e “Expectations Exceeded” além de uma surpresa com Napalm Death e a longuíssima “Your Suffer”. 





A Legado Frontal, assim como a Attho são bandas locais que estão já no DNA do evento. O mais legal é que a banda veio se reconstruir para não ficar de fora, então foi inusitado ver a formação em trio, mas isso não impediu de apresentarem as musicas do EP A Guerra Não Tem Fim e alguns covers de Gloria , uma grande influência na cena do Metalcore cantado em português. 



Trazendo agressividade e gore para o evento a Warhell, que vem divulgando o seu mais recente trabalho Uppergutt, demonstrou o porque da banda transitar tão bem entre o Death e o Thrash. Destaque para as faixas The Lawn Mower e Dawn of the Dead, com certeza quem assistiu a apresentação e não conhecia a banda certamente saiu impressionado tanto com a técnica dos músicos como a qualidade de sua apresentação. 






Já que a podreira começou então tome mais pus, gore e desmembramento com A Cerebral Cannibal, uma banda super recomendada para fãs de Cannibal Corpse antigo. A banda trouxe suas singelas letras como “Necrose facial”, “Impalador” e “Devorando o Encéfalo Putrefato”. Vale destacar que a banda irá fazer abertura do Pestilence em Pomerode  e nos orgulha saber que o Death Metal catarinense está muito bem representado.





Muito se questionou a questão de bandas covers em evento como esse mas toda a reclamação vai por terra pois a Misanthrope honra o legado dos pais do Death Metal, e como eles mesmo disseram que é muito difícil tocar essas musicas, a banda decidiu focar nos álbuns antigos do Death por isso foi quase uma comoção ouvir sons como “Evil Dead” “Zombie Ritual”  e “Pull the Plug”.

A proposta de festivais é sempre agradar os mais variados públicos por isso que escalação da Don Capone não soou estranha, a banda trouxe seu genuíno Rock’n’Roll, aproveitando para lançar seu EP Corpo Fechado. A banda ainda apresentou faixas como o “Velório nem Começou”, “Rock a Vapor” e “Que Seja no Bar”, e como a letra diz: se for para morrer hoje … que seja no bar! 

AttracthA, veio para Santa Catarina mostrar o porque de ser uma das grandes revelações da cena nacional, e é muito difícil descrever a sonoridade que eles executam. Na verdade os músicos ate fogem dessa abordagem deixando que os ouvintes identifiquem a mesma o fato é que eles no palco são uma excelente banda de Metal acima de tudo faixas como: “The Choice”, “Payback Time” (uma cacetada) e “Move On” falam por si. 





Representando o lado mais bélico e obscuro do Black Metal, a Justabeli transformou o palco do OTA em um campo de guerra, seja pela postura de palco do trio ou até mesmo pela temática de suas letras, aproveitando para lançar o seu EP Blast The Defector, mas sem esquecer músicas do álbum Hell War, um clássico do estilo produzido aqui em terras brasileiras. Importante ressaltar como a Justabeli consegue ficar ainda mais brutal ao vivo e as partes mais cadenciadas de suas músicas ganham uma atmosfera toda especial me lembrando os trabalhos mais antigos do Rotting Christ. Destacam-se as faixas “Satan’s Whore” e “We Are the Elite”. 

Difícil causar mais destruição do que a banda anterior, mas o desafio foi aceito e muito bem executado pela Selvageria, e parece que o publico adotou o nome da banda como lema, porque o show inteiro foi marcado por mosh pits insanos, e a cada musica o palco era tomado por bangers que se atiravam do palco, ou seja tudo aquilo que o metal tradicional sempre foi adrenalina a mil, também pudera tem como reagir diferente em musicas como “Metal Invasor”, “Trovão de Aço” e “Hino do Mal” ? 
A Horror Chamber me impressiona mais a cada apresentação. Se o retorno dessa lenda do Death Metal  gaúcho já tinha me deixado estasiado no Maniacs, revê-los nos palco no OTA foi gratificante, e para esse show o publico estava mais insano então a banda respondeu com mais agressividade ainda, além da impressionante técnica do grupo em canções como “Blood Obsession, “Believe in Faith” e a indispensável “Eternal Torment”.


Miasthenia é uma banda única, por isso que receberam a missão de serem os headliners do festival, a horda esta divulgando o seu mais recente trabalho, Antípodas, um dos melhores trabalhos de sua discografia, que mantém as características gerais que são as letras com profundo engajamento histórico, com duras criticas ao catolicismo e a imposição religiosa feita pelos europeus nos povos ameríndios. Hecate e sua horda fizeram um dos melhores shows do festival com destaque para as canções: “Entronizados na Morte”, “Coniupuyaras” e “Antípodas”





O que esperar de uma banda que tem vinte anos de história e os dois pés fixos no metal da morte? Apenas um massacre, e foi isso que a Gestos Grosseiros fez. A banda já realizou turnês pela Europa mas sem duvida não perdeu a sua essência underground e fez com que o publico do OTA fosse massacrado por sons de extrema ferocidade anti-cristã como “Crushing the Cross”, “Countdown to Kill” e “Human Destruction”


Passava das três da madrugada, mas quem ficou até o final foi presenteado com outro show que ficará marcado na memória dos bangers. A Red Razor fechava o ciclo da turnê Beer Revolution, alem de se despedir do seu guitarrista Felipe. Todos esses fatores aliados a revolta com acontecimentos recentes fez com que os thrashers de floripa tocassem com sangue nos olhos. Lembro quando via shows da banda  em pubs undergrounds e hoje  eles tocam em grandes festivais, com mérito total deles que mesclaram novos sons como “Born in South America”, um cover de Motorhead com “Bomber” , e as já clássicas, “Napalm Pizza”, “Red Razor” e “Wish You Were Beer”. 


Fim do primeiro dia e hora de voltar para a barraca e se recuperar porque o segundo dia do festival prometia ainda mais peso. Continua com a segunda parte dentro de alguns dias…

APROVEITE E CONFIRA A COBERTURA EM VÍDEO DO NOSSOS PARCEIROS DA URUSSANGA ROCK MUSIC!